Os fãs de música agradecem: não precisamos mais implorar para que o Brasil seja incluído nas turnês das grandes bandas estrangeiras. Tudo acontece com o tempo, atualmente, e até bandas que estavam paradas e voltaram recentemente estão passando por aqui, como foi o caso do System of a Down, do Rage Against the Machine e deve ser o do Black Sabbath em 2012.
Com isso, muitos fãs novos estão se formando e os velhos fãs estão cada vez mais fãs. Afinal, quem esperaria, há alguns anos atrás, ver shows de Ozzy Osbourne, AC/DC, Kiss e Metallica em um intervalo de 3 anos? Não sei em qual grupo me enquadro, mas depois de uns cinco shows que fui, achei que poderia escrever um “guia” de como se portar em um show (não só de rock, talvez). Realmente escrevi, mas hoje, mais experiente, há muito a se acrescentar. Então, vamos ao que interessa.
O show começa na preparação e na informação. Faça questão de saber – e não esquecer nunca – quando será o show e quando se iniciam as vendas de ingresso (e torça para não acontecer como com o Lollapalooza Brasil: divulgação do lineup, preços e venda de ingressos tudo na mesma semana). Poupe seu dinheiro e, se o show for muito concorrido, prepare-se para ficar algumas horas na frente do computador em sites de venda de ingressos, como a Tickets 4 Fun e o Ingresso.com. Se o show não for tão concorrido assim, parabéns, mas não deixe para a última hora para evitar imprevistos.
Com os ingressos na mão, não faz mais que obrigação conhecer muito bem a banda, certo? Procure decorar letras, melodias, solos, sussurros, respirações e tudo que for possível de ser decorado nas músicas. Evite consultar possíveis setlists (se for Metallica, Pearl Jam ou Dream Theater, pode, porque os sets são sempre diferentes!) ou ver vídeos das músicas possíveis de serem tocadas. Nada se compara à emoção da surpresa, de ver tudo ao vivo, na hora.
Chega o dia do show, finalmente! E agora? A fila é uma diversão a parte e vale à pena, caso você tenha tempo e vá com amigos (ir a shows sozinho é muito chato). Se não tiver tempo para ficar na fila, chegue pelo menos algum tempo depois do horário marcado para abertura dos portões do local do show. Assim você evita, quase que completamente, as filas, já que todo mundo já entrou.
Ignore as condições climáticas do dia do show e dê preferência ao local do espetáculo. Se você escolheu assistir na pista, dificilmente passará frio durante o show e, se estiver de blusa, você esquentará mais que um forno em potência máxima. Ou seja, esteja o frio que estiver, proteja-se dele somente antes do show. Para a arquibancada e shows em lugares abertos (principalmente estádios) as coisas mudam, porque faz MUITO frio em épocas de frio. Então, tenha sempre uma blusa em mãos, nesse caso. Capa de chuva? Leve a sua de casa, mas não use durante o show. Quer uma prova? Veja o Foo Fighters tocando My Hero na chuva: clique aqui.
Se você for a um festival, tem duas opções: leve tudo ou não leve nada. Particularmente, é mais interessante o “levar nada” por motivo único: prioridade ao show. Aliás, não só em festivais, mas em qualquer show, leve somente o necessário: ingresso, identidade, carteirinha de estudante (se for meia entrada) e dinheiro para sobrevivência no local do evento. Celular? Câmera? Que nada, as melhores lembranças se guardam na memória (e câmera e celular apenas pesam)! No entanto, se você optar pelo levar tudo, não esqueça capa de chuva, protetor solar, comida (quando o evento permitir) e... câmera fotográfica. Afinal, se você já vai estar de mochila mesmo, então aproveite.
Entrei no local do show! O que eu faço? Se você tiver um lugar na arquibancada, sem problemas. Se for para a pista, escolha um lugar, sente-se e espere. Se precisar ir ao banheiro ou comprar comida, vá antes de se sentar, já que, a partir desse momento, você deve esperar o show começar, sentado! Isso mesmo, não se levante e não gaste suas energias em pé enquanto pode ficar sentado, mesmo se estiver na grade da pista. Ocupe todo o espaço que você conseguir – estique as pernas, braços, deite no chão, enfim... – já que cada centímetro de pista é valioso, ainda mais quando o show começa e esses centímetros livres se tornam raros e principalmente na grade, onde o empurra-empurra é (muito) grande.
Condições físicas e psicológicas são extremamente facultativas. A última coisa na qual você deve pensar em um show é em parar de pular, por dor nas pernas, ou parar de cantar, por dor de garganta e/ou ausência de voz. Aliás, conforme você ouve as músicas que gosta, tocadas por seus artistas favoritos, ali, pertinho de você, problemas físicos são automaticamente esquecidos. O que você não esquece são as músicas que tanto ouviu, principalmente depois que seu ingresso foi comprado, certo? Poucas sensações são comparáveis à de se ver o seu artista preferido ao vivo na sua frente. Então, agora é a hora. Para concluir, uma frase que seria suficiente para resumir todo o texto: liberte sua mente de todos os problemas e curta o momento do show como se fosse o último de sua vida.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
domingo, 20 de novembro de 2011
Quanto mais criativos, melhor
Criatividade é um conceito que dispensa definições de dicionários ou enciclopédias. Desde a pré-escola, as professoras já colocam a ideia de "ser criativo" nas cabeças das crianças que, sem nem saberem o que é um dicionário, sabem o que devem fazer ao ouvir "sejam criativos", para desenhar, fazer uma escultura de argila, ou qualquer outra coisa. Ou seja, ainda crianças, descobrimos que usar a criatividade é fazer alguma coisa de maneira diferente, inédita, que ninguém, inclusive você mesmo, nunca fez.
Conforme as crianças crescem, descobrem que a criatividade não serve só para fazer desenhos ou esculturas de argila. A vida ensina que o conceito está presente em várias outras esferas da cultura popular brasileira e do mundo. Por exemplo, um jogador de futebol criativo é aquele que tem mais intimidade com a bola, que literalmente inventa jogadas, dá passes precisos, faz o inimaginável. Aprende-se, também, que o músico criativo é o mais versátil: o que tira sons incomuns de seus instrumentos musicais, que escreve belas passagens ou, até mesmo, faz letras irreverentes e inusitadas.
Então, vem uma das etapas mais complicadas da vida humana: escolher uma carreira, um emprego e, mais uma vez, ouve-se muito falar de criatividade. Seja para engenheiros, publicitários, arquitetos, professores ou jornalistas, é fundamental ser criativo em maneiras mais simples de se fazer cálculos, melhores campanhas, prédios mais bonitos, aulas mais interessantes ou notícias inéditas e bem contadas. É bem possível que, até essa etapa da vida, "criatividade" tenha sido uma das palavras mais ouvidas pelos ouvidos de todos e uma das menos perguntadas junto à questão "o que é isso?".
O tempo passa e continuamos a ouvir que quanto mais criativos formos, melhor será, e, na prática, vê-se que é verdade: ser criativo é se destacar. Em 2011, sustentabilidade se tornou um termo popular e as empresas estão fazendo de tudo para se destacar e mostrar às pessoas que acabaram de aprender "o que é ser sustentável" como isso é feito. A resposta é evidente, vence a empresa mais criativa. Aquela que chamar mais atenção dos clientes com ações novas ou com ações já praticadas por outras empresas, mas realizadas de maneiras diferentes.
Portanto, das escolas aos escritórios, recebemos sempre a mesma lição. Sem nunca ouvir uma definição do que é ser criativo, ou sem procurar em dicionário algum, buscamos essa tal criatividade ao longo de nossas vidas sempre que possível. Maneiras diferentes de fazer várias coisas aparecem a todo tempo, seja no esporte, na música, na publicidade, na engenharia ou em qualquer outro meio. A tendência é que o mundo se torne um lugar diferente, se, cada vez mais, as pessoas usarem a criatividade para trabalharem ou realizarem suas atividades cotidianas. Ou seja, quanto mais criativos, melhor.
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quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Rugby: é assim que se pratica um esporte
O patriotismo não é o sentimento mais forte e característico
do brasileiro. Sem citar antigos eventos políticos, como as Diretas Já e o
Impeachment de Collor, é difícil ver o povo brasileiro fazer alguma coisa pela
pátria em tempos que o “xingar muito no Twitter” resolve. Aliás, o orgulho de
ser brasileiro existe, sim, em duas ocasiões: Copa do Mundo de futebol e
Olimpíadas.
A torcida se empolga, fica em pé, canta o hino nacional e
grita “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Os atletas
olímpicos, em sua maioria, se esforçam bastante, mas alguns estão longe de
chegarem a níveis competitivos para brigarem por medalhas. Enquanto os
jogadores de futebol, salvo algumas exceções, mal sabem que as cores do
uniforme – verde, amarelo, azul e branco – estão ali por fazerem parte da nossa
bandeira e não do escudo da CBF.
O Brasil já deixou de ser um país conhecido pela magia de
seu futebol e pela grande vocação para revelar jogador bom atrás de jogador
bom. Em tempos que existia Ronaldinho, Robinho já dava suas primeiras pedaladas
e Neymar já era um nome especulado pelo Real Madrid. O tempo passou e, hoje,
Neymar é o grande nome e não vemos ninguém mais jovem dar pedaladas. Pelo
contrário, contratamos estrangeiros bons de bola, repatriamos velhos jogadores
(consagrados ou não) e fazemos com que o nosso futebol perca o seu futuro pouco
a pouco.
Enquanto isso, outro esporte começa a dar os seus passos por
aqui: o rugby. E talvez seja a hora de uma “reciclagem” mesmo. Estamos em tempo
de Copa do Mundo (de rugby) e o esporte vai às alturas. Trata-se da terceira
competição esportiva mais assistida no mundo. Não estamos classificados para as
Olimpíadas de 2012 em Londres e, incrivelmente, nem do Rio de Janeiro em 2016,
mesmo sendo o país sede, mas podemos abrir os olhos para o poder que o rugby
tem e para o que ele é capaz de construir.
Esse
comercial da Heineken sobre a Copa explica muito bem o que é o rugby: um
esporte de tradição (usamos roupas típicas, na torcida, e dançamos, em campo),
respeito (aos nossos irmãos, mesmo em uma colisão de duas toneladas, e ao
árbitro, não importa o quanto ele apite) e patriotismo (respeitamos o hino
adversário até quando ele próprio o assassina, cantando mal).
Por mais que não gostemos de acreditar, é uma total antítese
do futebol. Algumas tradições estão morrendo, vítimas do chamado futebol
moderno, e não há respeito ao árbitro e muito menos aos adversários. Mas,
principalmente não há amor à camisa. Não há patriotismo. O jogador brasileiro
é, atualmente, convocado para defender a CBF, e não a pátria. Clubes dificultam
a liberação de alguns jogadores, meras peças de um jogo de xadrez, às seleções
de seus países, como se o fato de cada um defender o seu país, o seu povo, a
terra onde nasceu, não fosse importante.
As seleções de rugby têm, sim, um escudo próprio. Nenhuma
das equipes da Copa do Mundo de 2011 terá apenas uma bandeira no uniforme, mas
sim os escudos de suas respectivas federações. No entanto, vale o amor à
pátria, vale o “defender o povo”, o respeitar a tradição, o respeito aos
adversários e à arbitragem. E vale cantar o hino de seu país, como se fosse um
grito de guerra, como um canto para dar força antes de uma batalha.
“Mas a torcida brasileira canta o hino nacional nos jogos.”
Sim, a torcida canta. Mas e os jogadores? Jogadores de várias seleções do mundo
(principalmente os brasileiros), mal sabem cantar os hinos de seus países. E o
que acontece no rugby? Justamente o oposto: mesmo com o escudo das federações
no uniforme, vale a bandeira carregada no peito. Vale o hino cantado por cada um
deles.
Melhor do que explicações, provas:
Hino
Nacional Português: A Portuguesa (*Portugal não é um país de tradição no
rugby e esse é um vídeo da primeira – e única, até então – participação portuguesa
na Copa do Mundo, em 2007)
Uma das maiores demonstrações de tradição e amor à pátria do
rugby não é um hino nacional e, sim, uma dança. O Haka é uma dança tradicional
o povo maori, nativo da Nova Zelândia, e realizada pela seleção de rugby local,
os All Blacks, antes de todo e qualquer jogo. É uma dança tanto de incentivo a
quem faz, quando de intimidação aos adversários. Veja aqui
uma demonstração do Haka, antes de um jogo na própria Nova Zelândia.
Agora, imagine você, o belo Hino Nacional Brasileiro cantado
em uníssono por um estádio inteiro e, com paixão semelhante, pelos jogadores,
antes de uma partida de qualquer esporte. Em nosso cenário atual, é difícil. Mas
o rugby pode abrir portas, inclusive algumas fechadas pelo próprio futebol.
Basta que resgatemos as tradições, o patriotismo e o respeito.
Antes de vestir um escudo de federação, valem mais as cores
da bandeira que ele representa, as tradições que um país carrega ao longo de
sua história e o respeito, que deveria ser obrigatório a todos. Vamos abrir os
olhos para a Copa do Mundo e ter uma aula: é assim que se pratica um esporte.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
A Festa do Limp Bizkit
O Brasil, como o seu próprio “slogan” diz, é um país sem fronteiras. Os brasileiros são muito diferentes entre si, mas mesmo assim, não nasceram para ficar separados uns dos outros. Não é a toa que estrangeiros que vêm para cá tendem a voltar. Afinal, se dizem quase sempre muito bem recebidos.
Fred Durst percebeu isso. Na segunda noite de shows do Limp Bizkit no Brasil, mais uma vez houve a contestada divisão de público: pista normal e pista premium (ou vip). Durst, logo nos primeiros momentos da apresentação, convidou os fãs da pista normal a entrarem na pista vip, o que não deu muito certo, já que a segurança do Via Funchal impediu a invasão quase em massa – alguns ficaram sem coragem de “pular” as grades.
O espaço reservado para a pista vip era muito grande, mas a quantidade de pessoas nela, nem tanto. Isso fez com que as rodas formadas em praticamente todas as músicas ficassem enormes e intensas. No entanto, independentemente de separações ou de espaços, o público se empolgou, e muito, com o Limp Bizkit no palco, impressionando Fred Durst e companhia, que, arrependidos, prometeram voltar logo para compensar todo o tempo que demoraram para visitar o Brasil.
Cheguei ao Via Funchal às 21h, sendo que o show começaria às 22h. Na espera, um dos roadies da banda estava no palco sendo carinhosamente xavecado pelos fãs, que pediam palhetas. Num ato de pura sorte, ele errou um de seus lançamentos e a palheta caiu na minha frente. Então, aguardei a banda de abertura, que seria o La Raza, quando de repente o dono da palheta, Wes Borland, subiu ao palco depois de Introbra, para agitar e talvez surpreender a maioria dos fãs, que ainda esperava a abertura.
"Hot Dog" deu início à “Festa do Limp Bizkit”, como o próprio Fred Durst disse tantas vezes durante o show, seguida de Show me What You Got e Why Try, a única música do álbum Gold Cobra, o mais recente da banda, tocada em São Paulo. Talvez "Shotgun" e a faixa-título, "Gold Cobra", merecessem um lugar no setlist, mas não foi nada que chegou a estragar a performance da banda.
Com todos os grandes hits, como “My Generation”, “My Way”, “Re-Arranged”, “Break Stuff” sendo executados, o show pode ser resumido na frase “porrada atrás de porrada”, em ambos os sentidos possíveis: músicas pesadas seguidas de músicas pesadas e rodas quase que ininterruptas na pista. Se fosse possível resumir a apresentação em uma palavra (sem usar palavrões, é claro, pois seria mais fácil), poderíamos dizer “intensa”.
No entanto, é difícil usar apenas uma palavra, coisa que nem Fred Durst fez. Além de cantar, ele falou bastante e, inclusive, disse que os brasileiros são o melhor público para o qual a banda já tocou. Não é a primeira – talvez nem a última – vez que ouço isso de alguma banda. Edguy, Metallica, Dream Theater, Avenged Sevenfold e POD, entre outros, vieram mais de uma vez para o Brasil nos últimos anos, sempre repetindo o discurso de Durst.
O show seguia em frente, com o vocalista tido como um dos maiores “malas” do rock conduzindo o público como poucos, inclusive chegando muito perto às vezes. Aliás, Durst chamou um fã ao palco em certo momento e, em outra oportunidade, invadiu a pista vip e cumprimentou alguns fãs da pista normal.
A primeira parte do show foi encerrada com “Nookie”, uma das músicas que mais projetou o Limp Bizkit na cena musical do mundo, há 12 anos atrás. O bis começou com um descanso para o público e para banda: a versão de “Behind Blue Eyes”, do The Who, foi cantada em uníssono, o que impressionou ainda mais a banda. No entanto, o melhor ainda estava reservado para o final.
“Take a Look Around” deixou todo mundo doido. Sim, não há melhor expressão para descrever o que aconteceu durante a música presente na trilha sonora do filme Missão Impossível 2. Em um certo momento da música, todos os instrumentos praticamente param, e foi exatamente nessa hora que eu aproveitei e me abaixei para descansar pela primeira vez no show. Quando vi, todos estavam abaixados ao meu redor e assim foi, todo mundo no chão, no maior estilo “Spit it Out”, do Slipknot, e depois levantando com todas as forças para o final da música. Épico.
Depois, Faith, dedicada às garotas presentes no Via Funchal, veio acompanhada de um convite para que todas subissem ao palco. Aproximadamente 20 subiram (algumas já estavam lá, acompanhando o show do palco mesmo) e idolatraram o Limp Bizkit de perto, enquanto o “quebra-quebra”, que vinha desde “Hot Dog”, apenas com a parada em “Behind Blue Eyes”, continuava na pista. (Veja aqui um vídeo gravado por um fã no show)
Para terminar, Fred Durst fez uma enquete e perguntou o que o povo queria ouvir. Na dúvida entre as duas mais pedidas, “Pollution” e “Counterfeit”, Wes tocou o riff de Pollution, mas nem todos pareciam saber direito do que se tratava. Fred, então, parou dizendo com todas as letras “you don’t know this shit” e Counterfeit foi executada em parte, antes de “Rollin’” fechar a noite.
Como já dito, muita intensidade e muita porrada, em ambos os sentidos, marcaram a segunda apresentação do Limp Bizkit no Brasil. Como o próprio Fred Durst disse, eles voltam logo, afinal foram muito bem recebidos pelo “país de todos”. Estamos esperando uma nova Festa do Limp Bizkit.
Fred Durst percebeu isso. Na segunda noite de shows do Limp Bizkit no Brasil, mais uma vez houve a contestada divisão de público: pista normal e pista premium (ou vip). Durst, logo nos primeiros momentos da apresentação, convidou os fãs da pista normal a entrarem na pista vip, o que não deu muito certo, já que a segurança do Via Funchal impediu a invasão quase em massa – alguns ficaram sem coragem de “pular” as grades.
O espaço reservado para a pista vip era muito grande, mas a quantidade de pessoas nela, nem tanto. Isso fez com que as rodas formadas em praticamente todas as músicas ficassem enormes e intensas. No entanto, independentemente de separações ou de espaços, o público se empolgou, e muito, com o Limp Bizkit no palco, impressionando Fred Durst e companhia, que, arrependidos, prometeram voltar logo para compensar todo o tempo que demoraram para visitar o Brasil.
Palheta de Wes Borland: muita sorte! |
"Hot Dog" deu início à “Festa do Limp Bizkit”, como o próprio Fred Durst disse tantas vezes durante o show, seguida de Show me What You Got e Why Try, a única música do álbum Gold Cobra, o mais recente da banda, tocada em São Paulo. Talvez "Shotgun" e a faixa-título, "Gold Cobra", merecessem um lugar no setlist, mas não foi nada que chegou a estragar a performance da banda.
Com todos os grandes hits, como “My Generation”, “My Way”, “Re-Arranged”, “Break Stuff” sendo executados, o show pode ser resumido na frase “porrada atrás de porrada”, em ambos os sentidos possíveis: músicas pesadas seguidas de músicas pesadas e rodas quase que ininterruptas na pista. Se fosse possível resumir a apresentação em uma palavra (sem usar palavrões, é claro, pois seria mais fácil), poderíamos dizer “intensa”.
No entanto, é difícil usar apenas uma palavra, coisa que nem Fred Durst fez. Além de cantar, ele falou bastante e, inclusive, disse que os brasileiros são o melhor público para o qual a banda já tocou. Não é a primeira – talvez nem a última – vez que ouço isso de alguma banda. Edguy, Metallica, Dream Theater, Avenged Sevenfold e POD, entre outros, vieram mais de uma vez para o Brasil nos últimos anos, sempre repetindo o discurso de Durst.
O show seguia em frente, com o vocalista tido como um dos maiores “malas” do rock conduzindo o público como poucos, inclusive chegando muito perto às vezes. Aliás, Durst chamou um fã ao palco em certo momento e, em outra oportunidade, invadiu a pista vip e cumprimentou alguns fãs da pista normal.
A primeira parte do show foi encerrada com “Nookie”, uma das músicas que mais projetou o Limp Bizkit na cena musical do mundo, há 12 anos atrás. O bis começou com um descanso para o público e para banda: a versão de “Behind Blue Eyes”, do The Who, foi cantada em uníssono, o que impressionou ainda mais a banda. No entanto, o melhor ainda estava reservado para o final.
“Take a Look Around” deixou todo mundo doido. Sim, não há melhor expressão para descrever o que aconteceu durante a música presente na trilha sonora do filme Missão Impossível 2. Em um certo momento da música, todos os instrumentos praticamente param, e foi exatamente nessa hora que eu aproveitei e me abaixei para descansar pela primeira vez no show. Quando vi, todos estavam abaixados ao meu redor e assim foi, todo mundo no chão, no maior estilo “Spit it Out”, do Slipknot, e depois levantando com todas as forças para o final da música. Épico.
Depois, Faith, dedicada às garotas presentes no Via Funchal, veio acompanhada de um convite para que todas subissem ao palco. Aproximadamente 20 subiram (algumas já estavam lá, acompanhando o show do palco mesmo) e idolatraram o Limp Bizkit de perto, enquanto o “quebra-quebra”, que vinha desde “Hot Dog”, apenas com a parada em “Behind Blue Eyes”, continuava na pista. (Veja aqui um vídeo gravado por um fã no show)
Wes Borland (foto de @henriqueoli) |
Como já dito, muita intensidade e muita porrada, em ambos os sentidos, marcaram a segunda apresentação do Limp Bizkit no Brasil. Como o próprio Fred Durst disse, eles voltam logo, afinal foram muito bem recebidos pelo “país de todos”. Estamos esperando uma nova Festa do Limp Bizkit.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
A tradição do preto e do amarelo
Peñarol e Santos se enfrentaram ontem, 15/6, na primeira partida das finais da Copa Libertadores da América e empataram em zero a zero. A torcida do Santos quase comemorou dois gols de Zé Eduardo, enquanto a torcida do Peñarol chegou a comemorar um gol de Diego Alonso, prontamente anulado por impedimento, aos 41 minutos do segundo tempo. No entanto, meu irmão Guilherme comemorou quatro gols nessa mesma noite.
Enquanto Santos e Peñarol jogavam no Estádio Centenário, em Montevidéu, Boston Bruins e Vancouver Canucks disputavam a sétima partida das finais da NHL, a liga profissional de hóquei no gelo dos Estados Unidos (e Canadá). Meu irmão é torcedor fanático dos Bruins e comemorou, da mesma maneira quando vê o Corinthians jogar, os quatro gols da vitória por 4 a 0 do Boston.
A série chegava ao sétimo jogo de uma melhor de sete partidas. Ou seja, o vencedor levaria o título. E estava muito difícil fazer qualquer tipo de previsão ou prognóstico. Nos seis jogos anteriores, três vitórias dos Bruins em Boston e três vitórias dos Canucks em Vancouver. Mas, ao mesmo tempo que prevalecia o fator “casa”, a diferença nas vitórias era notável.
As duas primeiras partidas foram no Canadá e a equipe local venceu por 1 a 0 e 3 a 2, respectivamente. Nas duas seguintes, em Boston, os Bruins fizeram incríveis 8 a 1 e 4 a 0. No quinto jogo, mais uma vitória sofrida de Vancouver, por 1 a 0 e no sexto, mais uma goleada de Boston, 5 a 2. O fato notável era que a equipe norte-americana não havia conseguido encaixar seu jogo nas partidas fora de casa, mas mesmo assim, mantinha uma defesa muito forte, como em toda a temporada – o goleiro Tim Thomas teve a melhor porcentagem de defesas da temporada regular.
Sendo assim, eram várias as questões que norteavam o último jogo da temporada. Será que os Canucks conseguem segurar os Bruins mais uma vez? Será que os irmãos Sedin finalmente mostrariam o jogo que não mostraram na séria até então? Será que a lógica da série do time da casa vencer continuaria valendo?
Para o lado dos Bruins, mais perguntas ainda. Será que Boston conseguiria superar a estatística de que, nas últimas 20 temporadas, a equipe que fez o sétimo jogo em casa venceu em 19? Será que a equipe conseguiria quebrar um jejum de 39 anos sem títulos da Stanley Cup? Será que o goleiro Tim Thomas seguraria os Canucks mais uma vez?
Às respostas, os irmãos Sedin não apareceram para o jogo, mais uma vez, e a lógica dos seis jogos anteriores não foi respeitada na última partida da temporada 2010-11. Thomas segurou os Canucks. Fez 37 defesas em 37 tentativas do time de Vancouver, conseguindo o seu segundo shutout na série final e confirmando o que já estava praticamente escrito: ele ganharia o troféu Conn Smythe, entregue ao melhor jogador dos Playoffs. Além disso, ele ainda pode conseguir o troféu Vezina, entregue ao melhor goleiro da temporada regular.
Mais do que a conquista pessoal de Tim Thomas, o Boston encaixou o seu jogo, acabou com a escrita e, mais do que isso, com o jejum de 39 anos sem títulos. Foram dois gols de Brad Marchand e dois de Patrice Bergeron, que selaram a vitória por 4 a 0 e o capitão Zdeno Chara levantou a Stanley Cup para os Boston Bruins pela sexta vez na história. Em seguida, a taça foi passada para Mark Recchi, que aos 43 anos, anunciou sua aposentadoria após conquistar sua terceira Stanley Cup.
Em uma noite em que não havia apenas um time de preto e amarelo – lembram do Santos e Peñarol? – jogando, o outro time, menos assistido no Brasil, fez história mais uma vez. Nunca a taça subiu tanto – Zdeno Chara tem 2,02m de altura e é o jogador mais alto a atuar na NHL – no lugar mais alto do “pódio”, no topo do mundo do hóquei no gelo, para a alegria do meu irmão e da cidade de Boston.
Veja aqui um vídeo comemorativo do título, feito por torcedores dos Bruins, com a trilha sonora de “Time to Go”, música dos Dropkick Murpyhs, banda tradicional da cidade de Boston, especialmente escrita para a equipe de hóquei no gelo.
Enquanto Santos e Peñarol jogavam no Estádio Centenário, em Montevidéu, Boston Bruins e Vancouver Canucks disputavam a sétima partida das finais da NHL, a liga profissional de hóquei no gelo dos Estados Unidos (e Canadá). Meu irmão é torcedor fanático dos Bruins e comemorou, da mesma maneira quando vê o Corinthians jogar, os quatro gols da vitória por 4 a 0 do Boston.
A série chegava ao sétimo jogo de uma melhor de sete partidas. Ou seja, o vencedor levaria o título. E estava muito difícil fazer qualquer tipo de previsão ou prognóstico. Nos seis jogos anteriores, três vitórias dos Bruins em Boston e três vitórias dos Canucks em Vancouver. Mas, ao mesmo tempo que prevalecia o fator “casa”, a diferença nas vitórias era notável.
As duas primeiras partidas foram no Canadá e a equipe local venceu por 1 a 0 e 3 a 2, respectivamente. Nas duas seguintes, em Boston, os Bruins fizeram incríveis 8 a 1 e 4 a 0. No quinto jogo, mais uma vitória sofrida de Vancouver, por 1 a 0 e no sexto, mais uma goleada de Boston, 5 a 2. O fato notável era que a equipe norte-americana não havia conseguido encaixar seu jogo nas partidas fora de casa, mas mesmo assim, mantinha uma defesa muito forte, como em toda a temporada – o goleiro Tim Thomas teve a melhor porcentagem de defesas da temporada regular.
Sendo assim, eram várias as questões que norteavam o último jogo da temporada. Será que os Canucks conseguem segurar os Bruins mais uma vez? Será que os irmãos Sedin finalmente mostrariam o jogo que não mostraram na séria até então? Será que a lógica da série do time da casa vencer continuaria valendo?
Para o lado dos Bruins, mais perguntas ainda. Será que Boston conseguiria superar a estatística de que, nas últimas 20 temporadas, a equipe que fez o sétimo jogo em casa venceu em 19? Será que a equipe conseguiria quebrar um jejum de 39 anos sem títulos da Stanley Cup? Será que o goleiro Tim Thomas seguraria os Canucks mais uma vez?
Às respostas, os irmãos Sedin não apareceram para o jogo, mais uma vez, e a lógica dos seis jogos anteriores não foi respeitada na última partida da temporada 2010-11. Thomas segurou os Canucks. Fez 37 defesas em 37 tentativas do time de Vancouver, conseguindo o seu segundo shutout na série final e confirmando o que já estava praticamente escrito: ele ganharia o troféu Conn Smythe, entregue ao melhor jogador dos Playoffs. Além disso, ele ainda pode conseguir o troféu Vezina, entregue ao melhor goleiro da temporada regular.
Mais do que a conquista pessoal de Tim Thomas, o Boston encaixou o seu jogo, acabou com a escrita e, mais do que isso, com o jejum de 39 anos sem títulos. Foram dois gols de Brad Marchand e dois de Patrice Bergeron, que selaram a vitória por 4 a 0 e o capitão Zdeno Chara levantou a Stanley Cup para os Boston Bruins pela sexta vez na história. Em seguida, a taça foi passada para Mark Recchi, que aos 43 anos, anunciou sua aposentadoria após conquistar sua terceira Stanley Cup.
Zdeno Chara levanta a Stanley Cup |
Em uma noite em que não havia apenas um time de preto e amarelo – lembram do Santos e Peñarol? – jogando, o outro time, menos assistido no Brasil, fez história mais uma vez. Nunca a taça subiu tanto – Zdeno Chara tem 2,02m de altura e é o jogador mais alto a atuar na NHL – no lugar mais alto do “pódio”, no topo do mundo do hóquei no gelo, para a alegria do meu irmão e da cidade de Boston.
Veja aqui um vídeo comemorativo do título, feito por torcedores dos Bruins, com a trilha sonora de “Time to Go”, música dos Dropkick Murpyhs, banda tradicional da cidade de Boston, especialmente escrita para a equipe de hóquei no gelo.
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segunda-feira, 2 de maio de 2011
Antes de ser Senna, ele era Silva
Por essência, o brasileiro é um povo apaixonado por feriados. Muitos viajam, deixam a vida profissional de lado por um (ou mais, no caso das “pontes”) dia, não importa qual seja o feriado ou qual é o significado por trás dele. Quando criança, uma das grandes dúvidas que eu tinha, era porque o Dia do Trabalho era um feriado. Ora, se era Dia do Trabalho, todos deveriam trabalhar.
Anos depois – mais precisamente agora, já que acabei de pesquisar – descobri o porquê de tudo isso. Tudo começou em 1886, com uma manifestação trabalhista nos Estados Unidos, que, nos anos seguintes, se repetiu na França e na Rússia, em prol da redução na jornada de trabalho. A própria França decretou a data como feriado em seu território e, com o tempo, alguns países fizeram o mesmo. O Brasil foi um deles.
A diferença é que desde 1994, o Dia do Trabalho se tornou uma data duplamente simbólica para os brasileiros. Mais do que um feriado, mais do que uma data para se fugir da vida profissional, é uma data triste. O Dia do Trabalho também se tornou o aniversário da morte de um dos maiores mitos que o esporte mundial já viu: Ayrton Senna.
Com esse, são 17 primeiros de maio mais tristes. Faz 17 anos que o hino nacional brasileiro toca menos vezes do que o povo se acostumou a ouvir no fim dos anos 80 e começo dos anos 90 – Senna teve 41 vitórias em sua carreira, contra 11 de Felipe Massa e 11 de Rubens Barrichello, até então.
Ayrton Senna da Silva, antes de ser Senna, era Silva, como milhões de brasileiros. Humilde como poucos esportistas, ele cativava as multidões. A Fórmula 1 já tinha a sua popularidade no Brasil, mas foi com Ayrton que chegou ao seu ápice. Aos domingos, às 9h da manhã, todos se reuniam na frente de suas televisões para ouvir não só o hino nacional brasileiro, mas o “Ayrton Senna, do Brasil!”, melhor “bordão” que Galvão Bueno produziu em toda a sua carreira, acompanhado de uma das músicas mais famosas do país.
Segundo o WikiPedia, o Tema da Vitória foi composto para ser tocado nos Grandes Prêmios do Brasil e, inclusive, já tocou até em uma vitória de Alain Prost, em 1984. Com Nelson Piquet, a música começou a ser usada nas vitórias dos pilotos brasileiros, mas foi com ele, Ayrton Senna, que o Tema da Vitória realmente se popularizou (veja, aqui, um exemplo).
A música, interpretada pelo grupo Roupa Nova, se identificou com Ayrton da mesma maneira que ele se identificava com o povo brasileiro. Com o tempo, Vitória se tornou sinônimo de Senna. Até hoje, é praticamente impossível não associar o Tema da Vitória à imagem da McLaren branca e vermelha, com aquele piloto de capacete nas cores do Brasil e a bandeira de seu país ao vento.
Ayrton Senna foi um Silva como muitos outros brasileiros. Humilde (de família rica, é verdade), mas que nunca deixou de lutar, correr atrás e trabalhar pelo que queria. Um trabalhador digno de ser lembrado, para sempre, não só em todos os Primeiros de Maio, mas nos dias 13 de julho, 25 de outubro, 31 de março, 4 de dezembro. Todos os dias, sejam Dias do Trabalho, ou não.
Anos depois – mais precisamente agora, já que acabei de pesquisar – descobri o porquê de tudo isso. Tudo começou em 1886, com uma manifestação trabalhista nos Estados Unidos, que, nos anos seguintes, se repetiu na França e na Rússia, em prol da redução na jornada de trabalho. A própria França decretou a data como feriado em seu território e, com o tempo, alguns países fizeram o mesmo. O Brasil foi um deles.
A diferença é que desde 1994, o Dia do Trabalho se tornou uma data duplamente simbólica para os brasileiros. Mais do que um feriado, mais do que uma data para se fugir da vida profissional, é uma data triste. O Dia do Trabalho também se tornou o aniversário da morte de um dos maiores mitos que o esporte mundial já viu: Ayrton Senna.
Com esse, são 17 primeiros de maio mais tristes. Faz 17 anos que o hino nacional brasileiro toca menos vezes do que o povo se acostumou a ouvir no fim dos anos 80 e começo dos anos 90 – Senna teve 41 vitórias em sua carreira, contra 11 de Felipe Massa e 11 de Rubens Barrichello, até então.
Ayrton Senna da Silva, antes de ser Senna, era Silva, como milhões de brasileiros. Humilde como poucos esportistas, ele cativava as multidões. A Fórmula 1 já tinha a sua popularidade no Brasil, mas foi com Ayrton que chegou ao seu ápice. Aos domingos, às 9h da manhã, todos se reuniam na frente de suas televisões para ouvir não só o hino nacional brasileiro, mas o “Ayrton Senna, do Brasil!”, melhor “bordão” que Galvão Bueno produziu em toda a sua carreira, acompanhado de uma das músicas mais famosas do país.
Segundo o WikiPedia, o Tema da Vitória foi composto para ser tocado nos Grandes Prêmios do Brasil e, inclusive, já tocou até em uma vitória de Alain Prost, em 1984. Com Nelson Piquet, a música começou a ser usada nas vitórias dos pilotos brasileiros, mas foi com ele, Ayrton Senna, que o Tema da Vitória realmente se popularizou (veja, aqui, um exemplo).
A música, interpretada pelo grupo Roupa Nova, se identificou com Ayrton da mesma maneira que ele se identificava com o povo brasileiro. Com o tempo, Vitória se tornou sinônimo de Senna. Até hoje, é praticamente impossível não associar o Tema da Vitória à imagem da McLaren branca e vermelha, com aquele piloto de capacete nas cores do Brasil e a bandeira de seu país ao vento.
Ayrton Senna foi um Silva como muitos outros brasileiros. Humilde (de família rica, é verdade), mas que nunca deixou de lutar, correr atrás e trabalhar pelo que queria. Um trabalhador digno de ser lembrado, para sempre, não só em todos os Primeiros de Maio, mas nos dias 13 de julho, 25 de outubro, 31 de março, 4 de dezembro. Todos os dias, sejam Dias do Trabalho, ou não.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Boston Bruins x Montreal Canadiens, pela 33ª vez
O primeiro jogo da história foi realizado em 8 de dezembro de 1924, o mais recente em 24 de março de 2011 e o próximo será hoje, 14 de abril. Em Montreal, Boston Bruins e Montreal Canadiens se enfrentam pela primeira partida de uma série melhor de sete dos playoffs da NHL, Liga Nacional de Hóquei no Gelo dos Estados Unidos. Os Bruins terminaram com a terceira melhor campanha da conferência leste, enquanto os Canadiens ficaram com o sexto lugar. Essa seria apenas mais uma série de playoffs, se não fosse a 33a vez que as duas equipes se enfrentam na pós-temporada.
Bruins e Canadiens fazem parte do grupo que formou a liga, nos anos 20, e protagonizam uma das maiores rivalidades do esporte norte-americano. No total, foram 712 partidas na história, sendo 163 por playoffs. O Montreal leva vantagem historicamente, com 343 vitórias, contra 259 da equipe de Boston e 103 empates (número definitivo, pois o empate foi excluído das regras da NHL em 2005). Desta vez, a equipe canadense busca vingança, pois na série do ano passado, perdeu por quatro jogos a zero para os norte-americanos, o que não acontecia desde 1992.
Na temporada regular de 2010-11, o Montreal venceu quatro dois seis jogos disputados. No quarto encontro entre os dois (8-6 para Boston), foram contabilizados 187 minutos em penalidades, além de seis lutas, sendo uma delas entre os goleiros Carey Price, de Montreal, e Tim Thomas, de Boston, enquanto no sexto e último jogo, o placar foi de 7-0 para o Boston, com três assistências do defensor e capitão, o eslovaco Zdeno Chara.
É por causa dele, inclusive, que a polêmica rivalidade está ainda mais acirrada, devido a um lance violento no quinto jogo entre as equipes nesta temporada (4-0 Canadiens). Chara, acertou um hit em Max Pacioretty dos Canadiens, que fez com que a cabeça do jogador batesse com muita força na parede que separa os dois bancos de reserva (veja aqui o lance). Chara foi expulso do gelo e, como o jogo era em Montreal, vaiado e xingado por toda a arena, além do caso ter sido levado para a polícia local.
Historicamente, os Canadiens levam vantagem sobre os Bruins nos playoffs - são 24 vitórias nas séries, contra oito de Boston. Dessa vez, pode-se dizer que os grandes destaques de cada time estão nos gols: Carey Price tem 92.3% de defesas e não tomou gols em oito dos 72 jogos que disputou, enquanto Tim Thomas não tomou gols em 9 partidas, de 57 disputadas, e bateu o recorde histórico de porcentagem de defesas, chegando aos 93.8%.
Assim como em todos as temporadas em que se enfrentaram e como em qualquer clássico/rivalidade do esporte, não há favoritos.
E você, em quem aposta?
Bruins e Canadiens fazem parte do grupo que formou a liga, nos anos 20, e protagonizam uma das maiores rivalidades do esporte norte-americano. No total, foram 712 partidas na história, sendo 163 por playoffs. O Montreal leva vantagem historicamente, com 343 vitórias, contra 259 da equipe de Boston e 103 empates (número definitivo, pois o empate foi excluído das regras da NHL em 2005). Desta vez, a equipe canadense busca vingança, pois na série do ano passado, perdeu por quatro jogos a zero para os norte-americanos, o que não acontecia desde 1992.
Na temporada regular de 2010-11, o Montreal venceu quatro dois seis jogos disputados. No quarto encontro entre os dois (8-6 para Boston), foram contabilizados 187 minutos em penalidades, além de seis lutas, sendo uma delas entre os goleiros Carey Price, de Montreal, e Tim Thomas, de Boston, enquanto no sexto e último jogo, o placar foi de 7-0 para o Boston, com três assistências do defensor e capitão, o eslovaco Zdeno Chara.
É por causa dele, inclusive, que a polêmica rivalidade está ainda mais acirrada, devido a um lance violento no quinto jogo entre as equipes nesta temporada (4-0 Canadiens). Chara, acertou um hit em Max Pacioretty dos Canadiens, que fez com que a cabeça do jogador batesse com muita força na parede que separa os dois bancos de reserva (veja aqui o lance). Chara foi expulso do gelo e, como o jogo era em Montreal, vaiado e xingado por toda a arena, além do caso ter sido levado para a polícia local.
Carey Price x Tim Thomas |
Historicamente, os Canadiens levam vantagem sobre os Bruins nos playoffs - são 24 vitórias nas séries, contra oito de Boston. Dessa vez, pode-se dizer que os grandes destaques de cada time estão nos gols: Carey Price tem 92.3% de defesas e não tomou gols em oito dos 72 jogos que disputou, enquanto Tim Thomas não tomou gols em 9 partidas, de 57 disputadas, e bateu o recorde histórico de porcentagem de defesas, chegando aos 93.8%.
Assim como em todos as temporadas em que se enfrentaram e como em qualquer clássico/rivalidade do esporte, não há favoritos.
E você, em quem aposta?
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segunda-feira, 28 de março de 2011
Rogério Ceni - antes de tudo, goleiro
Quando a diretoria do São Paulo contratou o jovem Rogério, há 20 anos atrás, junto ao desconhecido Sinop, do estado do Mato Grosso, não imaginava que proporções isso poderia tomar. Talvez nem soubessem que ele batia faltas.
Rogério era reserva de Zetti nas campanhas vitoriosas do Campeonato Brasileiro de 1991 e o bi-Libertadores e bi-Mundial, de 1992-93 e, diferentemente do que se faz hoje – atualmente, os times costumam ir atrás de novos goleiros, em vez de aproveitar os reservas – virou titular do time em 1997, quando Zetti deixou o São Paulo.
Foi no mesmo ano em que o “novo” goleiro do São Paulo avançou da sua meta para bater suas primeiras faltas próximas à grande área dos adversários. E, em 15 de fevereiro de 1997, contra o União São João de Araras, e em sua quarta cobrança, Rogério marcou o seu primeiro gol.
Para o torcedor, uma grata surpresa que, com o passar dos anos, virou uma competição com o goleiro paraguaio Chilavert. O paraguaio já fazia os seus gols de falta, principalmente de pênalti, e encerrou sua carreira com 62 gols.
Desse momento em diante, foram muitos gols, em partidas normais e importantes. No entanto, Rogério nunca deixou de fazer o que sua profissão pede: defender o gol. Tanto que, para muitos, sua melhor atuação foi na final do Mundial de Clubes de 2005, contra o Liverpool. Na ocasião, o goleiro não fez gols, mas evitou e fez uma defesa incrível, em uma falta batida pelo meia Steven Gerrard (veja aqui).
Com o tempo, ele adotou o sobrenome e virou Rogério Ceni e não parou de defender e fazer gols. Porém, nenhum deles foi mais comemorado do que o marcado contra o Corinthians, no dia 27 de março de 2011.
O São Paulo não vencia o rival há quatro anos e, antes da partida, Rogério tinha 99 gols. Foi quando, aos 8 minutos do segundo tempo, o goleiro teve uma oportunidade de entrar, mais ainda, para a história. E entrou. E aconteceu ali, na Arena de Barueri e em pleno ano do Centenário do Timão, o 100º gol de Rogério Ceni, para a alegria dos tricolores e tristeza dos corintianos.
Hoje, Rogério é o jogador com mais atuações pelo São Paulo na história (965) e o maior goleiro artilheiro da história do futebol, com 100 gols. Pelé e Romário – segundo suas contas – fizeram mais de mil, como atacantes. Para um goleiro, a marca dos 100 é equivalente.
No entanto, ao ser comparado com o Rei do Futebol, Ceni foi claro: “Pelé é Pelé. A única coisa que eu sou melhor do que o Pelé é no gol.” Um artilheiro, mas, antes de tudo, um goleiro. O maior goleiro da história do São Paulo, um dos melhores do Brasil e do mundo.
Parabéns, Rogério Ceni.
Ps.: Veja aqui grandes gols da carreira de Rogério Ceni e o centésimo gol, com a narração incrível de Paulo Soares, da Estadão/ESPN)
Rogério era reserva de Zetti nas campanhas vitoriosas do Campeonato Brasileiro de 1991 e o bi-Libertadores e bi-Mundial, de 1992-93 e, diferentemente do que se faz hoje – atualmente, os times costumam ir atrás de novos goleiros, em vez de aproveitar os reservas – virou titular do time em 1997, quando Zetti deixou o São Paulo.
Foi no mesmo ano em que o “novo” goleiro do São Paulo avançou da sua meta para bater suas primeiras faltas próximas à grande área dos adversários. E, em 15 de fevereiro de 1997, contra o União São João de Araras, e em sua quarta cobrança, Rogério marcou o seu primeiro gol.
Para o torcedor, uma grata surpresa que, com o passar dos anos, virou uma competição com o goleiro paraguaio Chilavert. O paraguaio já fazia os seus gols de falta, principalmente de pênalti, e encerrou sua carreira com 62 gols.
Desse momento em diante, foram muitos gols, em partidas normais e importantes. No entanto, Rogério nunca deixou de fazer o que sua profissão pede: defender o gol. Tanto que, para muitos, sua melhor atuação foi na final do Mundial de Clubes de 2005, contra o Liverpool. Na ocasião, o goleiro não fez gols, mas evitou e fez uma defesa incrível, em uma falta batida pelo meia Steven Gerrard (veja aqui).
Com o tempo, ele adotou o sobrenome e virou Rogério Ceni e não parou de defender e fazer gols. Porém, nenhum deles foi mais comemorado do que o marcado contra o Corinthians, no dia 27 de março de 2011.
O São Paulo não vencia o rival há quatro anos e, antes da partida, Rogério tinha 99 gols. Foi quando, aos 8 minutos do segundo tempo, o goleiro teve uma oportunidade de entrar, mais ainda, para a história. E entrou. E aconteceu ali, na Arena de Barueri e em pleno ano do Centenário do Timão, o 100º gol de Rogério Ceni, para a alegria dos tricolores e tristeza dos corintianos.
Hoje, Rogério é o jogador com mais atuações pelo São Paulo na história (965) e o maior goleiro artilheiro da história do futebol, com 100 gols. Pelé e Romário – segundo suas contas – fizeram mais de mil, como atacantes. Para um goleiro, a marca dos 100 é equivalente.
No entanto, ao ser comparado com o Rei do Futebol, Ceni foi claro: “Pelé é Pelé. A única coisa que eu sou melhor do que o Pelé é no gol.” Um artilheiro, mas, antes de tudo, um goleiro. O maior goleiro da história do São Paulo, um dos melhores do Brasil e do mundo.
Parabéns, Rogério Ceni.
Ps.: Veja aqui grandes gols da carreira de Rogério Ceni e o centésimo gol, com a narração incrível de Paulo Soares, da Estadão/ESPN)
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domingo, 13 de março de 2011
Uma facada nas costas: o amor à camisa na NBA
Gerald Wallace nasceu no estado do Alabama, em 1982 e apareceu para o mundo do basquete no ano 2000. O ala foi premiado com o Naismith Prep Player of the Year Award, prêmio dado ao melhor jogador do colegial no ano, que já havia sido concebido, em 1996, a um certo garoto chamado Kobe Bryant.
Em seguida, ele atuou pela universidade de seu estado por apenas um ano e chegou a NBA em 2001, draftado pelo Sacramento Kings, do estado da Califórnia, bem longe de sua casa. Wallace atuou pela equipe por três temporadas e foi pouco aproveitado. Reserva, mal entrava em quadra naquela que é considerada por muitos como uma das melhores equipes da história dos Kings, com Mike Bibby, Doug Christie, Peja Stojakovic, Chris Webber e Vlade Divac.
Três anos depois, a primeira grande mudança na carreira de Wallace na NBA aconteceu com a entrada de um novo time na liga: Os Charlotte Bobcats, que tinham nos bastidores, e hoje têm como presidente, ninguém menos do que Michael Jordan. Justamente por ser uma equipe nova, precisavam de um elenco completo e o ala foi um dos escolhidos para integrar o grupo dos Bobcats, no time titular.
Foi durante sua carreira em Charlotte, cidade no estado da Carolina do Norte, próximo ao Alabama, que Wallace recebeu um apelido, como é comum a vários jogadores da NBA. “Crash” foi o codinome escolhido, já que ele jogava sem dó do próprio corpo, usando o máximo possível de raça e vontade e isso o levava, consequentemente, a frequentes contusões.
No entanto, além de ser “raçudo”, Gerald Wallace rapidamente se tornou um jogador fundamental para os Bobcats, aumentando, e muito, suas estatísticas em relação às antigas, da passagem pelos Kings. Em Sacramento, Wallace tinha uma média de menos de 4 pontos por jogo, enquanto em Charlotte ele alcançou 19.4, na temporada 2007-08.
Justamente nessa temporada, em fevereiro, o ala sofreu uma grave concussão (até então, a quarta na carreira pelos Bobcats), perdeu vários jogos e não tinha retorno definido, mas voltou a jogar pouco tempo depois. Além da melhor média de pontos de sua carreira, Wallace também teve a melhor média de assistências e de minutos jogados.
O auge do jogador veio em 2009-10. Capitão do Charlotte Bobcats, Gerald Wallace conduziu a franquia à sua primeira aparição nos playoffs da história, foi o primeiro jogador dos Bobcats a ser escolhido para um All-Star Game e para um Slam Dunk Contest (Campeonato de Enterradas), integrou a equipe dos melhores jogadores de defesa da liga e a seleção norte-americana do pré-olímpico de basquete masculino.
A temporada de 2010-11 reservaria a Wallace a segunda grande mudança em sua carreira, mas, desta vez, uma mudança diferente. O mercado de trocas na NBA estava aberto até o dia 24 de fevereiro e, até o dia 23, segundo o próprio jogador, não havia nada que pudesse indicar uma possível troca. Porém, não foi isso que aconteceu.
Wallace foi envolvido em um negócio incrível: se mudou de Charlotte para Portland, para jogar pelos Trail Blazers, enquanto Dante Cunningham, Joel Przybilla e Sean Marks foram para os Bobcats. Além disso, a então ex-equipe de Gerald Wallace receberá dois novatos de primeiro round (um em 2011 e outro em 2013), mais um valor não divulgado, em dinheiro.
Portland se localiza no estado do Oregon, ainda mais longe do Alabama e, apesar dos Blazers possuírem uma grande equipe nesta temporada, com grandes chances de ir aos playoffs, o cenário não é suficiente para a felicidade da mais nova estrela da franquia.
“Uma facada nas costas”. Foi assim que Wallace definiu a troca que o levou a Portland. Segundo ele próprio, sua ideia era se aposentar em Charlotte. “Na verdade, eu achava que quando eu deixasse de vestir um uniforme dos Bobcats, seria porque eu teria finalizado minha carreira no basquete”, completou.
Hoje em dia, o amor à camisa, que já é raro em vários esportes, como o futebol, torna-se praticamente desprezível na NBA. Afinal, as equipes fazem os negócios pensando no futuro das franquias e como reforçar os elencos de maneira mais econômica, com jogadores dos drafts futuros.
Na noite do dia 11 de março, Gerald voltou a Charlotte pela primeira vez, com a camisa do Portland e foi homenageado com um tributo, que foi ao ar no telão do ginásio. Aplaudido por todos, Wallace foi, inclusive, apresentado pelo locutor oficial da Time Warner Cable Arena, mesmo sendo do time adversário, da maneira como era antes, quando era jogador da equipe dos Bobcats. (veja aqui o vídeo)
No release oficial da troca (veja aqui, em inglês), o gerente geral da equipe, Rob Higgins, agradeceu a Wallace por toda sua contribuição para os Bobcats, dentro e fora de quadra, além de dizer que a decisão da troca foi a mais interessante encontrada para o futuro da franquia de Charlotte. Gerald Wallace é o líder histórico da franquia dos Charlotte Bobcats em jogos, minutos jogados, pontos, roubadas de bola, rebotes defensivos, arremessos de quadra tentados e certos e lances livres tentados e certos. Porém, Wallace não era apenas a maior estrela de Charlotte, mas, também, o jogador mais caro da equipe.
E, para o futuro, não existem jogadores caros. E, infelizmente, nem amor à camisa. Aliás, até existe, mas é desprezível.
Em seguida, ele atuou pela universidade de seu estado por apenas um ano e chegou a NBA em 2001, draftado pelo Sacramento Kings, do estado da Califórnia, bem longe de sua casa. Wallace atuou pela equipe por três temporadas e foi pouco aproveitado. Reserva, mal entrava em quadra naquela que é considerada por muitos como uma das melhores equipes da história dos Kings, com Mike Bibby, Doug Christie, Peja Stojakovic, Chris Webber e Vlade Divac.
Três anos depois, a primeira grande mudança na carreira de Wallace na NBA aconteceu com a entrada de um novo time na liga: Os Charlotte Bobcats, que tinham nos bastidores, e hoje têm como presidente, ninguém menos do que Michael Jordan. Justamente por ser uma equipe nova, precisavam de um elenco completo e o ala foi um dos escolhidos para integrar o grupo dos Bobcats, no time titular.
Foi durante sua carreira em Charlotte, cidade no estado da Carolina do Norte, próximo ao Alabama, que Wallace recebeu um apelido, como é comum a vários jogadores da NBA. “Crash” foi o codinome escolhido, já que ele jogava sem dó do próprio corpo, usando o máximo possível de raça e vontade e isso o levava, consequentemente, a frequentes contusões.
No entanto, além de ser “raçudo”, Gerald Wallace rapidamente se tornou um jogador fundamental para os Bobcats, aumentando, e muito, suas estatísticas em relação às antigas, da passagem pelos Kings. Em Sacramento, Wallace tinha uma média de menos de 4 pontos por jogo, enquanto em Charlotte ele alcançou 19.4, na temporada 2007-08.
Justamente nessa temporada, em fevereiro, o ala sofreu uma grave concussão (até então, a quarta na carreira pelos Bobcats), perdeu vários jogos e não tinha retorno definido, mas voltou a jogar pouco tempo depois. Além da melhor média de pontos de sua carreira, Wallace também teve a melhor média de assistências e de minutos jogados.
O auge do jogador veio em 2009-10. Capitão do Charlotte Bobcats, Gerald Wallace conduziu a franquia à sua primeira aparição nos playoffs da história, foi o primeiro jogador dos Bobcats a ser escolhido para um All-Star Game e para um Slam Dunk Contest (Campeonato de Enterradas), integrou a equipe dos melhores jogadores de defesa da liga e a seleção norte-americana do pré-olímpico de basquete masculino.
A temporada de 2010-11 reservaria a Wallace a segunda grande mudança em sua carreira, mas, desta vez, uma mudança diferente. O mercado de trocas na NBA estava aberto até o dia 24 de fevereiro e, até o dia 23, segundo o próprio jogador, não havia nada que pudesse indicar uma possível troca. Porém, não foi isso que aconteceu.
Wallace foi envolvido em um negócio incrível: se mudou de Charlotte para Portland, para jogar pelos Trail Blazers, enquanto Dante Cunningham, Joel Przybilla e Sean Marks foram para os Bobcats. Além disso, a então ex-equipe de Gerald Wallace receberá dois novatos de primeiro round (um em 2011 e outro em 2013), mais um valor não divulgado, em dinheiro.
Portland se localiza no estado do Oregon, ainda mais longe do Alabama e, apesar dos Blazers possuírem uma grande equipe nesta temporada, com grandes chances de ir aos playoffs, o cenário não é suficiente para a felicidade da mais nova estrela da franquia.
“Uma facada nas costas”. Foi assim que Wallace definiu a troca que o levou a Portland. Segundo ele próprio, sua ideia era se aposentar em Charlotte. “Na verdade, eu achava que quando eu deixasse de vestir um uniforme dos Bobcats, seria porque eu teria finalizado minha carreira no basquete”, completou.
Hoje em dia, o amor à camisa, que já é raro em vários esportes, como o futebol, torna-se praticamente desprezível na NBA. Afinal, as equipes fazem os negócios pensando no futuro das franquias e como reforçar os elencos de maneira mais econômica, com jogadores dos drafts futuros.
Na noite do dia 11 de março, Gerald voltou a Charlotte pela primeira vez, com a camisa do Portland e foi homenageado com um tributo, que foi ao ar no telão do ginásio. Aplaudido por todos, Wallace foi, inclusive, apresentado pelo locutor oficial da Time Warner Cable Arena, mesmo sendo do time adversário, da maneira como era antes, quando era jogador da equipe dos Bobcats. (veja aqui o vídeo)
No release oficial da troca (veja aqui, em inglês), o gerente geral da equipe, Rob Higgins, agradeceu a Wallace por toda sua contribuição para os Bobcats, dentro e fora de quadra, além de dizer que a decisão da troca foi a mais interessante encontrada para o futuro da franquia de Charlotte. Gerald Wallace é o líder histórico da franquia dos Charlotte Bobcats em jogos, minutos jogados, pontos, roubadas de bola, rebotes defensivos, arremessos de quadra tentados e certos e lances livres tentados e certos. Porém, Wallace não era apenas a maior estrela de Charlotte, mas, também, o jogador mais caro da equipe.
E, para o futuro, não existem jogadores caros. E, infelizmente, nem amor à camisa. Aliás, até existe, mas é desprezível.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
13 de fevereiro de 2011: Sem pirâmides invertidas – o adeus de Ronaldo
Mesmo tendo dito que chegaria até o fim de 2011, ele se aposenta, após ter vivido duas das piores temporadas de sua carreira. Uma, se pensarmos que este ano mal começou. Foram doze gols em 27 jogos no ano passado e nenhum gol em quatro partidas em 2011.
Foram duas eliminações da Copa Libertadores da América, em pleno(s) ano(s) de centenário do Corinthians. Mas antes disso, ele havia provado ser capaz de jogar futebol novamente, em 2009. Foi graças a ele que o Corinthians ao menos teve a chance de disputar a competição intercontinental. Graças ao título da Copa do Brasil, que veio quase um mês depois do título paulista, conquistado de forma invicta.
Nesta temporada, de 2009, ele marcou 23 gols, em 38 partidas. Alguns deles, calando seus críticos e alegrando os torcedores, não só os do Corinthians, mas os do bom futebol. No dia 26 de abril de 2009, ele fintou o lateral-esquerdo do Santos, Triguinho, e bateu de cobertura, de fora da área, encobrindo o goleiro Fábio Costa (veja aqui). Dias antes, ele deixou a defesa do São Paulo para trás numa corrida como há muito não se via para marcar o gol da classificação corintiana para as finais, contra o Santos (veja aqui).
Ele havia sido contratado pelo Timão após uma passagem apagada pelo Milan, onde jogou pouco – 20 jogos em duas temporadas – e fez nove gols. Ele ainda estava sendo considerado acima do peso, mas o time italiano confiava nele. Mesmo depois de sua participação na Copa do Mundo de 2006, quando a seleção brasileira foi eliminada nas quartas-de-final, pela França.
Foram três gols em cinco jogos, sendo que no último, contra a seleção de Gana, driblou o goleiro africano e, ao bater para o fundo das redes no Westfalenstadion, na Alemanha, tornou-se o maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 15 gols marcados (veja aqui).
Antes disso, foram cinco temporadas pelo Real Madrid, de 2002 a 2007, nas quais o time se sagrou campeão espanhol justamente em sua primeira e última participações: 2002 e 2007. O clube merengue havia o contratado após ele calar todos os seus críticos na campanha do pentacampeonato brasileiro na Copa do Mundo do Japão e da Coreia, também em 2002.
Para muitos, esse foi um dos melhores anos de sua carreira. Afinal, foi uma incontestável – e inesperada – volta por cima. Oito gols em sete partidas, sendo dois na grande final contra a Alemanha. Além disso, foi responsável pela popularidade do penteado estilo Cascão, que, na época, se tornou tão popular quanto o moicano de Neymar atualmente.
A Copa de 2002 foi uma volta por cima após as três últimas temporadas pela Internazionale de Milão terem sido desastrosas. Não por más atuações, mas por lesões gravíssimas, nos dois joelhos. Na temporada 2000-01, ele nem chegou a jogar. Em 1999-00, até tentou. Voltou à campo contra a Lazio, mas na primeira pedalada que arriscou, foi ao solo (veja aqui).
Outro motivo para 2002 ter sido uma volta por cima, foi a Copa do Mundo de 1998. O Brasil havia perdido um jogo, para a Noruega na fase de grupos, mas chegava extremamente confiante para a final contra a seleção dona da casa: a França. No entanto, minutos antes do jogo no estádio de Saint-Denis, seu nome não estava no time titular do Brasil. Ele havia tido uma convulsão no hotel e não estava passando bem o suficiente para jogar. Mas jogou e o Brasil foi derrotado, por três gols a zero.
Era incontestável que ele deveria jogar. As expectativas criadas em torno dele antes da Copa eram enormes, já que vinha de duas incríveis temporadas, pela Inter, em 1997-98 e a surpreendente 1996-97, pelo Barcelona. Aquela foi a única temporada em que ele jogou pelo clube catalão e a primeira em que ele foi eleito o melhor do mundo pela Fifa. Foi nesta temporada, também, que ele marcou o mais belo gol de sua carreira, contra o Compostela (veja aqui).
Na época, ele recebeu, também, o apelido que levou por toda sua carreira: Fenômeno.
Assim como Romário, ele havia feito o caminho Eindhoven-Barcelona. Foram 67 gols em 71 partidas oficiais pelo PSV, de 1994 a 1996. Fez 30 desses gols em 1994-95, sagrando-se artilheiro do campeonato holandês, com doze gols à frente do centroavante Patrick Kluivert.
Meses antes de estrear pelo PSV Eindhoven, foi convocado para disputar a Copa do Mundo, nos Estados Unidos. Vestiu a camisa 20, nem chegou a entrar em campo, mas viu a equipe ser tetracampeã.
Chegou à seleção brasileira como um centroavante jovem e franzino, de 17 anos de idade. Na época, defendia o Cruzeiro, time pelo qual estreou em 1993, no Campeonato Brasileiro. Jogou 14 partidas e marcou 12 gols, sendo cinco em apenas um jogo, contra o Bahia.
Uma das regras do texto jornalístico é a pirâmide invertida, que diz que a informação mais importante deve ser colocada nos primeiros parágrafos do texto. No entanto, se você leu até aqui, deve ter percebido que este texto não respeitou essa regra e foi escrito de trás para frente. O que deve ser lembrado ao fim da carreira de Ronaldo Luiz Nazário de Lima não é o jogador cansado que disse pensar uma jogada, mas não conseguir executá-la.
Ronaldo é o maior artilheiro das Copas do Mundo, com 15 gols. Marcou mais de 400 vezes pelos sete clubes pelos quais jogou e foi eleito o melhor jogador do mundo em três anos: 1996, 1997 e 2002. O que se espera, é que a imagem do agora ex-jogador seja lembrada pelo que fez e não por aquilo que deixou de fazer.
A carreira de Ronaldo nunca teve pirâmides invertidas, com informações mais importantes. Mas teve, sim, gols que ele nunca parou de fazer e que, depois de 18 anos, quando parou, sentiu a hora de parar, no dia 13 de fevereiro de 2011.
Foram duas eliminações da Copa Libertadores da América, em pleno(s) ano(s) de centenário do Corinthians. Mas antes disso, ele havia provado ser capaz de jogar futebol novamente, em 2009. Foi graças a ele que o Corinthians ao menos teve a chance de disputar a competição intercontinental. Graças ao título da Copa do Brasil, que veio quase um mês depois do título paulista, conquistado de forma invicta.
Nesta temporada, de 2009, ele marcou 23 gols, em 38 partidas. Alguns deles, calando seus críticos e alegrando os torcedores, não só os do Corinthians, mas os do bom futebol. No dia 26 de abril de 2009, ele fintou o lateral-esquerdo do Santos, Triguinho, e bateu de cobertura, de fora da área, encobrindo o goleiro Fábio Costa (veja aqui). Dias antes, ele deixou a defesa do São Paulo para trás numa corrida como há muito não se via para marcar o gol da classificação corintiana para as finais, contra o Santos (veja aqui).
Ele havia sido contratado pelo Timão após uma passagem apagada pelo Milan, onde jogou pouco – 20 jogos em duas temporadas – e fez nove gols. Ele ainda estava sendo considerado acima do peso, mas o time italiano confiava nele. Mesmo depois de sua participação na Copa do Mundo de 2006, quando a seleção brasileira foi eliminada nas quartas-de-final, pela França.
Foram três gols em cinco jogos, sendo que no último, contra a seleção de Gana, driblou o goleiro africano e, ao bater para o fundo das redes no Westfalenstadion, na Alemanha, tornou-se o maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 15 gols marcados (veja aqui).
Antes disso, foram cinco temporadas pelo Real Madrid, de 2002 a 2007, nas quais o time se sagrou campeão espanhol justamente em sua primeira e última participações: 2002 e 2007. O clube merengue havia o contratado após ele calar todos os seus críticos na campanha do pentacampeonato brasileiro na Copa do Mundo do Japão e da Coreia, também em 2002.
Para muitos, esse foi um dos melhores anos de sua carreira. Afinal, foi uma incontestável – e inesperada – volta por cima. Oito gols em sete partidas, sendo dois na grande final contra a Alemanha. Além disso, foi responsável pela popularidade do penteado estilo Cascão, que, na época, se tornou tão popular quanto o moicano de Neymar atualmente.
A Copa de 2002 foi uma volta por cima após as três últimas temporadas pela Internazionale de Milão terem sido desastrosas. Não por más atuações, mas por lesões gravíssimas, nos dois joelhos. Na temporada 2000-01, ele nem chegou a jogar. Em 1999-00, até tentou. Voltou à campo contra a Lazio, mas na primeira pedalada que arriscou, foi ao solo (veja aqui).
Outro motivo para 2002 ter sido uma volta por cima, foi a Copa do Mundo de 1998. O Brasil havia perdido um jogo, para a Noruega na fase de grupos, mas chegava extremamente confiante para a final contra a seleção dona da casa: a França. No entanto, minutos antes do jogo no estádio de Saint-Denis, seu nome não estava no time titular do Brasil. Ele havia tido uma convulsão no hotel e não estava passando bem o suficiente para jogar. Mas jogou e o Brasil foi derrotado, por três gols a zero.
Era incontestável que ele deveria jogar. As expectativas criadas em torno dele antes da Copa eram enormes, já que vinha de duas incríveis temporadas, pela Inter, em 1997-98 e a surpreendente 1996-97, pelo Barcelona. Aquela foi a única temporada em que ele jogou pelo clube catalão e a primeira em que ele foi eleito o melhor do mundo pela Fifa. Foi nesta temporada, também, que ele marcou o mais belo gol de sua carreira, contra o Compostela (veja aqui).
Na época, ele recebeu, também, o apelido que levou por toda sua carreira: Fenômeno.
Assim como Romário, ele havia feito o caminho Eindhoven-Barcelona. Foram 67 gols em 71 partidas oficiais pelo PSV, de 1994 a 1996. Fez 30 desses gols em 1994-95, sagrando-se artilheiro do campeonato holandês, com doze gols à frente do centroavante Patrick Kluivert.
Meses antes de estrear pelo PSV Eindhoven, foi convocado para disputar a Copa do Mundo, nos Estados Unidos. Vestiu a camisa 20, nem chegou a entrar em campo, mas viu a equipe ser tetracampeã.
Chegou à seleção brasileira como um centroavante jovem e franzino, de 17 anos de idade. Na época, defendia o Cruzeiro, time pelo qual estreou em 1993, no Campeonato Brasileiro. Jogou 14 partidas e marcou 12 gols, sendo cinco em apenas um jogo, contra o Bahia.
Uma das regras do texto jornalístico é a pirâmide invertida, que diz que a informação mais importante deve ser colocada nos primeiros parágrafos do texto. No entanto, se você leu até aqui, deve ter percebido que este texto não respeitou essa regra e foi escrito de trás para frente. O que deve ser lembrado ao fim da carreira de Ronaldo Luiz Nazário de Lima não é o jogador cansado que disse pensar uma jogada, mas não conseguir executá-la.
Ronaldo é o maior artilheiro das Copas do Mundo, com 15 gols. Marcou mais de 400 vezes pelos sete clubes pelos quais jogou e foi eleito o melhor jogador do mundo em três anos: 1996, 1997 e 2002. O que se espera, é que a imagem do agora ex-jogador seja lembrada pelo que fez e não por aquilo que deixou de fazer.
A carreira de Ronaldo nunca teve pirâmides invertidas, com informações mais importantes. Mas teve, sim, gols que ele nunca parou de fazer e que, depois de 18 anos, quando parou, sentiu a hora de parar, no dia 13 de fevereiro de 2011.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
A melhor defesa é a defesa, mesmo
Uma das maiores máximas do esporte mundial é dizer que “a melhor defesa é o ataque”. Bom é o time que joga bonito, para frente, buscando fazer muitos pontos/gols/afins em vez de jogar tentando evitá-los. O Santos, campeão paulista e da Copa do Brasil de 2010, é um grande exemplo disso. Neymar, Ganso, Robinho e os demais, comandados por Dorival Júnior, ganharam, com sobras e encantando os amantes do esporte, as duas competições.
É claro, não só no futebol é assim. É fantástico assistir a um jogo de futebol americano com muitos pontos, touchdowns para todos os lados, mas na NFL atual isso se prova cada vez mais difícil. Nos Playoffs da temporada atual, Atlanta Falcons, Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs provaram que “só” um ótimo ataque não é suficiente para se chegar ao Super Bowl.
Os Falcons e Chiefs com seus respectivos running backs – Michael Turner e Jamaal Charles – e os Eagles, com a grande volta de Michael Vick, fizeram muito durante a temporada regular, mas diante da diferente concentração para o mata-mata, foram literalmente freados pelas defesas adversárias e, portanto, eliminados.
Às finais de conferência, chegam os quatro melhores times da NFL e, em 2010, foram quatro das melhores defesas da liga: Jets, Steelers, Packers e Bears. Não poderia ser diferente: os dois jogos que definiram os participantes do Super Bowl XLV foram definidos pelas defesas – e ataques também.
Green Bay Packers e Chicago Bears fizeram a final da NFC, a Conferência Nacional da NFL, em mais uma noite inspirada de Aaron Rodgers, quarterback de Green Bay. Os dois times protagonizam a rivalidade mais antiga da história da liga e, mesmo assim, só haviam se enfrentado uma vez nos playoffs, quando o Chicago venceu, há mais de 70 anos atrás.
Desta vez, Rodgers não passou para nenhum TD, mas conquistou 244 jardas pelo ar e ainda anotou (mais) um TD correndo, mesmo sofrendo duas interceptações. Já a defesa de Green Bay, capitaneada por Clay Matthews, segurou o ataque de Chicago durante os três primeiros quartos quando o quarterback titular, Jay Cutler, se machucou, dando lugar ao reserva Todd Collins, que não entrou bem e foi substituído pelo jovem Caleb Hanie, que fez o que pôde (o time anotou 14 pontos com ele em campo), mas não evitou a vitória dos rivais, por 21 a 14.
Pela final da AFC, a Conferência Americana, mais uma batalha de defesas no Heinz Field, na Pennsylvania, entre o Pittsburgh Steelers e o New York Jets. Coincidentemente, os dois times, a exemplo de Packers e Bears, tinham, respectivamente, as posições 2 e 6 na pós-temporada. No entanto, os Steelers não deixaram a primeira final entre dois “números 6” da história acontecer e mostraram porque são os maiores campeões da NFL.
O primeiro tempo foi um verdadeiro massacre: 24x3 para os Steelers. Ben Roethlisberger lançou poucos passes, mas foi preciso quando foi necessário e o running back Rashard Mendenhall correu mais de cem jardas, fazendo com que os Steelers abrissem 24 pontos de vantagem, antes de New York chutar um field goal no final do primeiro tempo.
Já o segundo tempo também foi um massacre, mas do outro lado: 16x0 para os Jets. Mark Sanchez acordou e passou para dois touchdowns que acenderam a esperança do torcedor de New York. Porém, nos minutos finais, “Big Ben” anotou um passe fundamental para Antonio Brown, conquistando a última primeira descida da partida, selando a vitória dos Steelers: 24 a 19 para a equipe de Pittsburgh, que buscará seu sétimo Super Bowl, em oito participações, com esta.
Portanto, o Super Bowl XLV, que será realizado no Cowboys Stadium, em Dallas, terá o Pittsburgh Steelers, querendo conseguir ainda mais um título, e o Green Bay Packers que venceu os Super Bowls I, II e XXXI (em 1997). Os dois times foram os mais completos nos playoffs os que atacaram melhor e, principalmente, defenderam melhor. A batalha defesa x defesa será decidida de uma maneira diferente de uma das maiores máximas do esporte.
Em Dallas, no dia 5 de fevereiro de 2011, a melhor defesa será efetivamente a defesa, mesmo.
É claro, não só no futebol é assim. É fantástico assistir a um jogo de futebol americano com muitos pontos, touchdowns para todos os lados, mas na NFL atual isso se prova cada vez mais difícil. Nos Playoffs da temporada atual, Atlanta Falcons, Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs provaram que “só” um ótimo ataque não é suficiente para se chegar ao Super Bowl.
Os Falcons e Chiefs com seus respectivos running backs – Michael Turner e Jamaal Charles – e os Eagles, com a grande volta de Michael Vick, fizeram muito durante a temporada regular, mas diante da diferente concentração para o mata-mata, foram literalmente freados pelas defesas adversárias e, portanto, eliminados.
Às finais de conferência, chegam os quatro melhores times da NFL e, em 2010, foram quatro das melhores defesas da liga: Jets, Steelers, Packers e Bears. Não poderia ser diferente: os dois jogos que definiram os participantes do Super Bowl XLV foram definidos pelas defesas – e ataques também.
Green Bay Packers e Chicago Bears fizeram a final da NFC, a Conferência Nacional da NFL, em mais uma noite inspirada de Aaron Rodgers, quarterback de Green Bay. Os dois times protagonizam a rivalidade mais antiga da história da liga e, mesmo assim, só haviam se enfrentado uma vez nos playoffs, quando o Chicago venceu, há mais de 70 anos atrás.
Desta vez, Rodgers não passou para nenhum TD, mas conquistou 244 jardas pelo ar e ainda anotou (mais) um TD correndo, mesmo sofrendo duas interceptações. Já a defesa de Green Bay, capitaneada por Clay Matthews, segurou o ataque de Chicago durante os três primeiros quartos quando o quarterback titular, Jay Cutler, se machucou, dando lugar ao reserva Todd Collins, que não entrou bem e foi substituído pelo jovem Caleb Hanie, que fez o que pôde (o time anotou 14 pontos com ele em campo), mas não evitou a vitória dos rivais, por 21 a 14.
Pela final da AFC, a Conferência Americana, mais uma batalha de defesas no Heinz Field, na Pennsylvania, entre o Pittsburgh Steelers e o New York Jets. Coincidentemente, os dois times, a exemplo de Packers e Bears, tinham, respectivamente, as posições 2 e 6 na pós-temporada. No entanto, os Steelers não deixaram a primeira final entre dois “números 6” da história acontecer e mostraram porque são os maiores campeões da NFL.
O primeiro tempo foi um verdadeiro massacre: 24x3 para os Steelers. Ben Roethlisberger lançou poucos passes, mas foi preciso quando foi necessário e o running back Rashard Mendenhall correu mais de cem jardas, fazendo com que os Steelers abrissem 24 pontos de vantagem, antes de New York chutar um field goal no final do primeiro tempo.
Já o segundo tempo também foi um massacre, mas do outro lado: 16x0 para os Jets. Mark Sanchez acordou e passou para dois touchdowns que acenderam a esperança do torcedor de New York. Porém, nos minutos finais, “Big Ben” anotou um passe fundamental para Antonio Brown, conquistando a última primeira descida da partida, selando a vitória dos Steelers: 24 a 19 para a equipe de Pittsburgh, que buscará seu sétimo Super Bowl, em oito participações, com esta.
Portanto, o Super Bowl XLV, que será realizado no Cowboys Stadium, em Dallas, terá o Pittsburgh Steelers, querendo conseguir ainda mais um título, e o Green Bay Packers que venceu os Super Bowls I, II e XXXI (em 1997). Os dois times foram os mais completos nos playoffs os que atacaram melhor e, principalmente, defenderam melhor. A batalha defesa x defesa será decidida de uma maneira diferente de uma das maiores máximas do esporte.
Em Dallas, no dia 5 de fevereiro de 2011, a melhor defesa será efetivamente a defesa, mesmo.
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Projeções no gelo: grandes rivalidades à vista em 2011
O torcedor brasileiro é altamente acostumado a mesas redondas e análises esportivas (entenda-se futebolísticas), embasadas ou não. Desde a segunda rodada de cada campeonato, os comentaristas já aquecem os motores da torcida, fazendo as mais diversas projeções.
Por exemplo, se o Paulistão terminasse hoje, o Santos seria o líder e enfrentaria o São Bernardo no mata-mata, assim como o São Paulo enfrentaria o Mogi Mirim, o Corinthians pegaria o Oeste e o Palmeiras estaria fora. Com duas rodadas, ainda não há muito há dizer, mas sempre vale tirar uma casquinha do rival. No entanto, nesse caso, não vamos falar de futebol.
A NHL é a liga profissional de hóquei no gelo dos Estados Unidos, considerada uma das quatro grandes ligas do país, juntamente com NBA (basquete), NFL (futebol americano) e MLB (baseball). Mesmo sendo campeonatos essencialmente americanos, das quatro, apenas a NFL não tem equipes do Canadá, para que o futebol canadense (diferente do americano) seja preservado localmente.
No caso da NHL, a história é diferente. Mesmo tendo seis equipes na liga, contra 24 norte-americanas, o Canadá constitui a grande força do hóquei no gelo. Isso porque mais de 500 jogadores são canadenses e isso equivale a mais da metade do total de atletas – em segundo lugar, estão os Estados Unidos, que possuem aproximadamente 200 jogadores.
Com este cenário, aliado às características do esporte em si, não é surpreendente esperarmos grandes rivalidades entre times e jogadores. E, para ligarmos a NHL às mesas redondas brasileiras, falemos do que o povo gosta: projeções. Se a temporada regular da NHL terminasse hoje, já teríamos três das maiores rivalidades da história logo na primeira rodada dos playoffs. O sistema é igual ao do Campeonato Paulista, da NBA e de diversos torneios pelo mundo: o primeiro colocado pega o oitavo, o segundo pega o sétimo e assim por diante.
Para começar, o Winter Classic deste ano pode ter uma revanche, já que Pittsburgh Penguins e Washington Capitals estão, respectivamente, na quarta e quinta posições da conferência Leste. As equipes possuem, em seus capitães, dois dos melhores jogadores da liga no momento: Sidney Crosby e Alexander Ovechkin, que não vão um com a cara do outro, o que acirra ainda mais a já histórica rivalidade.
“Sid” é, juntamente com Jonathan Toews, do Chicago Blackhawks, o jogador mais jovem a levantar a Stanley Cup como capitão de sua equipe. No ano da última conquista dos Penguins, em 2009, contra o Detroit Red Wings, o canadense tinha 22 anos. Já “Ovie” é o único jogador da história da NHL a ganhar os quatro principais troféus dados aos jogadores: artilheiro, líder em pontos, melhor jogador na temporada segundo os jogadores e MVP.
Ainda no Leste, o Boston Bruins está na segunda posição, enquanto o Montreal Canadiens está na sétima. Se assim permanecer até o final da temporada, será apenas mais uma vez que os rivais se encontrarão nos playoffs da liga. Bruins e Canadiens fazem parte das seis equipes originais da NHL, que existem desde 1927 e, desde então, foram aproximadamente 700 partidas entre si, contando temporada regular e playoffs, número maior do que qualquer confronto da história.
Dentre as 32 séries disputadas pelas duas equipes nos playoffs, a mais recente é justamente a do ano passado. Na ocasião, os Bruins terminaram a temporada regular com a primeira colocação da conferência Leste, enquanto os Canadiens ficaram com o oitavo e último posto. Foi a primeira vez que a equipe de Boston venceu por quatro jogos a zero, desde 1992.
Por fim, na conferência Oeste, Detroit Red Wings e Colorado Avalanche estão na segunda e sétima posições, respectivamente, e podem reeditar as verdadeiras batalhas no gelo dos anos 90 e 00. Tudo começou quando o goleiro-ícone do Avalanche, Patrick Roy, jogava no Montreal Canadiens e tomou nove gols em um único jogo, exatamente contra os Red Wings, e pediu para ser trocado. Seu destino foi exatamente a equipe do Colorado.
No intervalo de 1996 a 2002, as equipes se encontraram cinco vezes nos playoffs, com três vitórias do Avalanche e duas dos Red Wings. Todas as séries – e algumas partidas durante a temporada regular também – ficaram conhecidas como guerras no gelo, com extrema violência e ódio por parte dos jogadores. Em 1998, inclusive, Detroit foi palco de uma rara luta de goleiros: Roy contra Osgood (Veja aqui).
Projeções feitas, tudo é exatamente da mesma maneira como ocorre com o futebol brasileiro: ainda há bastante tempo para o final da temporada regular e tudo pode mudar. O palco para as discussões continua montado, mas os fãs da NHL e, principalmente, as torcidas das equipes rivais aguardam os playoffs da temporada 2010-2011. E que, se possível, termine do jeito que está.
Por exemplo, se o Paulistão terminasse hoje, o Santos seria o líder e enfrentaria o São Bernardo no mata-mata, assim como o São Paulo enfrentaria o Mogi Mirim, o Corinthians pegaria o Oeste e o Palmeiras estaria fora. Com duas rodadas, ainda não há muito há dizer, mas sempre vale tirar uma casquinha do rival. No entanto, nesse caso, não vamos falar de futebol.
A NHL é a liga profissional de hóquei no gelo dos Estados Unidos, considerada uma das quatro grandes ligas do país, juntamente com NBA (basquete), NFL (futebol americano) e MLB (baseball). Mesmo sendo campeonatos essencialmente americanos, das quatro, apenas a NFL não tem equipes do Canadá, para que o futebol canadense (diferente do americano) seja preservado localmente.
No caso da NHL, a história é diferente. Mesmo tendo seis equipes na liga, contra 24 norte-americanas, o Canadá constitui a grande força do hóquei no gelo. Isso porque mais de 500 jogadores são canadenses e isso equivale a mais da metade do total de atletas – em segundo lugar, estão os Estados Unidos, que possuem aproximadamente 200 jogadores.
Com este cenário, aliado às características do esporte em si, não é surpreendente esperarmos grandes rivalidades entre times e jogadores. E, para ligarmos a NHL às mesas redondas brasileiras, falemos do que o povo gosta: projeções. Se a temporada regular da NHL terminasse hoje, já teríamos três das maiores rivalidades da história logo na primeira rodada dos playoffs. O sistema é igual ao do Campeonato Paulista, da NBA e de diversos torneios pelo mundo: o primeiro colocado pega o oitavo, o segundo pega o sétimo e assim por diante.
Para começar, o Winter Classic deste ano pode ter uma revanche, já que Pittsburgh Penguins e Washington Capitals estão, respectivamente, na quarta e quinta posições da conferência Leste. As equipes possuem, em seus capitães, dois dos melhores jogadores da liga no momento: Sidney Crosby e Alexander Ovechkin, que não vão um com a cara do outro, o que acirra ainda mais a já histórica rivalidade.
“Sid” é, juntamente com Jonathan Toews, do Chicago Blackhawks, o jogador mais jovem a levantar a Stanley Cup como capitão de sua equipe. No ano da última conquista dos Penguins, em 2009, contra o Detroit Red Wings, o canadense tinha 22 anos. Já “Ovie” é o único jogador da história da NHL a ganhar os quatro principais troféus dados aos jogadores: artilheiro, líder em pontos, melhor jogador na temporada segundo os jogadores e MVP.
Ainda no Leste, o Boston Bruins está na segunda posição, enquanto o Montreal Canadiens está na sétima. Se assim permanecer até o final da temporada, será apenas mais uma vez que os rivais se encontrarão nos playoffs da liga. Bruins e Canadiens fazem parte das seis equipes originais da NHL, que existem desde 1927 e, desde então, foram aproximadamente 700 partidas entre si, contando temporada regular e playoffs, número maior do que qualquer confronto da história.
Dentre as 32 séries disputadas pelas duas equipes nos playoffs, a mais recente é justamente a do ano passado. Na ocasião, os Bruins terminaram a temporada regular com a primeira colocação da conferência Leste, enquanto os Canadiens ficaram com o oitavo e último posto. Foi a primeira vez que a equipe de Boston venceu por quatro jogos a zero, desde 1992.
Por fim, na conferência Oeste, Detroit Red Wings e Colorado Avalanche estão na segunda e sétima posições, respectivamente, e podem reeditar as verdadeiras batalhas no gelo dos anos 90 e 00. Tudo começou quando o goleiro-ícone do Avalanche, Patrick Roy, jogava no Montreal Canadiens e tomou nove gols em um único jogo, exatamente contra os Red Wings, e pediu para ser trocado. Seu destino foi exatamente a equipe do Colorado.
No intervalo de 1996 a 2002, as equipes se encontraram cinco vezes nos playoffs, com três vitórias do Avalanche e duas dos Red Wings. Todas as séries – e algumas partidas durante a temporada regular também – ficaram conhecidas como guerras no gelo, com extrema violência e ódio por parte dos jogadores. Em 1998, inclusive, Detroit foi palco de uma rara luta de goleiros: Roy contra Osgood (Veja aqui).
Projeções feitas, tudo é exatamente da mesma maneira como ocorre com o futebol brasileiro: ainda há bastante tempo para o final da temporada regular e tudo pode mudar. O palco para as discussões continua montado, mas os fãs da NHL e, principalmente, as torcidas das equipes rivais aguardam os playoffs da temporada 2010-2011. E que, se possível, termine do jeito que está.
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