O torcedor brasileiro é altamente acostumado a mesas redondas e análises esportivas (entenda-se futebolísticas), embasadas ou não. Desde a segunda rodada de cada campeonato, os comentaristas já aquecem os motores da torcida, fazendo as mais diversas projeções.
Por exemplo, se o Paulistão terminasse hoje, o Santos seria o líder e enfrentaria o São Bernardo no mata-mata, assim como o São Paulo enfrentaria o Mogi Mirim, o Corinthians pegaria o Oeste e o Palmeiras estaria fora. Com duas rodadas, ainda não há muito há dizer, mas sempre vale tirar uma casquinha do rival. No entanto, nesse caso, não vamos falar de futebol.
A NHL é a liga profissional de hóquei no gelo dos Estados Unidos, considerada uma das quatro grandes ligas do país, juntamente com NBA (basquete), NFL (futebol americano) e MLB (baseball). Mesmo sendo campeonatos essencialmente americanos, das quatro, apenas a NFL não tem equipes do Canadá, para que o futebol canadense (diferente do americano) seja preservado localmente.
No caso da NHL, a história é diferente. Mesmo tendo seis equipes na liga, contra 24 norte-americanas, o Canadá constitui a grande força do hóquei no gelo. Isso porque mais de 500 jogadores são canadenses e isso equivale a mais da metade do total de atletas – em segundo lugar, estão os Estados Unidos, que possuem aproximadamente 200 jogadores.
Com este cenário, aliado às características do esporte em si, não é surpreendente esperarmos grandes rivalidades entre times e jogadores. E, para ligarmos a NHL às mesas redondas brasileiras, falemos do que o povo gosta: projeções. Se a temporada regular da NHL terminasse hoje, já teríamos três das maiores rivalidades da história logo na primeira rodada dos playoffs. O sistema é igual ao do Campeonato Paulista, da NBA e de diversos torneios pelo mundo: o primeiro colocado pega o oitavo, o segundo pega o sétimo e assim por diante.
Para começar, o Winter Classic deste ano pode ter uma revanche, já que Pittsburgh Penguins e Washington Capitals estão, respectivamente, na quarta e quinta posições da conferência Leste. As equipes possuem, em seus capitães, dois dos melhores jogadores da liga no momento: Sidney Crosby e Alexander Ovechkin, que não vão um com a cara do outro, o que acirra ainda mais a já histórica rivalidade.
“Sid” é, juntamente com Jonathan Toews, do Chicago Blackhawks, o jogador mais jovem a levantar a Stanley Cup como capitão de sua equipe. No ano da última conquista dos Penguins, em 2009, contra o Detroit Red Wings, o canadense tinha 22 anos. Já “Ovie” é o único jogador da história da NHL a ganhar os quatro principais troféus dados aos jogadores: artilheiro, líder em pontos, melhor jogador na temporada segundo os jogadores e MVP.
Ainda no Leste, o Boston Bruins está na segunda posição, enquanto o Montreal Canadiens está na sétima. Se assim permanecer até o final da temporada, será apenas mais uma vez que os rivais se encontrarão nos playoffs da liga. Bruins e Canadiens fazem parte das seis equipes originais da NHL, que existem desde 1927 e, desde então, foram aproximadamente 700 partidas entre si, contando temporada regular e playoffs, número maior do que qualquer confronto da história.
Dentre as 32 séries disputadas pelas duas equipes nos playoffs, a mais recente é justamente a do ano passado. Na ocasião, os Bruins terminaram a temporada regular com a primeira colocação da conferência Leste, enquanto os Canadiens ficaram com o oitavo e último posto. Foi a primeira vez que a equipe de Boston venceu por quatro jogos a zero, desde 1992.
Por fim, na conferência Oeste, Detroit Red Wings e Colorado Avalanche estão na segunda e sétima posições, respectivamente, e podem reeditar as verdadeiras batalhas no gelo dos anos 90 e 00. Tudo começou quando o goleiro-ícone do Avalanche, Patrick Roy, jogava no Montreal Canadiens e tomou nove gols em um único jogo, exatamente contra os Red Wings, e pediu para ser trocado. Seu destino foi exatamente a equipe do Colorado.
No intervalo de 1996 a 2002, as equipes se encontraram cinco vezes nos playoffs, com três vitórias do Avalanche e duas dos Red Wings. Todas as séries – e algumas partidas durante a temporada regular também – ficaram conhecidas como guerras no gelo, com extrema violência e ódio por parte dos jogadores. Em 1998, inclusive, Detroit foi palco de uma rara luta de goleiros: Roy contra Osgood (Veja aqui).
Projeções feitas, tudo é exatamente da mesma maneira como ocorre com o futebol brasileiro: ainda há bastante tempo para o final da temporada regular e tudo pode mudar. O palco para as discussões continua montado, mas os fãs da NHL e, principalmente, as torcidas das equipes rivais aguardam os playoffs da temporada 2010-2011. E que, se possível, termine do jeito que está.
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