Quando a diretoria do São Paulo contratou o jovem Rogério, há 20 anos atrás, junto ao desconhecido Sinop, do estado do Mato Grosso, não imaginava que proporções isso poderia tomar. Talvez nem soubessem que ele batia faltas.
Rogério era reserva de Zetti nas campanhas vitoriosas do Campeonato Brasileiro de 1991 e o bi-Libertadores e bi-Mundial, de 1992-93 e, diferentemente do que se faz hoje – atualmente, os times costumam ir atrás de novos goleiros, em vez de aproveitar os reservas – virou titular do time em 1997, quando Zetti deixou o São Paulo.
Foi no mesmo ano em que o “novo” goleiro do São Paulo avançou da sua meta para bater suas primeiras faltas próximas à grande área dos adversários. E, em 15 de fevereiro de 1997, contra o União São João de Araras, e em sua quarta cobrança, Rogério marcou o seu primeiro gol.
Para o torcedor, uma grata surpresa que, com o passar dos anos, virou uma competição com o goleiro paraguaio Chilavert. O paraguaio já fazia os seus gols de falta, principalmente de pênalti, e encerrou sua carreira com 62 gols.
Desse momento em diante, foram muitos gols, em partidas normais e importantes. No entanto, Rogério nunca deixou de fazer o que sua profissão pede: defender o gol. Tanto que, para muitos, sua melhor atuação foi na final do Mundial de Clubes de 2005, contra o Liverpool. Na ocasião, o goleiro não fez gols, mas evitou e fez uma defesa incrível, em uma falta batida pelo meia Steven Gerrard (veja aqui).
Com o tempo, ele adotou o sobrenome e virou Rogério Ceni e não parou de defender e fazer gols. Porém, nenhum deles foi mais comemorado do que o marcado contra o Corinthians, no dia 27 de março de 2011.
O São Paulo não vencia o rival há quatro anos e, antes da partida, Rogério tinha 99 gols. Foi quando, aos 8 minutos do segundo tempo, o goleiro teve uma oportunidade de entrar, mais ainda, para a história. E entrou. E aconteceu ali, na Arena de Barueri e em pleno ano do Centenário do Timão, o 100º gol de Rogério Ceni, para a alegria dos tricolores e tristeza dos corintianos.
Hoje, Rogério é o jogador com mais atuações pelo São Paulo na história (965) e o maior goleiro artilheiro da história do futebol, com 100 gols. Pelé e Romário – segundo suas contas – fizeram mais de mil, como atacantes. Para um goleiro, a marca dos 100 é equivalente.
No entanto, ao ser comparado com o Rei do Futebol, Ceni foi claro: “Pelé é Pelé. A única coisa que eu sou melhor do que o Pelé é no gol.” Um artilheiro, mas, antes de tudo, um goleiro. O maior goleiro da história do São Paulo, um dos melhores do Brasil e do mundo.
Parabéns, Rogério Ceni.
Ps.: Veja aqui grandes gols da carreira de Rogério Ceni e o centésimo gol, com a narração incrível de Paulo Soares, da Estadão/ESPN)
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