Mesmo tendo dito que chegaria até o fim de 2011, ele se aposenta, após ter vivido duas das piores temporadas de sua carreira. Uma, se pensarmos que este ano mal começou. Foram doze gols em 27 jogos no ano passado e nenhum gol em quatro partidas em 2011.
Foram duas eliminações da Copa Libertadores da América, em pleno(s) ano(s) de centenário do Corinthians. Mas antes disso, ele havia provado ser capaz de jogar futebol novamente, em 2009. Foi graças a ele que o Corinthians ao menos teve a chance de disputar a competição intercontinental. Graças ao título da Copa do Brasil, que veio quase um mês depois do título paulista, conquistado de forma invicta.
Nesta temporada, de 2009, ele marcou 23 gols, em 38 partidas. Alguns deles, calando seus críticos e alegrando os torcedores, não só os do Corinthians, mas os do bom futebol. No dia 26 de abril de 2009, ele fintou o lateral-esquerdo do Santos, Triguinho, e bateu de cobertura, de fora da área, encobrindo o goleiro Fábio Costa (veja aqui). Dias antes, ele deixou a defesa do São Paulo para trás numa corrida como há muito não se via para marcar o gol da classificação corintiana para as finais, contra o Santos (veja aqui).
Ele havia sido contratado pelo Timão após uma passagem apagada pelo Milan, onde jogou pouco – 20 jogos em duas temporadas – e fez nove gols. Ele ainda estava sendo considerado acima do peso, mas o time italiano confiava nele. Mesmo depois de sua participação na Copa do Mundo de 2006, quando a seleção brasileira foi eliminada nas quartas-de-final, pela França.
Foram três gols em cinco jogos, sendo que no último, contra a seleção de Gana, driblou o goleiro africano e, ao bater para o fundo das redes no Westfalenstadion, na Alemanha, tornou-se o maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 15 gols marcados (veja aqui).
Antes disso, foram cinco temporadas pelo Real Madrid, de 2002 a 2007, nas quais o time se sagrou campeão espanhol justamente em sua primeira e última participações: 2002 e 2007. O clube merengue havia o contratado após ele calar todos os seus críticos na campanha do pentacampeonato brasileiro na Copa do Mundo do Japão e da Coreia, também em 2002.
Para muitos, esse foi um dos melhores anos de sua carreira. Afinal, foi uma incontestável – e inesperada – volta por cima. Oito gols em sete partidas, sendo dois na grande final contra a Alemanha. Além disso, foi responsável pela popularidade do penteado estilo Cascão, que, na época, se tornou tão popular quanto o moicano de Neymar atualmente.
A Copa de 2002 foi uma volta por cima após as três últimas temporadas pela Internazionale de Milão terem sido desastrosas. Não por más atuações, mas por lesões gravíssimas, nos dois joelhos. Na temporada 2000-01, ele nem chegou a jogar. Em 1999-00, até tentou. Voltou à campo contra a Lazio, mas na primeira pedalada que arriscou, foi ao solo (veja aqui).
Outro motivo para 2002 ter sido uma volta por cima, foi a Copa do Mundo de 1998. O Brasil havia perdido um jogo, para a Noruega na fase de grupos, mas chegava extremamente confiante para a final contra a seleção dona da casa: a França. No entanto, minutos antes do jogo no estádio de Saint-Denis, seu nome não estava no time titular do Brasil. Ele havia tido uma convulsão no hotel e não estava passando bem o suficiente para jogar. Mas jogou e o Brasil foi derrotado, por três gols a zero.
Era incontestável que ele deveria jogar. As expectativas criadas em torno dele antes da Copa eram enormes, já que vinha de duas incríveis temporadas, pela Inter, em 1997-98 e a surpreendente 1996-97, pelo Barcelona. Aquela foi a única temporada em que ele jogou pelo clube catalão e a primeira em que ele foi eleito o melhor do mundo pela Fifa. Foi nesta temporada, também, que ele marcou o mais belo gol de sua carreira, contra o Compostela (veja aqui).
Na época, ele recebeu, também, o apelido que levou por toda sua carreira: Fenômeno.
Assim como Romário, ele havia feito o caminho Eindhoven-Barcelona. Foram 67 gols em 71 partidas oficiais pelo PSV, de 1994 a 1996. Fez 30 desses gols em 1994-95, sagrando-se artilheiro do campeonato holandês, com doze gols à frente do centroavante Patrick Kluivert.
Meses antes de estrear pelo PSV Eindhoven, foi convocado para disputar a Copa do Mundo, nos Estados Unidos. Vestiu a camisa 20, nem chegou a entrar em campo, mas viu a equipe ser tetracampeã.
Chegou à seleção brasileira como um centroavante jovem e franzino, de 17 anos de idade. Na época, defendia o Cruzeiro, time pelo qual estreou em 1993, no Campeonato Brasileiro. Jogou 14 partidas e marcou 12 gols, sendo cinco em apenas um jogo, contra o Bahia.
Uma das regras do texto jornalístico é a pirâmide invertida, que diz que a informação mais importante deve ser colocada nos primeiros parágrafos do texto. No entanto, se você leu até aqui, deve ter percebido que este texto não respeitou essa regra e foi escrito de trás para frente. O que deve ser lembrado ao fim da carreira de Ronaldo Luiz Nazário de Lima não é o jogador cansado que disse pensar uma jogada, mas não conseguir executá-la.
Ronaldo é o maior artilheiro das Copas do Mundo, com 15 gols. Marcou mais de 400 vezes pelos sete clubes pelos quais jogou e foi eleito o melhor jogador do mundo em três anos: 1996, 1997 e 2002. O que se espera, é que a imagem do agora ex-jogador seja lembrada pelo que fez e não por aquilo que deixou de fazer.
A carreira de Ronaldo nunca teve pirâmides invertidas, com informações mais importantes. Mas teve, sim, gols que ele nunca parou de fazer e que, depois de 18 anos, quando parou, sentiu a hora de parar, no dia 13 de fevereiro de 2011.
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