domingo, 13 de março de 2011

Uma facada nas costas: o amor à camisa na NBA

Gerald Wallace nasceu no estado do Alabama, em 1982 e apareceu para o mundo do basquete no ano 2000. O ala foi premiado com o Naismith Prep Player of the Year Award, prêmio dado ao melhor jogador do colegial no ano, que já havia sido concebido, em 1996, a um certo garoto chamado Kobe Bryant.

Em seguida, ele atuou pela universidade de seu estado por apenas um ano e chegou a NBA em 2001, draftado pelo Sacramento Kings, do estado da Califórnia, bem longe de sua casa. Wallace atuou pela equipe por três temporadas e foi pouco aproveitado. Reserva, mal entrava em quadra naquela que é considerada por muitos como uma das melhores equipes da história dos Kings, com Mike Bibby, Doug Christie, Peja Stojakovic, Chris Webber e Vlade Divac.

Três anos depois, a primeira grande mudança na carreira de Wallace na NBA aconteceu com a entrada de um novo time na liga: Os Charlotte Bobcats, que tinham nos bastidores, e hoje têm como presidente, ninguém menos do que Michael Jordan. Justamente por ser uma equipe nova, precisavam de um elenco completo e o ala foi um dos escolhidos para integrar o grupo dos Bobcats, no time titular.

Foi durante sua carreira em Charlotte, cidade no estado da Carolina do Norte, próximo ao Alabama, que Wallace recebeu um apelido, como é comum a vários jogadores da NBA. “Crash” foi o codinome escolhido, já que ele jogava sem dó do próprio corpo, usando o máximo possível de raça e vontade e isso o levava, consequentemente, a frequentes contusões.

No entanto, além de ser “raçudo”, Gerald Wallace rapidamente se tornou um jogador fundamental para os Bobcats, aumentando, e muito, suas estatísticas em relação às antigas, da passagem pelos Kings. Em Sacramento, Wallace tinha uma média de menos de 4 pontos por jogo, enquanto em Charlotte ele alcançou 19.4, na temporada 2007-08.

Justamente nessa temporada, em fevereiro, o ala sofreu uma grave concussão (até então, a quarta na carreira pelos Bobcats), perdeu vários jogos e não tinha retorno definido, mas voltou a jogar pouco tempo depois. Além da melhor média de pontos de sua carreira, Wallace também teve a melhor média de assistências e de minutos jogados.

O auge do jogador veio em 2009-10. Capitão do Charlotte Bobcats, Gerald Wallace conduziu a franquia à sua primeira aparição nos playoffs da história, foi o primeiro jogador dos Bobcats a ser escolhido para um All-Star Game e para um Slam Dunk Contest (Campeonato de Enterradas), integrou a equipe dos melhores jogadores de defesa da liga e a seleção norte-americana do pré-olímpico de basquete masculino.

A temporada de 2010-11 reservaria a Wallace a segunda grande mudança em sua carreira, mas, desta vez, uma mudança diferente. O mercado de trocas na NBA estava aberto até o dia 24 de fevereiro e, até o dia 23, segundo o próprio jogador, não havia nada que pudesse indicar uma possível troca. Porém, não foi isso que aconteceu.

Wallace foi envolvido em um negócio incrível: se mudou de Charlotte para Portland, para jogar pelos Trail Blazers, enquanto Dante Cunningham, Joel Przybilla e Sean Marks foram para os Bobcats. Além disso, a então ex-equipe de Gerald Wallace receberá dois novatos de primeiro round (um em 2011 e outro em 2013), mais um valor não divulgado, em dinheiro.

Portland se localiza no estado do Oregon, ainda mais longe do Alabama e, apesar dos Blazers possuírem uma grande equipe nesta temporada, com grandes chances de ir aos playoffs, o cenário não é suficiente para a felicidade da mais nova estrela da franquia.

“Uma facada nas costas”. Foi assim que Wallace definiu a troca que o levou a Portland. Segundo ele próprio, sua ideia era se aposentar em Charlotte. “Na verdade, eu achava que quando eu deixasse de vestir um uniforme dos Bobcats, seria porque eu teria finalizado minha carreira no basquete”, completou.

Hoje em dia, o amor à camisa, que já é raro em vários esportes, como o futebol, torna-se praticamente desprezível na NBA. Afinal, as equipes fazem os negócios pensando no futuro das franquias e como reforçar os elencos de maneira mais econômica, com jogadores dos drafts futuros.

Na noite do dia 11 de março, Gerald voltou a Charlotte pela primeira vez, com a camisa do Portland e foi homenageado com um tributo, que foi ao ar no telão do ginásio. Aplaudido por todos, Wallace foi, inclusive, apresentado pelo locutor oficial da Time Warner Cable Arena, mesmo sendo do time adversário, da maneira como era antes, quando era jogador da equipe dos Bobcats. (veja aqui o vídeo)

No release oficial da troca (veja aqui, em inglês), o gerente geral da equipe, Rob Higgins, agradeceu a Wallace por toda sua contribuição para os Bobcats, dentro e fora de quadra, além de dizer que a decisão da troca foi a mais interessante encontrada para o futuro da franquia de Charlotte. Gerald Wallace é o líder histórico da franquia dos Charlotte Bobcats em jogos, minutos jogados, pontos, roubadas de bola, rebotes defensivos, arremessos de quadra tentados e certos e lances livres tentados e certos. Porém, Wallace não era apenas a maior estrela de Charlotte, mas, também, o jogador mais caro da equipe.

E, para o futuro, não existem jogadores caros. E, infelizmente, nem amor à camisa. Aliás, até existe, mas é desprezível.

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