O patriotismo não é o sentimento mais forte e característico
do brasileiro. Sem citar antigos eventos políticos, como as Diretas Já e o
Impeachment de Collor, é difícil ver o povo brasileiro fazer alguma coisa pela
pátria em tempos que o “xingar muito no Twitter” resolve. Aliás, o orgulho de
ser brasileiro existe, sim, em duas ocasiões: Copa do Mundo de futebol e
Olimpíadas.
A torcida se empolga, fica em pé, canta o hino nacional e
grita “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Os atletas
olímpicos, em sua maioria, se esforçam bastante, mas alguns estão longe de
chegarem a níveis competitivos para brigarem por medalhas. Enquanto os
jogadores de futebol, salvo algumas exceções, mal sabem que as cores do
uniforme – verde, amarelo, azul e branco – estão ali por fazerem parte da nossa
bandeira e não do escudo da CBF.
O Brasil já deixou de ser um país conhecido pela magia de
seu futebol e pela grande vocação para revelar jogador bom atrás de jogador
bom. Em tempos que existia Ronaldinho, Robinho já dava suas primeiras pedaladas
e Neymar já era um nome especulado pelo Real Madrid. O tempo passou e, hoje,
Neymar é o grande nome e não vemos ninguém mais jovem dar pedaladas. Pelo
contrário, contratamos estrangeiros bons de bola, repatriamos velhos jogadores
(consagrados ou não) e fazemos com que o nosso futebol perca o seu futuro pouco
a pouco.
Enquanto isso, outro esporte começa a dar os seus passos por
aqui: o rugby. E talvez seja a hora de uma “reciclagem” mesmo. Estamos em tempo
de Copa do Mundo (de rugby) e o esporte vai às alturas. Trata-se da terceira
competição esportiva mais assistida no mundo. Não estamos classificados para as
Olimpíadas de 2012 em Londres e, incrivelmente, nem do Rio de Janeiro em 2016,
mesmo sendo o país sede, mas podemos abrir os olhos para o poder que o rugby
tem e para o que ele é capaz de construir.
Esse
comercial da Heineken sobre a Copa explica muito bem o que é o rugby: um
esporte de tradição (usamos roupas típicas, na torcida, e dançamos, em campo),
respeito (aos nossos irmãos, mesmo em uma colisão de duas toneladas, e ao
árbitro, não importa o quanto ele apite) e patriotismo (respeitamos o hino
adversário até quando ele próprio o assassina, cantando mal).
Por mais que não gostemos de acreditar, é uma total antítese
do futebol. Algumas tradições estão morrendo, vítimas do chamado futebol
moderno, e não há respeito ao árbitro e muito menos aos adversários. Mas,
principalmente não há amor à camisa. Não há patriotismo. O jogador brasileiro
é, atualmente, convocado para defender a CBF, e não a pátria. Clubes dificultam
a liberação de alguns jogadores, meras peças de um jogo de xadrez, às seleções
de seus países, como se o fato de cada um defender o seu país, o seu povo, a
terra onde nasceu, não fosse importante.
As seleções de rugby têm, sim, um escudo próprio. Nenhuma
das equipes da Copa do Mundo de 2011 terá apenas uma bandeira no uniforme, mas
sim os escudos de suas respectivas federações. No entanto, vale o amor à
pátria, vale o “defender o povo”, o respeitar a tradição, o respeito aos
adversários e à arbitragem. E vale cantar o hino de seu país, como se fosse um
grito de guerra, como um canto para dar força antes de uma batalha.
“Mas a torcida brasileira canta o hino nacional nos jogos.”
Sim, a torcida canta. Mas e os jogadores? Jogadores de várias seleções do mundo
(principalmente os brasileiros), mal sabem cantar os hinos de seus países. E o
que acontece no rugby? Justamente o oposto: mesmo com o escudo das federações
no uniforme, vale a bandeira carregada no peito. Vale o hino cantado por cada um
deles.
Melhor do que explicações, provas:
Hino
Nacional Português: A Portuguesa (*Portugal não é um país de tradição no
rugby e esse é um vídeo da primeira – e única, até então – participação portuguesa
na Copa do Mundo, em 2007)
Uma das maiores demonstrações de tradição e amor à pátria do
rugby não é um hino nacional e, sim, uma dança. O Haka é uma dança tradicional
o povo maori, nativo da Nova Zelândia, e realizada pela seleção de rugby local,
os All Blacks, antes de todo e qualquer jogo. É uma dança tanto de incentivo a
quem faz, quando de intimidação aos adversários. Veja aqui
uma demonstração do Haka, antes de um jogo na própria Nova Zelândia.
Agora, imagine você, o belo Hino Nacional Brasileiro cantado
em uníssono por um estádio inteiro e, com paixão semelhante, pelos jogadores,
antes de uma partida de qualquer esporte. Em nosso cenário atual, é difícil. Mas
o rugby pode abrir portas, inclusive algumas fechadas pelo próprio futebol.
Basta que resgatemos as tradições, o patriotismo e o respeito.
Antes de vestir um escudo de federação, valem mais as cores
da bandeira que ele representa, as tradições que um país carrega ao longo de
sua história e o respeito, que deveria ser obrigatório a todos. Vamos abrir os
olhos para a Copa do Mundo e ter uma aula: é assim que se pratica um esporte.
falou e disse, that's the way you do it... ou no nosso caso.. that's the way we should do it...
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