terça-feira, 12 de outubro de 2010

SWU: Último Dia, últimas impressões

Não visitei a Fazenda Maeda no domingo. Portanto, volto a falar por aqui apenas do terceiro e último dia do Festival SWU, começando pela mesma frase com a qual terminei o texto anterior: nunca crie um festival cujo nome rime com cu.

Foram filas enormes, preços abusivos, banheiros que não merecem comentários e lixo por todos os cantos. A sustentabilidade foi o último tema levado em conta, sendo que era o principal assunto do evento, com a realização de fóruns, inclusive.

Cornetadas a parte, o último dia estava frio e mais vazio do que o primeiro, provavelmente, pelo menos à primeira vista, mas estava bem intenso. Quando cheguei, o Gloria estava no palco e, quando entrei, o Cavalera Conspiracy já estava em seu momento – tamanha a demora nas filas de entrada.

Iggor e Max Cavalera mostraram o mesmo entrosamento que levou o Sepultura a ser o que é hoje: a maior banda brasileira conhecida no exterior. Por esse motivo, os irmãos não poderiam deixar de tocar as músicas da velha banda. Attitude, Refuse/Resist e, obviamente, Roots Bloody Roots, fizeram parte do set que levou o público ao delírio, juntamente com a presença de palco de Max.

Minutos depois, foi a vez do Avenged Sevenfold subir ao Palco Vento e deixar a plateia sem voz. Com a morte do baterista Jimmy “The Rev” Sullivan, Mike Portnoy, do Dream Theater foi convidado a completar o time na gravação do álbum Nightmare e na turnê de divulgação do mesmo. Aqui no Brasil, não foi diferente.

Ao contrário da primeira apresentação do A7X em terras brasileiras, M. Shadows e companhia estavam menos nervosos e não precisaram entrar no palco bêbados para aguentarem o tranco. Com um setlist de aproximadamente uma hora, a banda cativou, e muito, o público brasileiro e prometeu voltar, com mais tempo para mais músicas, em uma breve próxima vez.

Em seguida, era a vez do Incubus que, como o Avenged Sevenfold, vinha ao Brasil pela segunda vez e com menos nervosismo. Brandon Boyd parecia mais a vontade no palco, de maneira que até conversou com a plateia, como não havia feito em 2007. Mesmo assim, o Incubus agradou a gregos e troianos que não conheciam muito bem a banda e se cativaram com músicas como Oil and Water e Wish You Were Here.

Nota: ainda espero que o Incubus tocar Stellar e o Avenged Sevenfold toque Chapter Four, no Brasil.

De volta ao Palco Vento, talvez o maior público da última noite do SWU era o que aguardava o Queens of the Stone Age. A banda passou pelo Brasil no Rock in Rio de 2001 e ficou conhecida pela polêmica escolha do então baixista, Nick Olivieri, de fazer o show nu (Nick foi forçado a colocar uma calça e preso após a apresentação).

O enorme público presenciou o primeiro atraso do festival, que contava com a pontualidade como seu ponto forte, até então. A banda subiu ao palco quase uma hora depois do previsto, após uma explicação de “delay técnico”, vinda da produção, e vários gritos “SWU, vai tomar no cu”, vindos daqueles que esperavam o Queens.

Josh Homme fez bonito e agradeceu depois de cada música que tocou, desde Feel the Good Hit of Summer até A Song for the Dead. Valeu até a brincadeira: “aqui vai uma música que toooodos vocês conhecem”, disse Josh, antes do hit, No One Knows.

Com o atraso antes do show do Queens of the Stone Age, a organização do Festival fez questão de tentar agilizar as coisas, colocando os Pixies pra trabalhar logo após os Queens, sem tempo para o público respirar e trocar de palco. Dos Pixies, eu conhecia Here Comes Your Man, apenas, e essa foi a minha hora para respirar e sentir frio, fora da multidão fumante (possível de ser entendido em todos os sentidos).

Novamente, sem tempo para respirar, o Linkin Park já estava começando a sua apresentação, que, teoricamente, fecharia a parte rock’n’roll do SWU. O novo álbum da banda saiu há pouco tempo e muitos não conheciam muito bem as músicas, sendo que das 15 presentes no “ A Thousand Suns”, 13 foram tocadas na Fazenda Maeda.

Se for levado em conta o total de 25 músicas, 50% foram canções do novo álbum da banda. Certamente, boa parte do público esperava – e queria – ouvir as músicas dos dois primeiros lançamentos do Linkin Park: Hybrid Theory e Meteora. Resultado: várias pessoas saíram antes mesmo da apresentação da banda acabar.

Mike Shinoda parece estar mudado, diferente, mais calmo, mais cansado. Não é mais apenas o “vocalista de rap” do Linkin Park. Enquanto Chester Bennington, no entanto, continua enérgico e gritando, como sempre fez nas apresentações ao vivo da banda. One Step Closer valeu a noite, apesar das inúmeras ausências de músicas antigas no setlist escolhido para o Brasil.

Por fim, o DJ holandês Tiësto encerrava o SWU enquanto eu enfrentava a fila de carros, bem menor do que no primeiro dia de Festival, para deixar a Fazenda Maeda.

Considerações finais:
·         A sustentabilidade foi totalmente deixada de lado nos três dias de SWU. Havia lixo por todos os lados;
·         A preocupação com a economia de água foi tanta, que não havia a possibilidade de se lavar as mãos após a utilização dos banheiros, se é que podem ser chamados assim;
·         Algumas coisas como guarda-chuvas, canetas, escovas de dente e comprimidos para dor de cabeça foram barrados na revista de entrada, enquanto do lado de dentro da arena, cigarros, maconha e outras drogas eram consumidas livremente por algumas pessoas, sem fiscalização alguma.
·         A ideia de um grande festival é ótima para o Brasil e o local foi bem escolhido, apesar da dificuldade de acessos e filas. Muitas pessoas (ainda não há números oficiais) estavam presentes e afim de diversão, com música;
·         As atrações foram bem escolhidas e não houve repulsa a nenhuma das que eu vi tocar (vale citar como exemplo o Carlinhos Brown, no Rock in Rio de 2001). A arena era (bem) grande e dava pra fugir caso o artista em apresentação não agradasse.

O SWU foi uma ótima ideia, mas com má execução. A começar pelo nome: nunca crie um festival cujo nome rime com cu, a primeira impressão é a que fica.

Um comentário:

  1. Algumas coisas como guarda-chuvas, canetas, escovas de dente e comprimidos para dor de cabeça foram barrados na revista de entrada, enquanto do lado de dentro da arena, maconha e outras drogas eram consumidas livremente, sem fiscalização alguma"

    parte pior da noite com certeza foi essa.

    PS. nunca tente agilizar e fazer o pedido de comida pra vc e seus amigos, as atendentes sao burras de mais pra fazer a conta final, resultado: vc fica hrs tentando pegar o q comer ¬¬

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