Ontem, 9/10, foi o primeiro dia do festival de música e arte SWU (Starts With You) e tudo aquilo que se vê nos portais de notícias hoje são matérias a respeito de falta de organização e dos “imprevistos” ocorridos no show do Rage Against the Machine. Foram filas intermináveis, na entrada, na saída e durante o evento – nos restaurantes, banheiros e etc – além do principal tema do evento, a sustentabilidade, ter sido deixado de lado.
Embalagens de comida e bebida, como latas, garrafas, copos plásticos, guardanapos, bandejas e tudo mais, lotavam as poucas latas de lixo colocadas não tão estrategicamente assim na Fazenda Maeda, local onde foi realizado o evento. Com isso, as milhares de pessoas presentes jogavam o lixo onde estava mais perto, o chão.
Mas não é disso que eu quero falar. Cheguei de tarde e não acompanhei todos os shows, mas gostaria de falar de alguns em particular, coisa que eu não vi, ainda.
Ao pisar na arena da Fazenda Maeda, ouvi, ao longe, “Infectious Grooves”! E lá estavam no palco, liderados por Mike Muir, do Suicidal Tendencies, fazendo um som extremamente particular, técnico, pesado e com mais uma série de adjetivos. O destaque fica para Violent and Funky, com uma linha de baixo extremamente rápida e complicada, composta por Robert Trujillo, baixista da banda na época da música.
Quando os Mutantes entraram no palco, muitos aproveitaram para ir ao banheiro e comer. Confesso que fui um deles e não aproveitei muito o show de Sérgio Dias e sua trupe. Aliás, vale uma ressalva por conta do banheiro masculino: as cabines eram apenas figurativas, já que passada a parede construída, a área já poderia ser considerada como banheiro.
De volta à pista, estavam no palco os Los Hermanos, sem fazer shows periodicamente e escolhidos pelo público como banda nacional a tocar no SWU. Os último shows dos cariocas haviam sido na abertura das apresentações do Radiohead no Brasil, no ano passado. Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo pareciam empolgados com o público, agradecendo a todo momento e dizendo estar contentes com a oportunidade que lhes foi dada.
Nota: Durante a música “O Vencedor”, enquanto eu cantava e pulava com meus amigos, um cara, espantado com o nosso comportamento, pediu “vocês tem um doce aí?”. Não, não tínhamos.
Terminado o show dos Los Hermanos no palco Vento, o relógio marcava 20h50 em ponto, que era o horário previsto para o término do show no Lineup oficial do site do evento. A próxima banda, o Mars Volta, entraria no palco Água às 20h58 e foi exatamente o que aconteceu. A ideia dos dois palcos me pareceu estranha no começo, mas funcionou bem e os horários foram muito bem respeitados.
O guitarrista Omar Rodriguez-Lopez e o vocalista Cedric Bixler-Lavala lideraram a apresentação que durou cerca de uma hora e surpreendeu o público mais pela dificuldade das linhas tocadas e dos tempos complicados do que pela interação, em si. Ouvi um comentário que explica bem o show do Mars Volta: “eles tocam muito, mas parece que esqueceram que tinha um público pra eles aqui. Não falaram com a plateia em momento algum!”
Enfim, chegava o momento mais esperado da noite. O número de pessoas presentes no primeiro dia do SWU ainda não foi divulgado pela organização, mas, com certeza, mais de 90% do público presente estava lá por um único motivo: Rage Against the Machine. Talvez, tenha sido a única apresentação que não começou no horário, mas por conta de alguns minutos, apenas.
Zack de La Rocha, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk subiram ao palco e começaram com uma porrada na orelha de quem estava presente: Testify iniciou o que seria um show histórico. Quando me dei conta, já estava na grade da pista normal, levado pelo fluxo de gente que tentava avançar na base do empurra-empurra.
Passados alguns minutos de show, o Rage Against foi forçado a parar, devido a alguns espertinhos invadindo a pista VIP, fato retratado pelos grandes portais, conforme dito antes, e que não será levado em conta aqui. Outro fato como esse, que também não será comentado, foi o “tilt” no sistema de som, que fez a banda parar por mais alguns minutos.
Vale falar, apenas, que o público gritou: “Ei, SWU, vai tomar no cu!”
Com hits como Know Your Enemy, Bullet in the Head, Guerrilla Radio e Sleep Now in the Fire, os americanos não parariam mais e, com isso, o público também não. Obviamente, o melhor ficou para o final. As duas músicas escolhidas para terminarem o show foram Freedom, seguida por Killing in the Name, sem dar tempo para ninguém respirar.
No Twitter, Tom Morello subiu ao topo dos TTBr por usar um boné do MST durante a apresentação. Ok, a banda apoia a causa e dedicou People of the Sun ao movimento, mas isso não foi maior do que o conjunto da obra. Um show perfeito, para quem esperava havia muito tempo, desde que a banda “encerrou” suas atividades, em 2000, e voltou no ano passado.
O congestionamento de carros na saída era evidente e previsível. Mesmo assim, muitos não ficaram satisfeitos com o que viram e com o que passaram, como esse que vos escreve. No entanto, o mais importante a se falar do primeiro dia do SWU foi a desorganização em alguns pontos, é claro, mas principalmente, o Rage Against the Machine.
Um amigo meu comentou, antes do show do Rage Against começar: “nunca faça um festival cujo nome rime com cu, em algum momento a galera vai rimar.” Eu completo o comentário, dizendo: só faça isso se tiver uma carta na manga, como o Rage Against the Machine. No final, críticas da imprensa a parte, quem estava lá nem vai se lembrar da rima.
L O L
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