Lionel Messi é, indiscutivelmente, o melhor jogador do mundo. O argentino foi autor de 34 gols, em 35 jogos na última temporada pelo Barcelona, isso sem falar no(s) show(s). Na África do Sul, ele tentou, mas não conseguiu furar os bloqueios adversários. Todos os holofotes estavam virados em sua direção e os zagueiros, também.
Começa a temporada 2010-2011 na Europa e um jogador chama a atenção nos campos espanhóis. O nome dele? Messi, obviamente. Em um time cheio de estrelas e base da seleção campeã do mundo, o argentino é o destaque. Imagine aquele time da Espanha que entrou em campo no Soccer City no dia 11/7/2010, com Messi no lugar do apagado Fernando Torres, na ocasião. Esse é o Barcelona.
Após a derrota para o Hércules no primeiro jogo da Liga Espanhola, o Barça mostrou a que veio contra o Panathinaikos, em jogo válido pela UEFA Champions League. Começou perdendo por 1x0, mas virou, e como, para 4x1. Poderia ter sido 5,6,7,8 e por aí vai. Foi um show.
Na oportunidade, Messi marcou dois gols, participou de outro, marcado por Daniel Alves, e ainda se deu ao luxo de perder um pênalti (frustrando os que contam com ele no Fantasy da ESPN Brasil). A cada jogo, surgem mais e mais comparações com Diego Maradona. Inevitáveis, mas o melhor do mundo ainda pode mais, com seus 23 anos.
Na segunda rodada do Campeonato Espanhol, o Barcelona foi a Madrid, enfrentar o Atlético, de Diego Forlán. Messi deixou a sua marca em mais um belo gol, como já vem virando rotina. Os catalães venceram por 2x1, sendo que o gol vitorioso foi marcado pelo zagueiro Pique. No entanto, isso pouco importou.
Com o jogo já ganho, aos 47 do segundo tempo, Messi “recebeu” uma entrada do zagueiro tcheco Tomas Ujfalusi e saiu do campo de maca, chorando. O mundo se assustou, viu uma tragédia e Ujfalusi foi expulso de campo.
Rapidamente, cinco médicos cercaram o argentino, além de praticamente todos os jogadores de Barcelona e Atlético. E do mundo todo. Novamente, todos os holofotes estavam virados em sua direção, mas não com a vontade de vê-lo jogar, mas, sim, com medo.
No entanto, ontem, um dia após o jogo e a lesão, foi constatado que Messi sofreu um leve trauma no tornozelo direito e estará de volta para atormentar as defesas por aí em dez dias. Com isso, o argentino perderá duas partidas do Espanhol, contra Sporting Gijon e Athletic Bilbao.
Hoje, dois dias após o jogo e a lesão, a imprensa espanhola divulga que Ujfalusi pode pegar doze jogos pela entrada em Messi. O técnico do Atlético de Madrid, Quique Flores, disparou: "Sólo pasan estas cosas cuando son Messi o Cristiano los perjudicados." (Via marca.com)
Ex-zagueiro, Flores completou: “Todo acontece así porque es Messi el protagonista. No es una entrada descabellada; sí es dura y sobre todo desfortunada”. O agora técnico conhece seu jogador e sabe (pelo menos acredita) que não há motivos para uma entrada dura, aos 47 do segundo tempo, com o jogo já perdido.
De certa forma, Quique Flores não está errado. Podemos tomar como exemplo o zagueiro Martin Taylor, que atuava pelo Birmingham em 2008 e quebrou a perna do brasileiro-croata Eduardo da Silva, em uma entrada mais do que violenta (veja aqui o lance, incrível).
Enquanto Eduardo foi rapidamente levado a um hospital, praticamente desacordado, e ficou de fora do futebol por um ano, Taylor foi expulso e tomou, apenas, três jogos de suspensão. Eduardo não é o melhor do mundo e não muitos torcedores, além dos do Arsenal na época, se revoltaram contra a punição a Taylor.
Se pensarmos no Brasil, nada se resolve no gramado e, sim, no STJD. É tudo ao contrário, as punições previstas no regulamento, que podem chegar a 120 dias, às vezes, se tornam um jogo ou dois, no máximo, além do pagamento de cestas básicas. Porém, vamos deixar o país do futebol – e do tapetão – de lado, senão isso vira um livro, e voltar ao melhor do mundo.
Messi recebe, sim, os holofotes e paga o preço de ser o melhor do mundo. Joga muito futebol e, por isso, sofre dura marcação, muitas faltas e atormenta os zagueiros, é claro. Tomas Ujfalusi foi apenas mais um a sofrer com o argentino e paga o preço, por também fazê-lo sofrer, podendo ficar de fora de La Liga por doze partidas.
Ser o melhor do mundo também tem os seus benefícios.
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