Quem nunca cabulou uma aula na vida? Com certeza, uma boa porcentagem da população paulistana, ao menos, já praticou tal ato. O que posso dizer é que eu estou nessa contagem, mais de uma vez. No entanto, ontem, talvez tenha sido uma das não-aulas mais produtivas que já tive.
Em várias oportunidades, a Libertadores da América, a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro e até mesmo a Seleção Brasileira, com seus amistosos e eliminatórias, nos fazem pensar duas vezes antes de entrar/ficar nas aulas. Desta vez, foi diferente, o motivo foi outro.
“Os 100 Melhores Jogadores Brasileiros de Todos os Tempos”. Mais convincente e auto-explicativo que isso, difícil. Mais do que um livro, uma empreitada, assinada por dois autores: um Kfouri e um certo Paulo Coelho. Ou melhor, André Kfouri e Paulo Vinícius Coelho, o PVC.
Parceria da Ediouro com a ESPN Brasil, o livro trata de uma seleção dos melhores, não apenas selecionados por PVC e André, mas pelos fãs de esporte, que votaram pelo portal ESPN.com.br e elegeram 180 jogadores. Destes, 100 foram selecionados pelos dois, com a ajuda de jornalistas renomados do próprio canal e de outros lugares. Vale dizer que o livro conta com um capítulo chamado “Injustiças”, que explica como tudo foi feito.
Poucos países podem se dar ao luxo de ter tantos jogadores bons, suficientes para serem colocados em um livro como o Brasil. Existem, evidentemente, vários bons atletas no mundo afora, Alemanha, Argentina, Itália e muitos outros, por exemplo. Mas só nós podemos eleger uma centena deles e, ainda assim, deixar muitos de fora. Se existe um Top100, em contagem regressiva? Não, não existe. A ordem é muito mais simples: Pelé é o primeiro apresentado e os outros craques estão em ordem alfabética.
A obra foi lançada ontem, 24/8, na Livraria Saraiva do Shopping Morumbi, com direito a uma noite de autógrafos e a um coquetel – com direito a petiscos e champanhe, inclusive. Como crianças ansiosas para entrarem em um estádio pela primeira vez para ver o time do coração, os fãs de esportes aguardavam, em fila, como bons paulistanos, a sua vez de ter o livro assinado, bater uma foto, conversar um pouco.
Humildemente, figuras do jornalismo esportivo nacional também pegaram fila, como Arnaldo Ribeiro, Milton Leite e Rodrigo Bueno. Além deles, José Trajano, diretor de jornalismo da ESPN Brasil, foi breve e, também gentilmente, furou a fila, bateu uma foto com seus dois colaboradores e foi embora, tudo em menos de dois minutos.
Obviamente, este que escreve também estava lá, no terceiro lugar da fila, igualmente como uma criança, esperando a própria vez de receber um autógrafo. Do mesmo jeito que ocorre quando o time entra em campo e o coração bate mais forte, já que a criança vê seus ídolos, jogadores, mais de perto, pode-se dizer que, para um protótipo de jornalista esportivo, o dia 24/8 foi exatamente assim.
Com tantos jornalistas de renome, tão perto, fotos com alguns deles, além da reportagem da ESPN presente e um livro sensacional em mãos, só uma coisa foi mais marcante:
“E aí, André. E aí, PVC. Tudo bem? Meu nome é Luiz, sou estudante de jornalismo e...”
“Ah, Luiz, eu conheço você!”, disse o PVC.
Participei das dinâmicas para integrar o Programa de Estágio da ESPN Brasil no ano passado, mas infelizmente não tive êxito. É algo que lembro quase todos os dias, até hoje, e penso: O que eu errei? Em que fui incapaz? O que eu esqueci? Lembro das palavras do PVC naquele dia, que disse pra ninguém desistir da área esportiva e pra entrar só se realmente gostasse da coisa. E o cara que tudo lembra, lembrou de mim também.
E quebrou o pseudo-discurso que eu tinha montado. E fez com que a aula cabulada tivesse valido (ainda mais) a pena.
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