Nota: não uso as expressões "vexame", "zebra" e “azar do Celso Roth” neste texto.
Alguns dizem que é impossível dançar sem música. Dizem que é necessário ter alguma batida, algum ritmo, alguma sequência de notas musicais para que se possa balançar o esqueleto. Dizem, ainda, que existem regras para dançar, os chamados passos, e que quem não os executa com maestria é um dançarino ruim.
A dança do goleiro Kidiaba tem tudo para se popularizar, se tornar um viral, um símbolo do Mundial de Clubes da FIFA, mesmo que os africanos do Mazembe não terminem a competição como campeões. Podemos dizer que todos se lembram de que o símbolo da última Copa do Mundo de seleções, na África do Sul, foi a vuvuzela, independentemente de os Bafana Bafana ou qualquer outra seleção do continente ter sido campeã.
A torcida africana não parou por um minuto de dançar, pular, cantar e de tocar vuvuzelas, é claro. Já os muitos gaúchos presentes logo ficaram apáticos após o primeiro gol do Mazembe, marcado por Kabangu. E foi exatamente sem música e sem passos coordenados de música que o Internacional de Porto Alegre perdeu e foi eliminado do Mundial de Clubes da FIFA, antes da grande final.
Os gaúchos dançavam conforme a música dos africanos e, depois da (quase) correria em busca do empate, o passo final foi um chute certeiro de Kaluyituka, no canto do goleiro Renan. O placar no Estádio Mohamed Bin Zayed marcava 2x0, aos 40 minutos do segundo tempo, para a frustração da torcida colorada e, podemos dizer, alegria da torcida gremista.
Bjorn Kuipers, o árbitro húngaro, apitou o final do espetáculo nove minutos depois, aos 49. E, o time congolês, que já havia comemorado, e muito, a já surpreendente vitória por 1x0 contra o Pachuca, do México, manteve alegria e comemorou ainda mais. O goleiro Kidiaba repetiu a sua (já característica) dança – e foi acompanhado por um dirigente da equipe, enquanto os outros jogadores corriam pelo campo e dançavam em frente à torcida africana presente. Kaluyituka, autor do segundo gol, tirou sua chuteira direita e não parava de mostrá-la para as câmeras do mundo inteiro.
Mais do que jogadores com cabelos “diferentes”, os africanos do Mazembe provaram para o mundo (para a alegria da FIFA) que não é só de Europa e América do Sul que vive o Mundial de Clubes. Contrariando o que este blogueiro escreveu ontem e o que quase o mundo todo pensava, o time africano pode ser o primeiro campeão não europeu ou sul-americano do Mundial. Agora, o Mazembe aguarda o vencedor de Internazionale de Milão e Yeongnam, da Coreia do Sul.
Não havia música saindo por nenhum dos alto-falantes do estádio de Abu Dhabi, em momento algum da partida entre Internacional e Mazembe. Não houve também regras, ou passos certos. O que se viu nos Emirados Árabes Unidos foi apenas uma prova de que não é impossível dançar sem música e de que não é preciso ser um bom dançarino para ter uma dança famosa. O Internacional que o diga.
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