quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Feuer!

Fui ao Via Funchal nesta terça-feira, 30/11, na expectativa de ver duas coisas. Primeiro, o show dos malucos do Rammstein, obviamente. Em segundo lugar, eu queria ver fogo. O fogo que eles usam em seus shows, tão conhecidos por serem verdadeiros espetáculos pirotécnicos.

Criei uma expectativa enorme para ver os caras tocarem no Brasil quando assisti o DVD "Volkerball", mas senti uma certa insegurança, já que o Via Funchal é um lugar fechado. Pensei: "Esses caras vão só fazer um show, e pronto. Sem fogo." No entanto, para o bem da nação, eu me enganei em meus pensamentos e o Rammstein subiu ao palco munido de tudo o que usa em seus shows pela Europa.

O nome da banda foi entoado em incrível uníssono e altíssimo volume no refrão da primeira música, Rammlied (RAMM-STEIN!). Ouso dizer que não havia uma voz silenciada naquele momento e não havia um par de pernas estático no chão.

Muitos não entendiam uma palavra sequer das músicas cantadas em alemão, mas gritavam sem hesitar. "Sterben!", do refrão de Waidmanns Heil, é um exemplo. A música trouxe fogos de artifício e fumaça, muita fumaça - apenas uma prévia do que estava por vir.

Uma nuvem rapidamente tomou conta do Via Funchal, mas ninguém reclamou. Talvez estivesse um pouco difícil de se respirar, mas nada que tenha atrapalhado a diversão de todos nós, os fãs presentes. Fomos ainda mais ao delírio com a explosiva Feuer Frei, da trilha sonora do filme (não menos explosivo) Triplo X, que trouxe o tão desejado fogo à casa.

O único “descanso” para os fãs, foi durante a linda Frühling In Paris, que apresenta, em seu refrão, palavras da música “Non, je ne regrette rien”, da cantora francesa Edith Piaf. Foi uma recarga de baterias necessária, mas que não deixou ninguém se desanimar, até porque, na sequência, viria um dos momentos mais esperados da noite.

Mein Teil faz referência a um caso curioso e macabro de canibalismo ocorrido na Alemanha (clique aqui para saber mais, se tiver estômago forte - e não, não há imagens no link). Não por menos, o vocalista Till Lindemann se veste de açougueiro, com um avental sujo de sangue e um microfone com uma faca pendurada, enquanto o tecladista Flake é a vítima, literalmente assado num imenso caldeirão - mais fogo!

Flake, aliás, se mostrou um show à parte durante toda a apresentação da banda, dançando, correndo pelo palco e, obviamente, tocando seu teclado. Na música Haifisch, Flake subiu em um bote, que navegou por sobre o público, enquanto ele mesmo dava as direções e mostrava uma bandeira do Brasil, dada por um fã.

Os alemães, ótimos no palco, mostraram-se frios, e a primeira intervenção de Till com a plateia foi na histórica execução de Du Hast. "Más fuerte!", disse o vocalista, enquanto todos gritavam: "Du, Du Hast. Du Hast Mich", talvez até sem saber o que queriam dizer, novamente, mas sem se importar. A música foi marcada por mais fogo, e fogos de artifício passando por cima do público, por meio de uma corda pendurada no teto (nota do autor, que pulava feito um louco: sensacional!).

A polêmica Pussy merece um parágrafo à parte. A pornografia se aliou à empolgação e a preservativos inflados voando, caracterizando um momento único, digno de dizer "tirem as crianças da sala", quando o baterista Christopher Schneider subiu em sua cadeira empunhando um pênis de borracha, com fogos de artifício. No último refrão da música, uma chuva de papel picado encerrou o setlist do Rammstein antes do bis.

Sonne, Haifisch e Ich Will teoricamente terminariam o show, mas nós queríamos mais. Pelo menos mais uma música. "Te Quiero Puta!", "Te Quiero Puta!", era o coro. E o Rammstein voltou ao palco para um final inesquecível, cantando em espanhol. Till não teve muito trabalho em Te Quiero Puta, já que cantamos, e muito, durante a música inteira.

Pontualmente, à meia-noite, com letras em alemão, meio em inglês, meio em francês e até em espanhol, além de fogo - muito fogo - e fumaça - muita fumaça, o Rammstein deixou o palco, após se ajoelhar para o público paulistano, e dizer "muito obrigado, viva o Brasil!".

Seria o clichê dos clichês dizer que o Via Funchal pegou fogo, mas foi a mais pura verdade. E eu nem precisei entender o que os caras estavam falando...

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