domingo, 13 de maio de 2012

O dia em que o esporte venceu


Osasco, 9h15 da manhã. Ligo minha televisão do quarto e logo sintonizo na transmissão do Grande Prêmio da Catalunha de Fórmula 1. Gosto (bastante) de assistir, não sou tão entendedor para comentar os porquês e os detalhes aerodinâmicos dos carros, mas me considero um fã, um apaixonado, e isso é suficiente.

Para meu espanto (não acompanhei os treinos), Pastor Maldonado, da Williams, liderava a prova. Como não assisti do começo, logo pensei ser algo momentâneo, até ele entrar nos boxes e o verdadeiro líder, quem fosse, recuperar sua posição. Ledo engano. Maldonado foi o rei de Barcelona e, antes de ser erguido pelos campeões mundiais (sem ex, pois quem é campeão uma vez, morre campeão) Fernando Alonso e Kimi Räikkönnen, fez-se ouvir o hino nacional da Venezuela pela primeira vez na história da Fórmula 1. Para a alegria de Hugo Chávez e de grande parte dos fãs da modalidade, torcedores da Williams, ou não. A nota triste foi pelo incêndio nos boxes da Williams após a corrida, controlado por bombeiros, com a ajuda das outras equipes. Até o momento (13/5, 22h11), não há registros sobre a gravidade dos feridos que lá estavam.

Na sequência, alguns minutos depois, mudei de canal para assistir à última rodada da Premier League, o Campeonato Inglês de futebol, um dos mais interessantes – e disputados – do mundo. A maior prova disso é que, antes dos jogos se iniciarem, os dois times de Manchester tinham chance de título e estavam empatados em número de pontos. Na verdade, City e United continuaram empatados, mesmo após o final da rodada, e o time azul sagrou-se campeão, o que era de se esperar.

O que ninguém suspeitava era a maneira como isso ia acontecer. O adversário do Manchester City, o Queens Park Rangers, se fechou numa retranca de dar inveja a qualquer técnico sul-americano e dificultou a partida de modo que o primeiro gol saiu numa falha do goleiro Kenny, em um chute do argentino Zabaleta. No segundo tempo, aconteceu de tudo. Joey Barton foi expulso, deixando o QPR com um jogador a menos, após acertar uma cotovelada em Carlos Tevez. Logo em sequência, Cissé empatou o jogo após falha da zaga do City e Mackie fez o impossível e virou para 2x1. A pressão, já grande desde o primeiro minuto do jogo, se tornou absurda, imensa e incontrolável. Quando tomava a bola, o QPR, que lutava para não cair (e não caiu), devolvia a bola ao City, com verdadeiros punts de futebol americano.

Quando o árbitro apontou cinco minutos de acréscimo, o placar ainda marcava o mesmo resultado. Edin Džeko empatou aos 46 e Sergio Agüero, o genro de Diego Maradona, artilheiro do City no campeonato, virou aos 48, sacramentando o título da equipe azul de Manchester. A equipe vermelha, o United, venceu o Sunderland por 1x0 e sentiu-se campeã por alguns minutos, enquanto o jogo do City ainda não acabava (e não tinha o placar de 3x2), mas teve que se contentar com a segunda posição.

Um pouco mais tarde, no Morumbi, o Santos entraria em campo no Morumbi para confirmar o que todo mundo já sabia: o tricampeonato paulista, para cima do Guarani. Guerreiro, o time de Campinas jogou bem e quase terminou o primeiro tempo à frente do placar. O Santos jogava mal, falhou nos dois gols do Bugre, Neymar e Ganso estavam apagados e o jogo foi para o intervalo em 2x2.

Muricy Ramalho fez com que o time abrisse os olhos e a jogada do terceiro gol santista mostrou (se é que isso precisa ser feito) porque o Santos faz tanto sucesso e porque Neymar está tão em evidência. Após driblar três jogadores, Neymar passou para Juan, que deu um belo drible e devolveu para o melhor jogador do Brasil fazer o seu segundo no jogo. Já perto do fim da partida, Ganso achou Alan Kardec livre, para decretar o 4x2 e o já esperado título.

Diferentemente do Manchester City e de Pastor Maldonado, não foi a primeira vitória do Santos e nem a primeira vez em muitos anos que a equipe foi campeã. Pelo contrário, o Santos domina o futebol brasileiro, é, de longe, o melhor time do Brasil, não pelo elenco sensacional ou por ter todas as peças funcionando, mas por uma delas que vale por outras 500 de vários times juntos: Neymar.

Pobres aqueles que fecham os olhos para a atual Fórmula 1, e pensam que, já que não tem Ayrton Senna – ou qualquer outro brasileiro – em destaque, perde a graça. Além de Pastor Maldonado ter conseguido a primeira vitória de seu país na categoria, a equipe Williams não vencia um GP desde 2004, quando Juan Pablo Montoya venceu o Grande Prêmio do Brasil. A última vitória em território espanhol havia sido em 1997, com Jacques Villeneuve, que viria a ser campeão no mesmo ano.

Pobres aqueles que fecham os olhos para o futebol internacional, com a desculpa de que lá “reina apenas o dinheiro e não o futebol de verdade”. O Manchester City não era campeão inglês desde a temporada 1967-68 e viu o rival Manchester United ser campeão por 13 vezes nos últimos 20 anos (!). Em 2011-12, fez uma campanha brilhante em seu estádio, sem perder um jogo sequer, e virando aquele que iria quebrar esse tabu. Foi, sim, o título do dinheiro árabe injetado na equipe, que foi responsável pela montagem de um esquadrão. Mas a torcida do City, que nada tem a ver com isso, comemorou muito o feito, com direito a uma eufórica e emocionante invasão de campo.

Por fim, pobres aqueles que fecham os olhos para o futebol nacional que não seja de seu time, ou que se escondem atrás de argumentos, comparações sem pé nem cabeça e dor de cotovelo. As duas partidas contra o Guarani e a semi-final contra o São Paulo não foram as melhores partidas de Neymar. Longe disso. No entanto, somando os resultados dos três jogos, o Santos marcou 10 gols (sem contar um mal anulado contra o São Paulo), sendo que Neymar teve participação direta em nove deles, marcando sete  vezes (!!!). Resumindo, ele não precisa ter a bola durante 90 minutos, ou 15 vezes no jogo. A ele bastam uma ou duas e algo diferente virá. Algo diferente que dificilmente deixará de terminar em gol.

Felizes não ficaram apenas os torcedores de Williams, Manchester City e Santos. Neste domingo, a maior vitória de todas foi dele mesmo: o esporte.

Links (fonte www.espn.com.br):

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Se vira nos trinta minutos

Jornalista, recém-formado e disponível para o mercado. Preferencialmente (o que não quer dizer exclusivamente) para a área de esportes, mas apto a trabalhar em outras editorias também. Esse sou eu atualmente, para os que não me conhecem direito. Já para as empresas que me entrevistam, ou leem meu currículo, sou um jornalista inexperiente que só quer saber de esportes e nada mais, portanto não serve para a empresa.

Cada vez que penso em escrever algo sobre o assunto “contratação” ou “entrevistas de emprego”, tenho preguiça. Tanta preguiça quanto algumas empresas têm ao te “entrevistar” – propositalmente entre aspas.

Imagine-se você, sem emprego, esperando por algum alerta de sites por e-mail. Os alertas vêm, e em massa, te dizendo que sim: há vagas em aberto em muitas empresas por aí. Isso todos os dias. Sem nunca titubear, você demonstra o interesse em aproximadamente todas as vagas que te aparecem, sejam elas as que têm mais ou menos a ver com o que você chama de “eu” as empresas chamam de “perfil” (falaremos disso mais para frente no texto).

Ok. Com muito custo, de vários currículos enviados em uma tarde ociosa, duas empresas me ligaram, disseram querer me conhecer e marcaram entrevistas de emprego. Evidentemente, me preparei na medida do possível, li sobre as empresas e me preparei para responder perguntas que, em teoria, não deviam ser lá muito longe daquilo que estudei na faculdade. Afinal, busco vagas que acredito terem meu perfil.

Em uma das empresas, fui entrevistado por um grupo de pessoas aparentemente interessadas em mim. Um verdadeiro bombardeio de perguntas e me saí bem, pelo menos de acordo com a impressão dos entrevistadores. Os pontos fracos, que eu mesmo notei na conversa, foram que eu disse gostar muito de esportes (quando eles perguntaram do que eu gostava mais) e que nunca havia trabalhado na área da empresa, mas que estava disposto a encarar um novo desafio de peito aberto e pronto para aprender.

Dias depois, uma ligação de um dos entrevistadores me surpreendeu. Afinal, o famoso “te ligo nos próximos dias” é uma mentira comum, mas, nesse caso, foi verdade. No entanto, a ligação não foi para me contratar, mas sim para me dar um feedback... negativo. Ok, não tão depressivo assim: me ligaram para dizer meus pontos de melhoria e as palavras foram “você fala rápido demais, parecia estar ansioso e não estava em trajes adequados para um novo desafio que você disse estar disposto a encarar.” Ou seja, me pareceu que se eu tivesse falado mais devagar e estivesse devidamente engravatado, seria contratado. De que valeu o bombardeio de perguntas e respostas se só analisaram a maneira como falei e a roupa que vestia?

Na outra empresa, fui igualmente recebido por um grupo de entrevistadores. Dessa vez, despreparados (sem um currículo em mãos, inclusive) e, em vez da habitual conversa (é uma entrevista!), uma ficha: “preenche aí”, disseram. A ficha tinha campos para eu colocar meus dados pessoais e três perguntas: “quais são seus três principais defeitos?”, “quais são suas três principais qualidades?” e “conte sua última experiência profissional”. Após preencher a ficha enquanto os entrevistadores conversavam sobre a nova edição do Big Brother Brasil, um deles me fez a pergunta/proposta: ”conta sua última experiência profissional.” Não satisfiz ao dizer que nunca tinha trabalhado como redator publicitário antes (se tivessem lido meu currículo antes, saberiam disso, talvez), nem ao dizer que estava disposto a aprender e começar em algo novo.

Depois, enquanto faziam entrevista com outra pessoa, para outro cargo, de outra área, mas na mesma sala, me pediram para fazer uma redação-teste e saíram da sala, deixando o outro entrevistado também incumbido de fazer um teste. Pouco mais de meia hora depois, voltam, leem, em segundos, o texto que demorei a escrever – e coloquei meu fôlego ali, afinal, queria o emprego – dizem estar bom e me dispensam dizendo que “uma nova entrevista será marcada com o diretor ”. O fato é: a tal nova entrevista ainda não foi agendada e não houve feedback algum, mesmo negativo.

Esses são apenas dois casos, de vários que aconteceram (e acontecem) não só comigo, mas com amigos e colegas recém-formados também. Em uma entrevista de emprego não existe “eu” ou “você”, mas, sim, um perfil que, para a empresa é você. Ou seja, você é exatamente aquilo que passa na entrevista e, se você diz (ou veste) uma coisa que desagrade à empresa, um abraço e procure outra coisa. Um exemplo que, por sorte, deu certo: na minha entrevista de estágio, aquela que viria a ser minha chefe não estava presente, portanto, fui contratado. Se ela lá estivesse para me conhecer, muito provavelmente não me contrataria, pois não gosta de homens de barba.

Pouco importa a sua vontade de trabalhar e o seu interesse na vaga. Vale mais se você tem experiência (algumas empresas ainda adicionam a palavra comprovada, afinal você pode mentir sobre o que fez ou não) ou se enquadra no perfil que a empresa procura. Vale a imagem que você passa em meia hora de entrevista, goste a empresa de você ou não, portanto. Então, parafraseando Fausto Silva, “se vira nos trinta” (minutos). É o que você tem para provar ser digno de trabalhar em uma empresa, ou não.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O último momento de sua vida

Os fãs de música agradecem: não precisamos mais implorar para que o Brasil seja incluído nas turnês das grandes bandas estrangeiras. Tudo acontece com o tempo, atualmente, e até bandas que estavam paradas e voltaram recentemente estão passando por aqui, como foi o caso do System of a Down, do Rage Against the Machine e deve ser o do Black Sabbath em 2012.

Com isso, muitos fãs novos estão se formando e os velhos fãs estão cada vez mais fãs. Afinal, quem esperaria, há alguns anos atrás, ver shows de Ozzy Osbourne, AC/DC, Kiss e Metallica em um intervalo de 3 anos? Não sei em qual grupo me enquadro, mas depois de uns cinco shows que fui, achei que poderia escrever um “guia” de como se portar em um show (não só de rock, talvez). Realmente escrevi, mas hoje, mais experiente, há muito a se acrescentar. Então, vamos ao que interessa.

O show começa na preparação e na informação. Faça questão de saber – e não esquecer nunca – quando será o show e quando se iniciam as vendas de ingresso (e torça para não acontecer como com o Lollapalooza Brasil: divulgação do lineup, preços e venda de ingressos tudo na mesma semana). Poupe seu dinheiro e, se o show for muito concorrido, prepare-se para ficar algumas horas na frente do computador em sites de venda de ingressos, como a Tickets 4 Fun e o Ingresso.com. Se o show não for tão concorrido assim, parabéns, mas não deixe para a última hora para evitar imprevistos.

Com os ingressos na mão, não faz mais que obrigação conhecer muito bem a banda, certo? Procure decorar letras, melodias, solos, sussurros, respirações e tudo que for possível de ser decorado nas músicas. Evite consultar possíveis setlists (se for Metallica, Pearl Jam ou Dream Theater, pode, porque os sets são sempre diferentes!) ou ver vídeos das músicas possíveis de serem tocadas. Nada se compara à emoção da surpresa, de ver tudo ao vivo, na hora.

Chega o dia do show, finalmente! E agora? A fila é uma diversão a parte e vale à pena, caso você tenha tempo e vá com amigos (ir a shows sozinho é muito chato). Se não tiver tempo para ficar na fila, chegue pelo menos algum tempo depois do horário marcado para abertura dos portões do local do show. Assim você evita, quase que completamente, as filas, já que todo mundo já entrou.

 Ignore as condições climáticas do dia do show e dê preferência ao local do espetáculo. Se você escolheu assistir na pista, dificilmente passará frio durante o show e, se estiver de blusa, você esquentará mais que um forno em potência máxima. Ou seja, esteja o frio que estiver, proteja-se dele somente antes do show. Para a arquibancada e shows em lugares abertos (principalmente estádios) as coisas mudam, porque faz MUITO frio em épocas de frio. Então, tenha sempre uma blusa em mãos, nesse caso. Capa de chuva? Leve a sua de casa, mas não use durante o show. Quer uma prova? Veja o Foo Fighters tocando My Hero na chuva: clique aqui.

Se você for a um festival, tem duas opções: leve tudo ou não leve nada. Particularmente, é mais interessante o “levar nada” por motivo único: prioridade ao show. Aliás, não só em festivais, mas em qualquer show, leve somente o necessário: ingresso, identidade, carteirinha de estudante (se for meia entrada) e dinheiro para sobrevivência no local do evento. Celular? Câmera? Que nada, as melhores lembranças se guardam na memória (e câmera e celular apenas pesam)! No entanto, se você optar pelo levar tudo, não esqueça capa de chuva, protetor solar, comida (quando o evento permitir) e... câmera fotográfica. Afinal, se você já vai estar de mochila mesmo, então aproveite.

Entrei no local do show! O que eu faço? Se você tiver um lugar na arquibancada, sem problemas. Se for para a pista, escolha um lugar, sente-se e espere. Se precisar ir ao banheiro ou comprar comida, vá antes de se sentar, já que, a partir desse momento, você deve esperar o show começar, sentado! Isso mesmo, não se levante e não gaste suas energias em pé enquanto pode ficar sentado, mesmo se estiver na grade da pista. Ocupe todo o espaço que você conseguir – estique as pernas, braços, deite no chão, enfim... – já que cada centímetro de pista é valioso, ainda mais quando o show começa e esses centímetros livres se tornam raros e principalmente na grade, onde o empurra-empurra é (muito) grande.

Condições físicas e psicológicas são extremamente facultativas. A última coisa na qual você deve pensar em um show é em parar de pular, por dor nas pernas, ou parar de cantar, por dor de garganta e/ou ausência de voz. Aliás, conforme você ouve as músicas que gosta, tocadas por seus artistas favoritos, ali, pertinho de você, problemas físicos são automaticamente esquecidos. O que você não esquece são as músicas que tanto ouviu, principalmente depois que seu ingresso foi comprado, certo? Poucas sensações são comparáveis à de se ver o seu artista preferido ao vivo na sua frente. Então, agora é a hora. Para concluir, uma frase que seria suficiente para resumir todo o texto: liberte sua mente de todos os problemas e curta o momento do show como se fosse o último de sua vida.

domingo, 20 de novembro de 2011

Quanto mais criativos, melhor

Criatividade é um conceito que dispensa definições de dicionários ou enciclopédias. Desde a pré-escola, as professoras já colocam a ideia de "ser criativo" nas cabeças das crianças que, sem nem saberem o que é um dicionário, sabem o que devem fazer ao ouvir "sejam criativos", para desenhar, fazer uma escultura de argila, ou qualquer outra coisa. Ou seja, ainda crianças, descobrimos que usar a criatividade é fazer alguma coisa de maneira diferente, inédita, que ninguém, inclusive você mesmo, nunca fez. 

Conforme as crianças crescem, descobrem que a criatividade não serve só para fazer desenhos ou esculturas de argila. A vida ensina que o conceito está presente em várias outras esferas da cultura popular brasileira e do mundo. Por exemplo, um jogador de futebol criativo é aquele que tem mais intimidade com a bola, que literalmente inventa jogadas, dá passes precisos, faz o inimaginável. Aprende-se, também, que o músico criativo é o mais versátil: o que tira sons incomuns de seus instrumentos musicais, que escreve belas passagens ou, até mesmo, faz letras irreverentes e inusitadas.

Então, vem uma das etapas mais complicadas da vida humana: escolher uma carreira, um emprego e, mais uma vez, ouve-se muito falar de criatividade. Seja para engenheiros, publicitários, arquitetos, professores ou jornalistas, é fundamental ser criativo em maneiras mais simples de se fazer cálculos, melhores campanhas, prédios mais bonitos, aulas mais interessantes ou notícias inéditas e bem contadas. É bem possível que, até essa etapa da vida, "criatividade" tenha sido uma das palavras mais ouvidas pelos ouvidos de todos e uma das menos perguntadas junto à questão "o que é isso?".

O tempo passa e continuamos a ouvir que quanto mais criativos formos, melhor será, e, na prática, vê-se que é verdade: ser criativo é se destacar. Em 2011, sustentabilidade se tornou um termo popular e as empresas estão fazendo de tudo para se destacar e mostrar às pessoas que acabaram de aprender "o que é ser sustentável" como isso é feito. A resposta é evidente, vence a empresa mais criativa. Aquela que chamar mais atenção dos clientes com ações novas ou com ações já praticadas por outras empresas, mas realizadas de maneiras diferentes.

Portanto, das escolas aos escritórios, recebemos sempre a mesma lição. Sem nunca ouvir uma definição do que é ser criativo, ou sem procurar em dicionário algum, buscamos essa tal criatividade ao longo de nossas vidas sempre que possível. Maneiras diferentes de fazer várias coisas aparecem a todo tempo, seja no esporte, na música, na publicidade, na engenharia ou em qualquer outro meio. A tendência é que o mundo se torne um lugar diferente, se, cada vez mais, as pessoas usarem a criatividade para trabalharem ou realizarem suas atividades cotidianas. Ou seja, quanto mais criativos, melhor.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Rugby: é assim que se pratica um esporte


O patriotismo não é o sentimento mais forte e característico do brasileiro. Sem citar antigos eventos políticos, como as Diretas Já e o Impeachment de Collor, é difícil ver o povo brasileiro fazer alguma coisa pela pátria em tempos que o “xingar muito no Twitter” resolve. Aliás, o orgulho de ser brasileiro existe, sim, em duas ocasiões: Copa do Mundo de futebol e Olimpíadas.

A torcida se empolga, fica em pé, canta o hino nacional e grita “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Os atletas olímpicos, em sua maioria, se esforçam bastante, mas alguns estão longe de chegarem a níveis competitivos para brigarem por medalhas. Enquanto os jogadores de futebol, salvo algumas exceções, mal sabem que as cores do uniforme – verde, amarelo, azul e branco – estão ali por fazerem parte da nossa bandeira e não do escudo da CBF.

O Brasil já deixou de ser um país conhecido pela magia de seu futebol e pela grande vocação para revelar jogador bom atrás de jogador bom. Em tempos que existia Ronaldinho, Robinho já dava suas primeiras pedaladas e Neymar já era um nome especulado pelo Real Madrid. O tempo passou e, hoje, Neymar é o grande nome e não vemos ninguém mais jovem dar pedaladas. Pelo contrário, contratamos estrangeiros bons de bola, repatriamos velhos jogadores (consagrados ou não) e fazemos com que o nosso futebol perca o seu futuro pouco a pouco.

Enquanto isso, outro esporte começa a dar os seus passos por aqui: o rugby. E talvez seja a hora de uma “reciclagem” mesmo. Estamos em tempo de Copa do Mundo (de rugby) e o esporte vai às alturas. Trata-se da terceira competição esportiva mais assistida no mundo. Não estamos classificados para as Olimpíadas de 2012 em Londres e, incrivelmente, nem do Rio de Janeiro em 2016, mesmo sendo o país sede, mas podemos abrir os olhos para o poder que o rugby tem e para o que ele é capaz de construir.

Esse comercial da Heineken sobre a Copa explica muito bem o que é o rugby: um esporte de tradição (usamos roupas típicas, na torcida, e dançamos, em campo), respeito (aos nossos irmãos, mesmo em uma colisão de duas toneladas, e ao árbitro, não importa o quanto ele apite) e patriotismo (respeitamos o hino adversário até quando ele próprio o assassina, cantando mal).

Por mais que não gostemos de acreditar, é uma total antítese do futebol. Algumas tradições estão morrendo, vítimas do chamado futebol moderno, e não há respeito ao árbitro e muito menos aos adversários. Mas, principalmente não há amor à camisa. Não há patriotismo. O jogador brasileiro é, atualmente, convocado para defender a CBF, e não a pátria. Clubes dificultam a liberação de alguns jogadores, meras peças de um jogo de xadrez, às seleções de seus países, como se o fato de cada um defender o seu país, o seu povo, a terra onde nasceu, não fosse importante.

As seleções de rugby têm, sim, um escudo próprio. Nenhuma das equipes da Copa do Mundo de 2011 terá apenas uma bandeira no uniforme, mas sim os escudos de suas respectivas federações. No entanto, vale o amor à pátria, vale o “defender o povo”, o respeitar a tradição, o respeito aos adversários e à arbitragem. E vale cantar o hino de seu país, como se fosse um grito de guerra, como um canto para dar força antes de uma batalha.

“Mas a torcida brasileira canta o hino nacional nos jogos.” Sim, a torcida canta. Mas e os jogadores? Jogadores de várias seleções do mundo (principalmente os brasileiros), mal sabem cantar os hinos de seus países. E o que acontece no rugby? Justamente o oposto: mesmo com o escudo das federações no uniforme, vale a bandeira carregada no peito. Vale o hino cantado por cada um deles.

Melhor do que explicações, provas:
Hino Nacional Português: A Portuguesa (*Portugal não é um país de tradição no rugby e esse é um vídeo da primeira – e única, até então – participação portuguesa na Copa do Mundo, em 2007)

Uma das maiores demonstrações de tradição e amor à pátria do rugby não é um hino nacional e, sim, uma dança. O Haka é uma dança tradicional o povo maori, nativo da Nova Zelândia, e realizada pela seleção de rugby local, os All Blacks, antes de todo e qualquer jogo. É uma dança tanto de incentivo a quem faz, quando de intimidação aos adversários. Veja aqui uma demonstração do Haka, antes de um jogo na própria Nova Zelândia.

Agora, imagine você, o belo Hino Nacional Brasileiro cantado em uníssono por um estádio inteiro e, com paixão semelhante, pelos jogadores, antes de uma partida de qualquer esporte. Em nosso cenário atual, é difícil. Mas o rugby pode abrir portas, inclusive algumas fechadas pelo próprio futebol. Basta que resgatemos as tradições, o patriotismo e o respeito.

Antes de vestir um escudo de federação, valem mais as cores da bandeira que ele representa, as tradições que um país carrega ao longo de sua história e o respeito, que deveria ser obrigatório a todos. Vamos abrir os olhos para a Copa do Mundo e ter uma aula: é assim que se pratica um esporte.