Jornalista, recém-formado e disponível para o mercado.
Preferencialmente (o que não quer dizer exclusivamente) para a área de
esportes, mas apto a trabalhar em outras editorias também. Esse sou eu
atualmente, para os que não me conhecem direito. Já para as empresas que me
entrevistam, ou leem meu currículo, sou um jornalista inexperiente que só quer
saber de esportes e nada mais, portanto não serve para a empresa.
Cada vez que penso em escrever algo sobre o assunto “contratação”
ou “entrevistas de emprego”, tenho preguiça. Tanta preguiça quanto algumas
empresas têm ao te “entrevistar” – propositalmente entre aspas.
Imagine-se você, sem emprego, esperando por algum alerta de
sites por e-mail. Os alertas vêm, e em massa, te dizendo que sim: há vagas em
aberto em muitas empresas por aí. Isso todos os dias. Sem nunca titubear, você
demonstra o interesse em aproximadamente todas as vagas que te aparecem, sejam
elas as que têm mais ou menos a ver com o que você chama de “eu” as empresas
chamam de “perfil” (falaremos disso mais para frente no texto).
Ok. Com muito custo, de vários currículos enviados em uma
tarde ociosa, duas empresas me ligaram, disseram querer me conhecer e marcaram
entrevistas de emprego. Evidentemente, me preparei na medida do possível, li sobre
as empresas e me preparei para responder perguntas que, em teoria, não deviam
ser lá muito longe daquilo que estudei na faculdade. Afinal, busco vagas que acredito
terem meu perfil.
Em uma das empresas, fui entrevistado por um grupo de
pessoas aparentemente interessadas em mim. Um verdadeiro bombardeio de
perguntas e me saí bem, pelo menos de acordo com a impressão dos
entrevistadores. Os pontos fracos, que eu mesmo notei na conversa, foram que eu
disse gostar muito de esportes (quando eles perguntaram do que eu gostava mais)
e que nunca havia trabalhado na área da empresa, mas que estava disposto a
encarar um novo desafio de peito aberto e pronto para aprender.
Dias depois, uma ligação de um dos entrevistadores me
surpreendeu. Afinal, o famoso “te ligo nos próximos dias” é uma mentira comum,
mas, nesse caso, foi verdade. No entanto, a ligação não foi para me contratar,
mas sim para me dar um feedback... negativo. Ok, não tão depressivo assim: me
ligaram para dizer meus pontos de melhoria e as palavras foram “você fala
rápido demais, parecia estar ansioso
e não estava em trajes adequados para um novo desafio que você disse estar disposto a encarar.” Ou
seja, me pareceu que se eu tivesse falado mais devagar e estivesse devidamente
engravatado, seria contratado. De que valeu o bombardeio de perguntas e respostas
se só analisaram a maneira como falei e a roupa que vestia?
Na outra empresa, fui igualmente recebido por um grupo de
entrevistadores. Dessa vez, despreparados (sem um currículo em mãos, inclusive)
e, em vez da habitual conversa (é uma entrevista!), uma ficha: “preenche aí”,
disseram. A ficha tinha campos para eu colocar meus dados pessoais e três
perguntas: “quais são seus três principais defeitos?”, “quais são suas três
principais qualidades?” e “conte sua última experiência profissional”. Após
preencher a ficha enquanto os entrevistadores conversavam sobre a nova edição
do Big Brother Brasil, um deles me fez a pergunta/proposta: ”conta sua última
experiência profissional.” Não satisfiz ao dizer que nunca tinha trabalhado
como redator publicitário antes (se tivessem lido meu currículo antes, saberiam
disso, talvez), nem ao dizer que estava disposto a aprender e começar em algo
novo.
Depois, enquanto faziam entrevista com outra pessoa, para
outro cargo, de outra área, mas na mesma sala, me pediram para fazer uma
redação-teste e saíram da sala, deixando o outro entrevistado também incumbido
de fazer um teste. Pouco mais de meia hora depois, voltam, leem, em segundos, o
texto que demorei a escrever – e coloquei meu fôlego ali, afinal, queria o
emprego – dizem estar bom e me dispensam dizendo que “uma nova entrevista será
marcada com o diretor ”. O fato é: a tal nova entrevista ainda não foi agendada
e não houve feedback algum, mesmo negativo.
Esses são apenas dois casos, de vários que aconteceram (e
acontecem) não só comigo, mas com amigos e colegas recém-formados também. Em
uma entrevista de emprego não existe “eu” ou “você”, mas, sim, um perfil que,
para a empresa é você. Ou seja, você
é exatamente aquilo que passa na entrevista e, se você diz (ou veste) uma coisa
que desagrade à empresa, um abraço e procure outra coisa. Um exemplo que, por
sorte, deu certo: na minha entrevista de estágio, aquela que viria a ser minha
chefe não estava presente, portanto, fui contratado. Se ela lá estivesse para
me conhecer, muito provavelmente não me contrataria, pois não gosta de homens
de barba.
Pouco importa a sua vontade de trabalhar e o seu
interesse na vaga. Vale mais se você tem experiência (algumas empresas ainda
adicionam a palavra comprovada,
afinal você pode mentir sobre o que fez ou não) ou se enquadra no perfil que a
empresa procura. Vale a imagem que você passa em meia hora de entrevista, goste
a empresa de você ou não, portanto. Então, parafraseando Fausto Silva, “se vira
nos trinta” (minutos). É o que você tem para provar ser digno de trabalhar em
uma empresa, ou não.
Mandou o papo reto Luis. É bem isso mesmo, infelizmente na nossa área é o FAMOSO QI (Quem Indica) que faz uma pessoa entrar na empresa. Todas as minhas experiências na área foram graças a isso, estou tentando conseguir agora sem a ajuda de ninguém e tentando freelas, e nem isso estou conseguindo.
ResponderExcluirRecém formados só se fodem mesmo, pra falar um português correto.