nota: foi extremamente difícil escrever esse texto, já que ainda não inventaram alguma palavra que possa descrever com precisão o que aconteceu no Morumbi no dia 22/11.
No topo do estádio do Morumbi, na última fileira da arquibancada laranja, a vista do público era perfeita, enxergava-se tudo e todos. Do palco, nem tanto, mas não menos sensacional e impressionante. Foi mais do que suficiente para enxergar aquele tiozinho de suspensórios de 68 anos, e tudo o que ele foi capaz de fazer.
“Roll up for the Mystery Tour!” Foi assim que Sir Paul McCartney começou a brincadeira em sua segunda noite de show em São Paulo (diferentemente da noite anterior e de Porto Alegre), para mais de 60 mil fãs, de todas as idades, como bem visto em inúmeras reportagens da TV nos últimos dias.
A Rede Globo, inclusive, transmitiu a primeira noite no domingo, pós-Fantástico, não sei com qual foco, ou mesmo se passaram o show na íntegra. Claro, não foi a mesma coisa do que assistir ao vivo, como testemunha ocular. Desta maneira, talvez seja pertinente dizer: foi um dos maiores dos shows de todos os tempos.
Paul tocou baixo, guitarra, violão, piano, bandolim e ukulele, em um setlist de 37 músicas, com clássicos de sua carreira solo, dos Wings e, obviamente, dos Beatles. Um espetáculo, no sentido mais literal da palavra, com quase três horas de duração.
O “tiozinho de suspensórios” simplesmente não parava no palco. Cantou, pulou e, acompanhado de uma “discreta“ cola, conversou, e muito, com os fãs, em um português bem claro, para o delírio de todos.
Melhor do que falar de cada música ou dizer o setlist completo é citar (até porque é impossível descrever) alguns grandes momentos, como o estádio tremendo em “All My Loving” ou a dança do baterista em “Dance Tonight”. Vale lembrar, também, os “enormes” momentos, como a dança de 60 mil pessoas em “Obladi Oblada” e as homenagens a John Lennon e George Harrison, com “Here Today” e “Something”, respectivamente.
Todos já sabiam o que vinha para o final, só não sabiam a ordem – com exceção daqueles que já haviam assistido à primeira noite na TV Globo.
Foram executadas, nessa ordem, “A Day in the Life/Give Peace A Chance”, “Let It Be”, “Live And Let Die” – um espetáculo à parte: se Paul subisse no palco, tocasse essa música e fosse embora, seria suficiente para deixar várias pessoas felizes por meses – e “Hey Jude”, uma das mais aguardadas da noite, com o famoso coro do final cantado não apenas em uníssono, mas por homens e mulheres em separado, como regeu Sir Paul McCartney.
Paul sai do palco e volta, carregando uma bandeira brasileira, para o primeiro bis, com Day Tripper, Lady Madonna e Get Back. Muitos já deixavam o Morumbi, pensando que o espetáculo havia terminado e não viram o segundo bis, com Yesterday, Helter Skelter (nota do autor: PQP!) e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band/The End.
Os preços foram abusivos e a organização ao redor do estádio não foi a melhor, mas o que se viu no palco, compensou, pelo menos para cada pessoa presente no Morumbi nas noites dos dia 21 e 22 de novembro de 2010. Todos batiam palmas incessantemente, por aproximadamente três horas e Paul McCartney provou porque é mais do que “apenas” um dos maiores artistas de todo os tempos, apenas agradecendo, ao final de cada música como se fosse a última, com a nobreza de um Sir.