Enquanto Santos e Peñarol jogavam no Estádio Centenário, em Montevidéu, Boston Bruins e Vancouver Canucks disputavam a sétima partida das finais da NHL, a liga profissional de hóquei no gelo dos Estados Unidos (e Canadá). Meu irmão é torcedor fanático dos Bruins e comemorou, da mesma maneira quando vê o Corinthians jogar, os quatro gols da vitória por 4 a 0 do Boston.
A série chegava ao sétimo jogo de uma melhor de sete partidas. Ou seja, o vencedor levaria o título. E estava muito difícil fazer qualquer tipo de previsão ou prognóstico. Nos seis jogos anteriores, três vitórias dos Bruins em Boston e três vitórias dos Canucks em Vancouver. Mas, ao mesmo tempo que prevalecia o fator “casa”, a diferença nas vitórias era notável.
As duas primeiras partidas foram no Canadá e a equipe local venceu por 1 a 0 e 3 a 2, respectivamente. Nas duas seguintes, em Boston, os Bruins fizeram incríveis 8 a 1 e 4 a 0. No quinto jogo, mais uma vitória sofrida de Vancouver, por 1 a 0 e no sexto, mais uma goleada de Boston, 5 a 2. O fato notável era que a equipe norte-americana não havia conseguido encaixar seu jogo nas partidas fora de casa, mas mesmo assim, mantinha uma defesa muito forte, como em toda a temporada – o goleiro Tim Thomas teve a melhor porcentagem de defesas da temporada regular.
Sendo assim, eram várias as questões que norteavam o último jogo da temporada. Será que os Canucks conseguem segurar os Bruins mais uma vez? Será que os irmãos Sedin finalmente mostrariam o jogo que não mostraram na séria até então? Será que a lógica da série do time da casa vencer continuaria valendo?
Para o lado dos Bruins, mais perguntas ainda. Será que Boston conseguiria superar a estatística de que, nas últimas 20 temporadas, a equipe que fez o sétimo jogo em casa venceu em 19? Será que a equipe conseguiria quebrar um jejum de 39 anos sem títulos da Stanley Cup? Será que o goleiro Tim Thomas seguraria os Canucks mais uma vez?
Às respostas, os irmãos Sedin não apareceram para o jogo, mais uma vez, e a lógica dos seis jogos anteriores não foi respeitada na última partida da temporada 2010-11. Thomas segurou os Canucks. Fez 37 defesas em 37 tentativas do time de Vancouver, conseguindo o seu segundo shutout na série final e confirmando o que já estava praticamente escrito: ele ganharia o troféu Conn Smythe, entregue ao melhor jogador dos Playoffs. Além disso, ele ainda pode conseguir o troféu Vezina, entregue ao melhor goleiro da temporada regular.
Mais do que a conquista pessoal de Tim Thomas, o Boston encaixou o seu jogo, acabou com a escrita e, mais do que isso, com o jejum de 39 anos sem títulos. Foram dois gols de Brad Marchand e dois de Patrice Bergeron, que selaram a vitória por 4 a 0 e o capitão Zdeno Chara levantou a Stanley Cup para os Boston Bruins pela sexta vez na história. Em seguida, a taça foi passada para Mark Recchi, que aos 43 anos, anunciou sua aposentadoria após conquistar sua terceira Stanley Cup.
Zdeno Chara levanta a Stanley Cup |
Em uma noite em que não havia apenas um time de preto e amarelo – lembram do Santos e Peñarol? – jogando, o outro time, menos assistido no Brasil, fez história mais uma vez. Nunca a taça subiu tanto – Zdeno Chara tem 2,02m de altura e é o jogador mais alto a atuar na NHL – no lugar mais alto do “pódio”, no topo do mundo do hóquei no gelo, para a alegria do meu irmão e da cidade de Boston.
Veja aqui um vídeo comemorativo do título, feito por torcedores dos Bruins, com a trilha sonora de “Time to Go”, música dos Dropkick Murpyhs, banda tradicional da cidade de Boston, especialmente escrita para a equipe de hóquei no gelo.