quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Festa do Limp Bizkit

O Brasil, como o seu próprio “slogan” diz, é um país sem fronteiras. Os brasileiros são muito diferentes entre si, mas mesmo assim, não nasceram para ficar separados uns dos outros. Não é a toa que estrangeiros que vêm para cá tendem a voltar. Afinal, se dizem quase sempre muito bem recebidos.

Fred Durst percebeu isso. Na segunda noite de shows do Limp Bizkit no Brasil, mais uma vez houve a contestada divisão de público: pista normal e pista premium (ou vip). Durst, logo nos primeiros momentos da apresentação, convidou os fãs da pista normal a entrarem na pista vip, o que não deu muito certo, já que a segurança do Via Funchal impediu a invasão quase em massa – alguns ficaram sem coragem de “pular” as grades.

O espaço reservado para a pista vip era muito grande, mas a quantidade de pessoas nela, nem tanto. Isso fez com que as rodas formadas em praticamente todas as músicas ficassem enormes e intensas. No entanto, independentemente de separações ou de espaços, o público se empolgou, e muito, com o Limp Bizkit no palco, impressionando Fred Durst e companhia, que, arrependidos, prometeram voltar logo para compensar todo o tempo que demoraram para visitar o Brasil.

Palheta de Wes Borland: muita sorte!
Cheguei ao Via Funchal às 21h, sendo que o show começaria às 22h. Na espera, um dos roadies da banda estava no palco sendo carinhosamente xavecado pelos fãs, que pediam palhetas. Num ato de pura sorte, ele errou um de seus lançamentos e a palheta caiu na minha frente. Então, aguardei a banda de abertura, que seria o La Raza, quando de repente o dono da palheta, Wes Borland, subiu ao palco depois de Introbra, para agitar e talvez surpreender a maioria dos fãs, que ainda esperava a abertura.

"Hot Dog" deu início à “Festa do Limp Bizkit”, como o próprio Fred Durst disse tantas vezes durante o show, seguida de Show me What You Got e Why Try, a única música do álbum Gold Cobra, o mais recente da banda, tocada em São Paulo. Talvez "Shotgun" e a faixa-título, "Gold Cobra", merecessem um lugar no setlist, mas não foi nada que chegou a estragar a performance da banda.

Com todos os grandes hits, como “My Generation”, “My Way”, “Re-Arranged”, “Break Stuff” sendo executados, o show pode ser resumido na frase “porrada atrás de porrada”, em ambos os sentidos possíveis: músicas pesadas seguidas de músicas pesadas e rodas quase que ininterruptas na pista. Se fosse possível resumir a apresentação em uma palavra (sem usar palavrões, é claro, pois seria mais fácil), poderíamos dizer “intensa”.

No entanto, é difícil usar apenas uma palavra, coisa que nem Fred Durst fez. Além de cantar, ele falou bastante e, inclusive, disse que os brasileiros são o melhor público para o qual a banda já tocou. Não é a primeira – talvez nem a última – vez que ouço isso de alguma banda. Edguy, Metallica, Dream Theater, Avenged Sevenfold e POD, entre outros, vieram mais de uma vez para o Brasil nos últimos anos, sempre repetindo o discurso de Durst.

O show seguia em frente, com o vocalista tido como um dos maiores “malas” do rock conduzindo o público como poucos, inclusive chegando muito perto às vezes. Aliás, Durst chamou um fã ao palco em certo momento e, em outra oportunidade, invadiu a pista vip e cumprimentou alguns fãs da pista normal.

A primeira parte do show foi encerrada com “Nookie”, uma das músicas que mais projetou o Limp Bizkit na cena musical do mundo, há 12 anos atrás. O bis começou com um descanso para o público e para banda: a versão de “Behind Blue Eyes”, do The Who, foi cantada em uníssono, o que impressionou ainda mais a banda. No entanto, o melhor ainda estava reservado para o final.

“Take a Look Around” deixou todo mundo doido. Sim, não há melhor expressão para descrever o que aconteceu durante a música presente na trilha sonora do filme Missão Impossível 2. Em um certo momento da música, todos os instrumentos praticamente param, e foi exatamente nessa hora que eu aproveitei e me abaixei para descansar pela primeira vez no show. Quando vi, todos estavam abaixados ao meu redor e assim foi, todo mundo no chão, no maior estilo “Spit it Out”, do Slipknot, e depois levantando com todas as forças para o final da música. Épico.

Depois, Faith, dedicada às garotas presentes no Via Funchal, veio acompanhada de um convite para que todas subissem ao palco. Aproximadamente 20 subiram (algumas já estavam lá, acompanhando o show do palco mesmo) e idolatraram o Limp Bizkit de perto, enquanto o “quebra-quebra”, que vinha desde “Hot Dog”, apenas com a parada em “Behind Blue Eyes”, continuava na pista. (Veja aqui um vídeo gravado por um fã no show)

Wes Borland (foto de @henriqueoli)
Para terminar, Fred Durst fez uma enquete e perguntou o que o povo queria ouvir. Na dúvida entre as duas mais pedidas, “Pollution” e “Counterfeit”, Wes tocou o riff de Pollution, mas nem todos pareciam saber direito do que se tratava. Fred, então, parou dizendo com todas as letras “you don’t know this shit” e Counterfeit foi executada em parte, antes de “Rollin’” fechar a noite.

Como já dito, muita intensidade e muita porrada, em ambos os sentidos, marcaram a segunda apresentação do Limp Bizkit no Brasil. Como o próprio Fred Durst disse, eles voltam logo, afinal foram muito bem recebidos pelo “país de todos”. Estamos esperando uma nova Festa do Limp Bizkit.