segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A melhor defesa é a defesa, mesmo

Uma das maiores máximas do esporte mundial é dizer que “a melhor defesa é o ataque”. Bom é o time que joga bonito, para frente, buscando fazer muitos pontos/gols/afins em vez de jogar tentando evitá-los. O Santos, campeão paulista e da Copa do Brasil de 2010, é um grande exemplo disso. Neymar, Ganso, Robinho e os demais, comandados por Dorival Júnior, ganharam, com sobras e encantando os amantes do esporte, as duas competições.

É claro, não só no futebol é assim. É fantástico assistir a um jogo de futebol americano com muitos pontos, touchdowns para todos os lados, mas na NFL atual isso se prova cada vez mais difícil. Nos Playoffs da temporada atual, Atlanta Falcons, Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs provaram que “só” um ótimo ataque não é suficiente para se chegar ao Super Bowl.

Os Falcons e Chiefs com seus respectivos running backs – Michael Turner e Jamaal Charles – e os Eagles, com a grande volta de Michael Vick, fizeram muito durante a temporada regular, mas diante da diferente concentração para o mata-mata, foram literalmente freados pelas defesas adversárias e, portanto, eliminados.

Às finais de conferência, chegam os quatro melhores times da NFL e, em 2010, foram quatro das melhores defesas da liga: Jets, Steelers, Packers e Bears. Não poderia ser diferente: os dois jogos que definiram os participantes do Super Bowl XLV foram definidos pelas defesas – e ataques também.

Green Bay Packers e Chicago Bears fizeram a final da NFC, a Conferência Nacional da NFL, em mais uma noite inspirada de Aaron Rodgers, quarterback de Green Bay. Os dois times protagonizam a rivalidade mais antiga da história da liga e, mesmo assim, só haviam se enfrentado uma vez nos playoffs, quando o Chicago venceu, há mais de 70 anos atrás.

Desta vez, Rodgers não passou para nenhum TD, mas conquistou 244 jardas pelo ar e ainda anotou (mais) um TD correndo, mesmo sofrendo duas interceptações. Já a defesa de Green Bay, capitaneada por Clay Matthews, segurou o ataque de Chicago durante os três primeiros quartos quando o quarterback titular, Jay Cutler, se machucou, dando lugar ao reserva Todd Collins, que não entrou bem e foi substituído pelo jovem Caleb Hanie, que fez o que pôde (o time anotou 14 pontos com ele em campo), mas não evitou a vitória dos rivais, por 21 a 14.

Pela final da AFC, a Conferência Americana, mais uma batalha de defesas no Heinz Field, na Pennsylvania, entre o Pittsburgh Steelers e o New York Jets. Coincidentemente, os dois times, a exemplo de Packers e Bears, tinham, respectivamente, as posições 2 e 6 na pós-temporada. No entanto, os Steelers não deixaram a primeira final entre dois “números 6” da história acontecer e mostraram porque são os maiores campeões da NFL.

O primeiro tempo foi um verdadeiro massacre: 24x3 para os Steelers. Ben Roethlisberger lançou poucos passes, mas foi preciso quando foi necessário e o running back Rashard Mendenhall correu mais de cem jardas, fazendo com que os Steelers abrissem 24 pontos de vantagem, antes de New York chutar um field goal no final do primeiro tempo.

Já o segundo tempo também foi um massacre, mas do outro lado: 16x0 para os Jets. Mark Sanchez acordou e passou para dois touchdowns que acenderam a esperança do torcedor de New York. Porém, nos minutos finais, “Big Ben” anotou um passe fundamental para Antonio Brown, conquistando a última primeira descida da partida, selando a vitória dos Steelers: 24 a 19 para a equipe de Pittsburgh, que buscará seu sétimo Super Bowl, em oito participações, com esta.

Portanto, o Super Bowl XLV, que será realizado no Cowboys Stadium, em Dallas, terá o Pittsburgh Steelers, querendo conseguir ainda mais um título, e o Green Bay Packers que venceu os Super Bowls I, II e XXXI (em 1997). Os dois times foram os mais completos nos playoffs os que atacaram melhor e, principalmente, defenderam melhor. A batalha defesa x defesa será decidida de uma maneira diferente de uma das maiores máximas do esporte.

Em Dallas, no dia 5 de fevereiro de 2011, a melhor defesa será efetivamente a defesa, mesmo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Projeções no gelo: grandes rivalidades à vista em 2011

O torcedor brasileiro é altamente acostumado a mesas redondas e análises esportivas (entenda-se futebolísticas), embasadas ou não. Desde a segunda rodada de cada campeonato, os comentaristas já aquecem os motores da torcida, fazendo as mais diversas projeções.

Por exemplo, se o Paulistão terminasse hoje, o Santos seria o líder e enfrentaria o São Bernardo no mata-mata, assim como o São Paulo enfrentaria o Mogi Mirim, o Corinthians pegaria o Oeste e o Palmeiras estaria fora. Com duas rodadas, ainda não há muito há dizer, mas sempre vale tirar uma casquinha do rival. No entanto, nesse caso, não vamos falar de futebol.

A NHL é a liga profissional de hóquei no gelo dos Estados Unidos, considerada uma das quatro grandes ligas do país, juntamente com NBA (basquete), NFL (futebol americano) e MLB (baseball). Mesmo sendo campeonatos essencialmente americanos, das quatro, apenas a NFL não tem equipes do Canadá, para que o futebol canadense (diferente do americano) seja preservado localmente.

No caso da NHL, a história é diferente. Mesmo tendo seis equipes na liga, contra 24 norte-americanas, o Canadá constitui a grande força do hóquei no gelo. Isso porque mais de 500 jogadores são canadenses e isso equivale a mais da metade do total de atletas – em segundo lugar, estão os Estados Unidos, que possuem aproximadamente 200 jogadores.

Com este cenário, aliado às características do esporte em si, não é surpreendente esperarmos grandes rivalidades entre times e jogadores. E, para ligarmos a NHL às mesas redondas brasileiras, falemos do que o povo gosta: projeções. Se a temporada regular da NHL terminasse hoje, já teríamos três das maiores rivalidades da história logo na primeira rodada dos playoffs. O sistema é igual ao do Campeonato Paulista, da NBA e de diversos torneios pelo mundo: o primeiro colocado pega o oitavo, o segundo pega o sétimo e assim por diante.

Para começar, o Winter Classic deste ano pode ter uma revanche, já que Pittsburgh Penguins e Washington Capitals estão, respectivamente, na quarta e quinta posições da conferência Leste. As equipes possuem, em seus capitães, dois dos melhores jogadores da liga no momento: Sidney Crosby e Alexander Ovechkin, que não vão um com a cara do outro, o que acirra ainda mais a já histórica rivalidade.

“Sid” é, juntamente com Jonathan Toews, do Chicago Blackhawks, o jogador mais jovem a levantar a Stanley Cup como capitão de sua equipe. No ano da última conquista dos Penguins, em 2009, contra o Detroit Red Wings, o canadense tinha 22 anos. Já “Ovie” é o único jogador da história da NHL a ganhar os quatro principais troféus dados aos jogadores: artilheiro, líder em pontos, melhor jogador na temporada segundo os jogadores e MVP.

Ainda no Leste, o Boston Bruins está na segunda posição, enquanto o Montreal Canadiens está na sétima. Se assim permanecer até o final da temporada, será apenas mais uma vez que os rivais se encontrarão nos playoffs da liga. Bruins e Canadiens fazem parte das seis equipes originais da NHL, que existem desde 1927 e, desde então, foram aproximadamente 700 partidas entre si, contando temporada regular e playoffs, número maior do que qualquer confronto da história.

Dentre as 32 séries disputadas pelas duas equipes nos playoffs, a mais recente é justamente a do ano passado. Na ocasião, os Bruins terminaram a temporada regular com a primeira colocação da conferência Leste, enquanto os Canadiens ficaram com o oitavo e último posto. Foi a primeira vez que a equipe de Boston venceu por quatro jogos a zero, desde 1992.

Por fim, na conferência Oeste, Detroit Red Wings e Colorado Avalanche estão na segunda e sétima posições, respectivamente, e podem reeditar as verdadeiras batalhas no gelo dos anos 90 e 00. Tudo começou quando o goleiro-ícone do Avalanche, Patrick Roy, jogava no Montreal Canadiens e tomou nove gols em um único jogo, exatamente contra os Red Wings, e pediu para ser trocado. Seu destino foi exatamente a equipe do Colorado.

No intervalo de 1996 a 2002, as equipes se encontraram cinco vezes nos playoffs, com três vitórias do Avalanche e duas dos Red Wings. Todas as séries – e algumas partidas durante a temporada regular também – ficaram conhecidas como guerras no gelo, com extrema violência e ódio por parte dos jogadores. Em 1998, inclusive, Detroit foi palco de uma rara luta de goleiros: Roy contra Osgood (Veja aqui).

Projeções feitas, tudo é exatamente da mesma maneira como ocorre com o futebol brasileiro: ainda há bastante tempo para o final da temporada regular e tudo pode mudar. O palco para as discussões continua montado, mas os fãs da NHL e, principalmente, as torcidas das equipes rivais aguardam os playoffs da temporada 2010-2011. E que, se possível, termine do jeito que está.