quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Rodada de domingo no Brasil

O time vermelho é do Rio Grande do Sul, mas o time azul é mais querido na Região Sul.
Já o time azul é de São Paulo, mas o time vermelho é mais querido na Região Sudeste.

Os dois times se atacam, como num clássico regional. Há mídias a favor de um e mídias a favor do outro. Não há defesa, só ataques.

Para quem eu torço se nem os torcedores locais acreditam em seus times?
Para quem eu torço se a mídia tem opinião, quando não deveria? Aliás, onde está o jornalismo imparcial?

As pessoas fazem propaganda gratuita, divulgando cada um o seu time e atacando o outro, é claro...

...Mas vamos entrar na realidade. Afinal, o mundo não é só feito de futebol.

Dilma é do Rio Grande do Sul, mas Serra vai melhor nas pesquisas eleitorais da Região Sul.
Serra é de São Paulo, mas Dilma vai melhor nas pesquisas eleitorais da Região Sudeste.

Os dois candidatos se atacam, mais do que Corinthians e Palmeiras, Grêmio e Internacional e etc. Há mídias a favor de um e mídias a favor do outro. Não há propostas, só ataques.

Em quem eu voto se nem os eleitores locais acreditam em seus times?
Em quem eu voto se a mídia tem opinião, quando não deveria? Aliás, onde está o jornalismo imparcial?

As pessoas fazem propaganda gratuita, divulgando cada um o seu candidato e atacando o outro, é claro...

Mudou alguma coisa?

Faltam três dias para as eleições e há mais de 10% de eleitores indecisos ou com intenção de voto branco ou nulo. Eleitores, estes, que podem virar o placar atual das pesquisas ou aumentar a vantagem, transformando-a numa goleada.

Mas estamos na realidade. Não estamos falando de futebol, em momento algum, não é mesmo? O time azul e o time vermelho fazem o jogo de domingo, que não é válido pelo Campeonato Brasileiro, que terá rodada finalizada no sábado, mas, sim, pelo Brasil.

Serão mais de 100 milhões de jogadores, sem número certo para cada time. Qual será o resultado?

sábado, 23 de outubro de 2010

Quando a música e o esporte se encontram

Tudo começou em um feriado católico: dia 1º de novembro, o mundialmente conhecido “Dia de Todos os Santos”, “All Saints Day”, em inglês. O ano era 1966 e ainda faltavam quatro anos para a fusão das duas ligas que comandavam o futebol americano na época, a American Football League (AFL) e a National Football League (NFL).

Muitos anos antes disso, em 1896, uma música foi composta para ser e celebrar o All Saints Day, já citado feriado de todos os santos, e cinco anos mais tarde, a cidade de New Orleans viu um de seus heróis do jazz nascer: Louis Armstrong. A história da tal música se amarra com a de Louis em 1930, quando o cantor transformou o até então hino gospel “When the Saints Go Marching In” em uma lenda.

E já que a proposta do blog é falar sobre música e esporte, vamos juntar as duas coisas nesse post, então, justamente como a história fez.

Voltemos a 1966, quando tudo isso se cruzou. New Orleans era (ainda é) a cidade do jazz, casa de Louis Armstrong e buscava o seu lugar na liga profissional de futebol americano, que vinha se popularizando mais e mais com o passar dos anos e com a possibilidade de uma união entre as duas ligas que comandavam o esporte. O nome do time da cidade seria, portanto, uma questão de lógica.

Armstrong gravou When the Saints go Marching In e o anúncio da formação da equipe de futebol americano de New Orleans havia sido adiado em uma semana, para que fosse feito no All Saints Day. Aquele Dia de Todos os Santos ficou conhecido por algo a mais: em 1º de novembro de 1966, nascia o New Orleans Saints.

A cidade do Jazz, enfim, tinha o seu time no esporte mais popular dos Estados Unidos, mas os Saints eram apenas um time mediano. A equipe mal chegava nos 50% de aproveitamento durante as temporadas da já unificada NFL até 1987, ano da primeira chegada dos Saints aos playoffs.

 O New Orleans Saints era apenas mais um time na liga, alternando performances boas e ruins, com ênfase nas ruins. Até que, em 2005, a história da equipe mudou. A pré-temporada dos Saints começou com uma vitória sobre os Patriots fora de casa e duas derrotas em casa, no Superdome, para os Seahawks e para os Ravens.

A derrota para a equipe de Baltimore foi a última partida disputada no Superdome em 2005, já que dois dias após o jogo, o furacão Katrina passou por New Orleans, deixando milhares de desabrigados, mais de mil mortos, quase todos sem energia elétrica e condições de saneamento básico. A princípio, o estádio dos Saints foi usado como abrigo para 15 mil pessoas, número que subiu para 20 mil em um dia.

Em 31/8, as condições pioraram. Os arredores do Superdome estavam completamente inundados e, mesmo com a ordem de evacuação dada pelo governo, o número de pessoas no estádio aumentou para 25 mil. Após o caos e uma mega-operação que durou até o dia 4/9, todos os abrigados no Superdome foram evacuados e o estádio, interditado.

Os Saints mandaram seus jogos de maneira itinerante, em diferentes estádios, como o Alamodome em San Antonio e o Giants Stadium, de Nova York. Claramente afetado pelo Katrina, o time de New Orleans não foi bem e obteve 3 vitórias e 13 derrotas em 2005.

Um ano depois, com a cidade sendo lentamente reconstruída, a pré-temporada foi realizada toda fora de New Orleans, mas para o delírio da população local, todos os jogos em casa da temporada 2006 seriam no Superdome.

O resultado foi simplesmente incrível. Todas as partidas tiveram lotação máxima, sendo que a primeira, contra o Atlanta Falcons, bateu todos os recordes de audiência da ESPN no mundo até a época. Além das 70.003 pessoas presentes ao Superdome, mais de 10 milhões de espectadores assistiram ao jogo pela TV, que contou com apresentações de Green Day e U2. Além disso, os Saints chegaram à final da NFC pela primeira vez na história, perdendo para o Chicago Bears, há um jogo do Super Bowl.

A boa campanha alavancou a venda de ingressos para as temporadas 2007 e 2008 e o Superdome esteve praticamente lotado em todos os jogos, por dois anos. O fato mais curioso é que a cidade de New Orleans estava com aproximadamente 300 mil habitantes a menos do que antes do Katrina, mas o público no estádio só crescia. Se nas arquibancadas o resultado era ótimo, e nas ruas todos estavam torcendo pelos Saints, sempre ao som de When the Saints Go Marching In, tocado pelas inúmeras bandinhas de jazz de rua da cidade, em campo, o time não foi bem. No entanto, na temporada de 2008, uma “nova” esperança apareceu: o quarterback Drew Brees.

Mesmo com a campanha de 8 vitórias e 8 derrotas, Brees ficou apenas a 16 jardas de bater o recorde de Dan Marino de 5084 jardas conquistadas com passes em uma só temporada. O quarterback já estava em New Orleans desde 2006, mas despontou mesmo a partir de 2008. Em 2009, veio a consagração máxima, para Brees, para os Saints e para New Orleans.

O começo da temporada foi inacreditável: 13 vitórias e nenhuma derrota. Depois, três derrotas nos últimos jogos da temporada regular, mas a classificação para os playoffs veio, juntamente com a melhor campanha da NFC. Da mesma maneira que em 2006, os olhos do mundo estavam sobre os Saints.

Desta vez, a equipe foi além de onde tinha parado e derrotou Arizona Cardinals (45-14) e Minessota Vikings (31-28, na prorrogação) para chegar ao título da NFC e ao tão sonhado Super Bowl XLIV, que seria disputado contra os multicampeões, Indianapolis Colts.

O Sun Life Stadium, em Miami, foi o palco da partida, responsável pela maior audiência da história da televisão mundial. Conforme já dito, os olhos do mundo estavam sobre os Saints, o time ressurgido das cinzas, que uniu novamente uma cidade devastada por um furacão e provou que o esporte é uma excelente “terapia”.

No primeiro quarto, um massacre dos Colts: 10-0. No segundo, dois field goals para os Saints: 10-6. Após o intervalo, no terceiro quarto, um genial onside kick (veja aqui) fez com que Peyton Manning não tivesse a bola em suas mãos. Com isso, Drew Brees lançou para Pierre Thomas marcar o primeiro touchdown dos Saints. Na sequência, os Colts anotaram mais sete pontos, com uma corrida de quatro jardas de Joseph Addai, e os Saints devolveram com outro field goal de Garrett Hartley: o placar marcava 17-16 para o time de Indianapolis.

No último quarto, Drew Brees comandou a continuação da reação dos Saints, se puder ser chamada assim, com um passe para touchdown de Jeremy Shockey e um passe para uma conversão de dois pontos de Lance Moore, que fez com que os Colts precisassem de um touchdown mais a conversão de um ponto para empatarem o jogo, ou de dois, para vencerem.

No entanto, Peyton Manning foi interceptado por Tracy Porter, que retornou 74 jardas para mais um touchdown, histórico (o vídeo diz mais do que as palavras). Placar definido no Sun Life Stadium: 31-17. Os Saints chegaram ao topo da NFL em 2009, sob os olhos do mundo inteiro.  Brees foi escolhido o MVP (jogador mais importante) do jogo e, para muitos, a equipe representou o ressurgimento de New Orleans após o Katrina.

Para comemorar, muito simples. Adivinhem só?

Novamente, When the Saints Go Marching In (veja um exemplo aqui). Apesar de tudo o que aconteceu, tanto na história do esporte, quanto na música e, principalmente, durante a reconstrução pós-Katrina, New Orleans e os Saints nunca deixaram suas raízes de lado. O mundo inteiro viu quando a cidade foi devastada e quando ressurgiu, no Super Bowl XLIV.

E tudo começou na cabeça de um maluco que deu, ao time de futebol, o nome de uma simples música...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lucros e dividendos no Centenário do Corinthians

Após perder o técnico Adílson Batista no último final de semana na derrota para o Atlético-GO, o Corinthians perdeu mais um jogo, o sexto seguido sem vitória, para o Vasco, por 2x0. Com isso, o time do Parque São Jorge se mantém na terceira posição e não se “aproveita” do jogo a menos que tinha.

A partida realizada hoje foi válida ainda pelo primeiro turno, pela 18ª rodada, juntamente com Santos 1x0 Internacional, pela 13ª. Na ocasião, o time gaúcho estava disputando a Libertadores da América, e viajaria para o México, para o primeiro jogo da final, contra o Chivas. Por isso, o jogo foi adiado.

Já o Corinthians, estava no auge das comemorações pelo seu Centenário – a rodada foi realizada entre os dias 1º, quarta-feira e 2, quinta-feira. Em vez de jogar uma “partida festiva”, com ingressos possivelmente mais baratos e uma festa no estádio, a diretoria de marketing do Timão preferiu armar uma grande festa na virada da noite de terça para quarta-feira, no Vale do Anhangabaú.

Foram mais de cem mil corintianos presentes, sem contar artistas, jogadores e comissão técnica. Um verdadeiro sucesso. No dia seguinte, pela 18ª rodada do Brasileirão, o Corinthians teve uma folga, para se recuperar e/ou curtir mais a festa. Enquanto isso, o Cruzeiro vencia o Flamengo, por 1x0 e o Fluminense empatava com o Palmeiras, por 1x1 – em um jogo dramático, com empate palmeirense nos acréscimos.

Ou seja, os adversários diretos marcaram pontos, enquanto o Corinthians festejava e o torcedor, também. Confira como estava o Brasileirão na época, até a 17ª rodada:

1-Fluminense: 36 pontos
2-Corinthians: 34 pontos
X-Cruzeiro: 19 pontos

Até então, o Cruzeiro era um time em ascensão, enquanto Fluminense e Corinthians brigavam feito cão e gato pela liderança, em uma bela batalha. O Timão folgou na rodada do Centenário, continuou jogando bem e abriu até alguns pontos de vantagem sobre o Tricolor carioca, tudo isso com um jogo a menos.

Voltemos ao dia de hoje, 13/10/2010. O Cruzeiro deixou de ser um time em ascensão, passou pela fase de ser um adversário direto e agora é o líder do campeonato, com dois pontos de vantagem para o segundo colocado, Fluminense, que luta contra os desfalques e o jejum de gols do artilheiro Washington.

O Corinthians começou a “rodada” na terceira posição, com chances de chegar ao primeiro lugar se vencesse o Vasco. No entanto, em melhor momento, o time carioca não deu chances ao paulista, e venceu por 2x0. Desfalcado, sem técnico e sem muito ânimo em campo, o Corinthians não pareceu lutar pelas chances, inclusive.

Cansado pela viagem com a Seleção Brasileira, o destaque do time, Elias, teve atuação apagada. Enquanto isso, outro destaque da campanha corintiana é mais um dos reforços no departamento médico de Itaquera: Bruno César se junta a Dentinho, Jorge Henrique, Ralf e Ronaldo (que disse que vai jogar contra o Guarani, no final de semana). O técnico interino Fábio Carille não teve muitas opções para escalar o time e entrou em campo com Souza e Iarley no ataque, o que não agradou a muitos torcedores.

E se o Corinthians tivesse jogado no dia 1/9? Ronaldo provavelmente não estaria em campo, mas Bruno César, Dentinho, Jorge Henrique, Ralf, Chicão e Elias estariam, em plenas condições, inclusive. Valeu a pena todo o lucro obtido pelo Timão com o Centenário? E o Campeonato Brasileiro, para onde vai, agora que o número de jogos é o mesmo para todos e os resultados próprios não são suficientes para o título?

A vaga na Copa Libertadores da América ainda está próxima, já que Santos e Internacional são, respectivamente, quarto e quinto colocados e já estão dentro da competição intercontinental, graças aos títulos da Copa do Brasil e da própria Libertadores.

A verdade é que desfalcado ou não para o jogo contra o Guarani, as chances do Corinthians contra o Vasco em 1/9 seriam maiores do que foram hoje. A Fiel estaria a postos, apoiando o time e pronta para comemorar o Centenário com uma vitória. Com festa no Anhangabaú no dia 31 de agosto ou não, a festa no estádio seria a mais esperada.

Após o comentário do Presidente Andrés Sanchez para a Rádio Eldorado ESPN, dizendo que não sabe quem é Fábio Carille (veja aqui), hoje, 13/10, a festa mais propícia a ser comemorada é o Halloween, em pleno ano do Centenário.

O que foi maior, o lucro com o Centenário, ou o dividendo da folga, tendo que ser pago bem em época de desfalques e técnico interino?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

SWU: Último Dia, últimas impressões

Não visitei a Fazenda Maeda no domingo. Portanto, volto a falar por aqui apenas do terceiro e último dia do Festival SWU, começando pela mesma frase com a qual terminei o texto anterior: nunca crie um festival cujo nome rime com cu.

Foram filas enormes, preços abusivos, banheiros que não merecem comentários e lixo por todos os cantos. A sustentabilidade foi o último tema levado em conta, sendo que era o principal assunto do evento, com a realização de fóruns, inclusive.

Cornetadas a parte, o último dia estava frio e mais vazio do que o primeiro, provavelmente, pelo menos à primeira vista, mas estava bem intenso. Quando cheguei, o Gloria estava no palco e, quando entrei, o Cavalera Conspiracy já estava em seu momento – tamanha a demora nas filas de entrada.

Iggor e Max Cavalera mostraram o mesmo entrosamento que levou o Sepultura a ser o que é hoje: a maior banda brasileira conhecida no exterior. Por esse motivo, os irmãos não poderiam deixar de tocar as músicas da velha banda. Attitude, Refuse/Resist e, obviamente, Roots Bloody Roots, fizeram parte do set que levou o público ao delírio, juntamente com a presença de palco de Max.

Minutos depois, foi a vez do Avenged Sevenfold subir ao Palco Vento e deixar a plateia sem voz. Com a morte do baterista Jimmy “The Rev” Sullivan, Mike Portnoy, do Dream Theater foi convidado a completar o time na gravação do álbum Nightmare e na turnê de divulgação do mesmo. Aqui no Brasil, não foi diferente.

Ao contrário da primeira apresentação do A7X em terras brasileiras, M. Shadows e companhia estavam menos nervosos e não precisaram entrar no palco bêbados para aguentarem o tranco. Com um setlist de aproximadamente uma hora, a banda cativou, e muito, o público brasileiro e prometeu voltar, com mais tempo para mais músicas, em uma breve próxima vez.

Em seguida, era a vez do Incubus que, como o Avenged Sevenfold, vinha ao Brasil pela segunda vez e com menos nervosismo. Brandon Boyd parecia mais a vontade no palco, de maneira que até conversou com a plateia, como não havia feito em 2007. Mesmo assim, o Incubus agradou a gregos e troianos que não conheciam muito bem a banda e se cativaram com músicas como Oil and Water e Wish You Were Here.

Nota: ainda espero que o Incubus tocar Stellar e o Avenged Sevenfold toque Chapter Four, no Brasil.

De volta ao Palco Vento, talvez o maior público da última noite do SWU era o que aguardava o Queens of the Stone Age. A banda passou pelo Brasil no Rock in Rio de 2001 e ficou conhecida pela polêmica escolha do então baixista, Nick Olivieri, de fazer o show nu (Nick foi forçado a colocar uma calça e preso após a apresentação).

O enorme público presenciou o primeiro atraso do festival, que contava com a pontualidade como seu ponto forte, até então. A banda subiu ao palco quase uma hora depois do previsto, após uma explicação de “delay técnico”, vinda da produção, e vários gritos “SWU, vai tomar no cu”, vindos daqueles que esperavam o Queens.

Josh Homme fez bonito e agradeceu depois de cada música que tocou, desde Feel the Good Hit of Summer até A Song for the Dead. Valeu até a brincadeira: “aqui vai uma música que toooodos vocês conhecem”, disse Josh, antes do hit, No One Knows.

Com o atraso antes do show do Queens of the Stone Age, a organização do Festival fez questão de tentar agilizar as coisas, colocando os Pixies pra trabalhar logo após os Queens, sem tempo para o público respirar e trocar de palco. Dos Pixies, eu conhecia Here Comes Your Man, apenas, e essa foi a minha hora para respirar e sentir frio, fora da multidão fumante (possível de ser entendido em todos os sentidos).

Novamente, sem tempo para respirar, o Linkin Park já estava começando a sua apresentação, que, teoricamente, fecharia a parte rock’n’roll do SWU. O novo álbum da banda saiu há pouco tempo e muitos não conheciam muito bem as músicas, sendo que das 15 presentes no “ A Thousand Suns”, 13 foram tocadas na Fazenda Maeda.

Se for levado em conta o total de 25 músicas, 50% foram canções do novo álbum da banda. Certamente, boa parte do público esperava – e queria – ouvir as músicas dos dois primeiros lançamentos do Linkin Park: Hybrid Theory e Meteora. Resultado: várias pessoas saíram antes mesmo da apresentação da banda acabar.

Mike Shinoda parece estar mudado, diferente, mais calmo, mais cansado. Não é mais apenas o “vocalista de rap” do Linkin Park. Enquanto Chester Bennington, no entanto, continua enérgico e gritando, como sempre fez nas apresentações ao vivo da banda. One Step Closer valeu a noite, apesar das inúmeras ausências de músicas antigas no setlist escolhido para o Brasil.

Por fim, o DJ holandês Tiësto encerrava o SWU enquanto eu enfrentava a fila de carros, bem menor do que no primeiro dia de Festival, para deixar a Fazenda Maeda.

Considerações finais:
·         A sustentabilidade foi totalmente deixada de lado nos três dias de SWU. Havia lixo por todos os lados;
·         A preocupação com a economia de água foi tanta, que não havia a possibilidade de se lavar as mãos após a utilização dos banheiros, se é que podem ser chamados assim;
·         Algumas coisas como guarda-chuvas, canetas, escovas de dente e comprimidos para dor de cabeça foram barrados na revista de entrada, enquanto do lado de dentro da arena, cigarros, maconha e outras drogas eram consumidas livremente por algumas pessoas, sem fiscalização alguma.
·         A ideia de um grande festival é ótima para o Brasil e o local foi bem escolhido, apesar da dificuldade de acessos e filas. Muitas pessoas (ainda não há números oficiais) estavam presentes e afim de diversão, com música;
·         As atrações foram bem escolhidas e não houve repulsa a nenhuma das que eu vi tocar (vale citar como exemplo o Carlinhos Brown, no Rock in Rio de 2001). A arena era (bem) grande e dava pra fugir caso o artista em apresentação não agradasse.

O SWU foi uma ótima ideia, mas com má execução. A começar pelo nome: nunca crie um festival cujo nome rime com cu, a primeira impressão é a que fica.

domingo, 10 de outubro de 2010

SWU: Primeiro dia, primeiras impressões

Ontem, 9/10, foi o primeiro dia do festival de música e arte SWU (Starts With You) e tudo aquilo que se vê nos portais de notícias hoje são matérias a respeito de falta de organização e dos “imprevistos” ocorridos no show do Rage Against the Machine. Foram filas intermináveis, na entrada, na saída e durante o evento – nos restaurantes, banheiros e etc – além do principal tema do evento, a sustentabilidade, ter sido deixado de lado.

Embalagens de comida e bebida, como latas, garrafas, copos plásticos, guardanapos, bandejas e tudo mais, lotavam as poucas latas de lixo colocadas não tão estrategicamente assim na Fazenda Maeda, local onde foi realizado o evento. Com isso, as milhares de pessoas presentes jogavam o lixo onde estava mais perto, o chão.

Mas não é disso que eu quero falar. Cheguei de tarde e não acompanhei todos os shows, mas gostaria de falar de alguns em particular, coisa que eu não vi, ainda.

Ao pisar na arena da Fazenda Maeda, ouvi, ao longe, “Infectious Grooves”! E lá estavam no palco, liderados por Mike Muir, do Suicidal Tendencies, fazendo um som extremamente particular, técnico, pesado e com mais uma série de adjetivos. O destaque fica para Violent and Funky, com uma linha de baixo extremamente rápida e complicada, composta por Robert Trujillo, baixista da banda na época da música.

Quando os Mutantes entraram no palco, muitos aproveitaram para ir ao banheiro e comer. Confesso que fui um deles e não aproveitei muito o show de Sérgio Dias e sua trupe. Aliás, vale uma ressalva por conta do banheiro masculino: as cabines eram apenas figurativas, já que passada a parede construída, a área já poderia ser considerada como banheiro.

De volta à pista, estavam no palco os Los Hermanos, sem fazer shows periodicamente e escolhidos pelo público como banda nacional a tocar no SWU. Os último shows dos cariocas haviam sido na abertura das apresentações do Radiohead no Brasil, no ano passado. Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo pareciam empolgados com o público, agradecendo a todo momento e dizendo estar contentes com a oportunidade que lhes foi dada.

Nota: Durante a música “O Vencedor”, enquanto eu cantava e pulava com meus amigos, um cara, espantado com o nosso comportamento, pediu “vocês tem um doce aí?”. Não, não tínhamos.

Terminado o show dos Los Hermanos no palco Vento, o relógio marcava 20h50 em ponto, que era o horário previsto para o término do show no Lineup oficial do site do evento. A próxima banda, o Mars Volta, entraria no palco Água às 20h58 e foi exatamente o que aconteceu. A ideia dos dois palcos me pareceu estranha no começo, mas funcionou bem e os horários foram muito bem respeitados.

O guitarrista Omar Rodriguez-Lopez e o vocalista Cedric Bixler-Lavala lideraram a apresentação que durou cerca de uma hora e surpreendeu o público mais pela dificuldade das linhas tocadas e dos tempos complicados do que pela interação, em si. Ouvi um comentário que explica bem o show do Mars Volta: “eles tocam muito, mas parece que esqueceram que tinha um público pra eles aqui. Não falaram com a plateia em momento algum!”

Enfim, chegava o momento mais esperado da noite. O número de pessoas presentes no primeiro dia do SWU ainda não foi divulgado pela organização, mas, com certeza, mais de 90% do público presente estava lá por um único motivo: Rage Against the Machine. Talvez, tenha sido a única apresentação que não começou no horário, mas por conta de alguns minutos, apenas.

Zack de La Rocha, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk subiram ao palco e começaram com uma porrada na orelha de quem estava presente: Testify iniciou o que seria um show histórico. Quando me dei conta, já estava na grade da pista normal, levado pelo fluxo de gente que tentava avançar na base do empurra-empurra.

Passados alguns minutos de show, o Rage Against foi forçado a parar, devido a alguns espertinhos invadindo a pista VIP, fato retratado pelos grandes portais, conforme dito antes, e que não será levado em conta aqui. Outro fato como esse, que também não será comentado, foi o “tilt” no sistema de som, que fez a banda parar por mais alguns minutos.

Vale falar, apenas, que o público gritou: “Ei, SWU, vai tomar no cu!”

Com hits como Know Your Enemy, Bullet in the Head, Guerrilla Radio e Sleep Now in the Fire, os americanos não parariam mais e, com isso, o público também não. Obviamente, o melhor ficou para o final. As duas músicas escolhidas para terminarem o show foram Freedom, seguida por Killing in the Name, sem dar tempo para ninguém respirar.

No Twitter, Tom Morello subiu ao topo dos TTBr por usar um boné do MST durante a apresentação. Ok, a banda apoia a causa e dedicou People of the Sun ao movimento, mas isso não foi maior do que o conjunto da obra. Um show perfeito, para quem esperava havia muito tempo, desde que a banda “encerrou” suas atividades, em 2000, e voltou no ano passado.

O congestionamento de carros na saída era evidente e previsível. Mesmo assim, muitos não ficaram satisfeitos com o que viram e com o que passaram, como esse que vos escreve. No entanto, o mais importante a se falar do primeiro dia do SWU foi a desorganização em alguns pontos, é claro, mas principalmente, o Rage Against the Machine.

Um amigo meu comentou, antes do show do Rage Against começar: “nunca faça um festival cujo nome rime com cu, em algum momento a galera vai rimar.” Eu completo o comentário, dizendo: só faça isso se tiver uma carta na manga, como o Rage Against the Machine. No final, críticas da imprensa a parte, quem estava lá nem vai se lembrar da rima.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quem não quer a camisa 10?

Nas peladas de final de semana, ela é a mais cobiçada. Com os times já definidos, começa a distribuição das camisetas e a número 10 é a número 1. É aquela que todos querem usar, é aquela que acompanha o craque do time, o destaque. A mais honrosa e a mais disputada. Aliás, não é só nos campinhos de várzea que isso acontece. No futebol profissional, também é assim. Ou era.

Pelé jogava no Santos em 1958, com a 10, mas o mundo não conhecia a sua mágica, até a Copa do Mundo da Suécia. Na época, os jogadores não tinham numeração selecionável e tudo era feito por ordem alfabética, com exceção dos goleiros, que usavam a 1. E do Rei, que na reserva da seleção brasileira, estava com a 10.

Ironia do destino ou não, Pelé nunca mais tirou o manto e apresentou ao Planeta Bola o que era jogar futebol, em 1958, com 17 anos. Foram mais três copas: bicampeonato em 62, contusão em 1966 e o histórico tri, em 70. Edson Arantes do Nascimento ficou conhecido como o maior camisa 10 que o mundo já viu jogar.

Anos depois, um argentino apareceu, usando a camisa 10, logo de cara. Diego Armando Maradona conduziu a seleção argentina ao título mundial de 1986 e fez, no mesmo jogo, dois gols históricos: o mais bonito e o mais escandaloso das Copas. Contra a Inglaterra, Don Diego driblou todo mundo e marcou um gol incrível, além de pego uma sobra na área e socado a bola por cima do goleiro. Era a Mão de Deus.

Maradona é o único que, segundo alguns, pode ser comparado a Pelé. No Brasil, ele é “apenas” o segundo melhor camisa 10 que o mundo já viu jogar, além de motivo de piadas em relação aos seus problemas com drogas.

Portanto, se a camisa 10 é lendária, tem, pelo menos, dois motivos: Pelé e Maradona. Isso, é claro, se não citarmos outros craques pelo mundo, que fizeram história com a 10. Zidane, Matthäus, Platini, Zico e Hagi são alguns exemplos.

Porém, o futebol atual é uma prova de que as coisas não são como eram antigamente. Dos onze times que estão na zona de classificação pra alguma coisa (do Fluminense ao São Paulo), podemos destacar alguns. Os argentinos dão a bola no brasileirão e seguram as camisas 10 com mais maestria. Montillo, pelo Cruzeiro e D’Alessandro, pelo Internacional. Conca usa a 11, mas se comporta como um verdadeiro 10 em campo.

E quem é o 10 do Fluminense? Deco usa a 20, Washington a 9 e Emerson o, 10 original, está machucado, fora do time. No momento, o lendário número estampa a camiseta de Belletti. O contestado lateral foi campeão por onde passou, sempre com uma discrição ímpar. De tão discreto, poucos lembram do gol do título da UEFA Champions League de 2006, marcado pelo jogador, contra o Arsenal. No momento, a 10 do Fluminense, líder do campeonato, está encostada no banco, enquanto o argentino Conca dá show, com a 11.

Para disputar a Libertadores da América de 2010, o Corinthians investiu pesado. Contratou vários jogadores, vários camisas 10, por onde jogaram. Tcheco, Danilo, Iarley e Defederico chegaram a figurar uma reportagem exibida na TV, na qual todos diziam querer  a camisa que Rivelino usava no Timão. Agora, estamos no segundo semestre e Bruno César é o 10 incontestável do Corinthians, após chegar de um ótimo Paulistão pelo humilde Santo André.

Paulo Baier é o dono da camisa 10 e do Atlético-PR. O experiente jogador já jogou na lateral, com a 2, mas hoje é peça fundamental no quinto colocado do Brasileirão. Grêmio e Vasco vivem bom momento e lutam para subir na tabela, como o Furacão e contam com seus 10s, Douglas e Zé Roberto, respectivamente.

O 10 do Palmeiras é o chileno Valdívia, recentemente repatriado que volta a mostrar um futebol melhor do que quando chegou, mas ainda longe de quando saiu, em 2008. Já no Santos, o incontestável dono da 10 está fora do time até o final do ano. Paulo Henrique Ganso tende, também, a ser o 10 de Mano Menezes, na Seleção Brasileira.

No São Paulo, Hernanes saiu do time após a eliminação da Libertadores e deixou a camisa já usada por Raí sem dono. Vejamos a possível escalação do Tricolor para enfrentar o Vitória no domingo, segundo a ESPN: Rogério Ceni (1); Jean (2), Alex Silva (3), Miranda (5) e Diogo (34); Rodrigo Souto (18), Casemiro (29), Marlos (16) e Lucas (37); Fernandinho (12) e Dagoberto (25). Ricardo Oliveira (99) e Fernandão (15) estão fora do time. O São Paulo não tem camisa 10, nem 9 e nem 11.

O Tricolor é um dos times que adota numeração fixa no Brasileirão (Palmeiras e Corinthians são outros exemplos). No entanto, alguns são contra o ato, apelidado de ”NFLização” do futebol brasileiro, devido aos números altos nas camisas dos jogadores. O ataque do Botafogo, por exemplo, é formado por Loco Abreu (13) e Herrera (17). Maicosuel, o armador, usava a 7, antes de se machucar e ficar de fora do resto da temporada. No Palmeiras, Kleber (30) e Ewerthon (88) formam a dupla de frente.

Qual é o problema com a camisa 10? Nos times que a tem, com exceção do Fluminense, o 10 é, sim, o craque do time. E nos times que não tem? Será que os jogadores têm medo de usar a 10, por causa de toda a lenda e mística criada em cima dela? Quem não quer ser um craque?

É claro, camisa 10 não ganha jogo, mas ajuda. Pelé e Maradona que o digam.